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Poeira de asteroides pode ter causado explosão de vida há 466 milhões de anos


Representação artística de uma colisão de asteroides no espaço. Crédito: Don Davis/Southwest Research Institute

Impactos no cinturão de asteroides pode ter inundado a Terra com poeira cósmica e estimulado o surgimento de novas espécies

Considere a possibilidade de um asteroide ter transformado o cenário de vida na Terra. Mas não pense no impacto destruidor que extinguiu os dinossauros — estamos, na verdade, falando de um período 400 milhões de anos antes.

Naquela época, a vida ainda se concentrava principalmente nos oceanos, e a espinha dorsal era a mais recente novidade anatômica. Mas, diferentemente do asteroide que matou os dinossauros há 66 milhões de anos, essa nova rocha espacial sobre a qual falamos nunca chegou a colidir com a Terra. Em vez disso, uma colisão no cinturão de asteroides inundou o Sistema Solar com tanta poeira que, juntamente com algumas outras mudanças na época, permitiu que a vida na Terra prosperasse — é o que sugere uma nova pesquisa.

“Os eventos mais importantes na história da vida acontecem assim”, diz Rebecca Freeman, paleontóloga da Universidade de Kentucky especializada neste período, que não participou da nova pesquisa. “Há um conjunto muito único de circunstâncias que trabalham em conjunto. Um evento muito dramático pode parecer consequência de uma causa dramática específica. Mas, na realidade, há um sistema mais complexo em jogo”, explica.

O evento dramático que os cientistas querem explicar é uma onda de surgimento de novas espécies. Essa explosão de vida, que os paleontologistas chamam de Grande Evento de Biodiversificação do Ordoviciano (GOBE), ocorreu nos oceanos, que eram habitados principalmente por criaturas sem espinha dorsal. “Era um mundo dominado por organismos marinhos invertebrados”, diz Freeman. “Provavelmente, o principal predador dessa época teria sido um cefalópode”, possivelmente um parente ancestral do nautilus moderno, com sua concha em espiral.

Mas quando Birger Schmitz, geólogo da Universidade de Lund, na Suécia, foi à procura de rochas que datam de 466 milhões de anos, ele não esperava encontrar fósseis de nautilus; ele estava procurando por meteoritos fossilizados. Nas últimas duas décadas, ele e seus colegas encontraram dezenas desses meteoritos fossilizados em uma pedreira sueca de calcário. Cada um deles traz um marcador de data químico indicando que foram aquecidos há cerca de 470 milhões de anos, e, há algum tempo, cientistas acreditam que pode ter havido uma colisão massiva de asteroides nessa época.

“Por 25 anos, tive a sensação de que isso afetou a Terra de alguma forma, em particular na questão da vida”, diz Schmitz. “Senti que tinha que haver algum tipo de conexão.” Então ele e sua equipe analisaram a rocha. No artigo, os pesquisadores se basearam em duas linhas principais de evidências: uma forma especial do elemento hélio e um mineral transportado para a Terra por meteoritos.

Eles queriam algo mais difícil de encontrar do que meteoritos fossilizados: os micrometeoritos, que, como seus irmãos maiores, carregam cromito mineral. “Há muito mais micrometeoritos caindo na Terra do que meteoritos grandes, então concebi uma das ideias mais loucas que já tive”, diz Schmitz. “Não era tão louco assim, mas na época parecia.”

Isso significava que a equipe tinha que assumir uma postura bastante destrutiva. “Como achar uma agulha no palheiro?”, diz Schmitz. “É bem fácil: você queima o palheiro. E é isso que fazemos.” Quando o palheiro é na verdade calcário, queimar significa despejar os 1.300 kg de rocha em ácido clorídrico para corroê-la, deixando para trás os grãos de cromita. “Eles sobrevivem a tudo”, diz ele sobre os cromitos. “Eles sobrevivem 500 milhões de anos no sedimento; e eles sobrevivem a todo o nosso tratamento ácido.”

Os níveis dos grãos de cromita e do hélio exótico dispararam nesse período — mas não exatamente ao mesmo tempo. Primeiro, a rocha mostra um lento aumento no cromito extraterrestre, que durou entre dois e quatro milhões de anos. Um subconjunto desse trecho mostra um aumento acentuado nos grãos de uma categoria específica de meteoritos, e outro subconjunto coincide com a chegada dos meteoritos fossilizados, revelados em uma pesquisa anterior de Schmitz. Outra linha do tempo ligeiramente distorcida mostra a chegada do tipo extraterrestre de hélio.

Para Schmitz, todos esses fatores se unem para sugerir que uma colisão imensa e distante de asteroides de fato afetou a vida na Terra. A equipe sugere que esse rompimento — de um asteroide de quase 150 quilômetros de comprimento — encheu o Sistema Solar interno de meteoritos e poeira de asteroides. Pedaços maiores teriam se espalhado do local da colisão mais rapidamente do que pedaços menores.

A equipe propôs três maneiras pelas quais tantos fragmentos de asteroides poderiam afetar a Terra, esfriando o planeta. Talvez as partículas que atingiram a Terra tenham transportado ferro suficiente para o oceano para que a vida das plantas pudesse florescer dramaticamente, banqueteando-se com dióxido de carbono e retirando-o da atmosfera — o inverso das condições atuais. Ou talvez as partículas que se espalharam pelo Sistema Solar tenham impedido a luz solar de atingir a Terra.

A terceira possibilidade que a equipe propõe é que essa poeira cósmica presa na atmosfera da Terra possa ter refletido a luz solar para longe da Terra. Esse é o mais plausível dos três cenários, de acordo com John Plane, químico atmosférico da Universidade de Leeds, no Reino Unido, que estuda poeira cósmica em atmosferas planetárias e que executou modelos de impacto do aumento dos níveis de poeira no clima.

Os níveis propostos na nova pesquisa são cerca de mil vezes superiores aos níveis atuais de poeira cósmica na atmosfera da Terra, que já causam alguns fenômenos sutis em nosso planeta hoje, diz Plane. “Mas, obviamente, se você aumentar [os níveis] em mil vezes, não há dúvida de que poderia haver todos os efeitos sobre os quais eles falam.”

No geral, Plane achou a pesquisa intrigante. “Eles fizeram o que eu consideraria um cenário bastante convincente, que agora precisa ser investigado com muito mais detalhe”, analisa ele. “Eu acho que é um trabalho muito bom.”

Mas o estudo não credita toda a onda de diversificação aos pedaços de asteroide. Isso é bom, diz Freeman, porque muitos outros fatores teriam desempenhado algum papel, como os padrões de circulação oceânica e aumento do nível do mar. Um fator particularmente importante é como porções de terra e o oceano estavam espalhados pela superfície do planeta naquela época, com pequenos continentes se estendendo do equador ao Polo Sul, oferecendo muitos nichos diferentes para as espécies se adaptarem, diz ela.

“Os continentes se movimentam muito devagar, e uma das coisas importantes para criar essas espécies é o isolamento das populações”, diz Freeman. “Você pode encontrar maneiras de vincular essa suposta ideia de poeira espacial vinda de explosão de asteroides a muitas coisas diferentes; mas uma coisa que você realmente não consegue atribuir aos asteroides é a localização dos continentes na época. “

O famoso cenário dos dinossauros levou os paleontólogos a suspeitar de asteroides como os responsáveis por outros eventos, diz ela. (Embora alguns cientistas pensem que outros fatores também tiveram algum papel, ainda existe uma conexão bem clara entre o impacto do asteroide e a extinção em massa dos dinossauros.) “Isso deixou todo mundo em um frenesi de tentar culpar os meteoritos por tudo”, disse Freeman. “Enquanto comunidade científica, talvez tenhamos deixado de querer atribuir tudo do espaço sideral, mas, nesse caso, os pesquisadores têm uma ótima base de dados.”

A partir dessa documentação, Schmitz está disposto até a descrever como seria o cenário caso algum viajante do tempo decidisse visitar os famosos nautilus da época.

“Haveria muito mais meteoritos e faixas de luz”, diz. “Você poderia ficar fazendo diversos desejos às estrelas cadentes, porque haveria muitas dessas faixas de luz do céu com toda essa poeira entrando.”

O estudo foi publicado em 18 de setembro na revista Science Advances.

Meghan Bartels

Originalmente publicado em SPACE.com

FONTE: Scientific American Brasil

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