HUBBLE MOSTRA EXPLOSÃO DA CONSTELAÇÃO ETA CARINAE (FOTO: NASA, ESA, N. SMITH (UNIVERSIDADE DO ARIZONA, TUCSON), E J. MORSE (BOLDLYGO INSTITUTE, NOVA YORK))
Imagem divulgada pela NASA mostra explosão em câmera lenta da constelação Eta Carinae
Há cerca de dois séculos, um sistema de duas estrelas localizado na constelação Eta Carinae, a 7,5 mil anos-luz da Terra, vem criando uma espécie de fogo de artifício em câmera lenta. Pelo menos é esse o efeito visual da constelação, que em 1838 entrou numa explosão chamada Grande Erupção.
Seis anos depois, ela cresceu e se tornou a segunda estrela mais brilhante no céu. De lá pra cá, ela perdeu um pouco do brilho, mas uma imagem feita pelo telescópio Hubble, e divulgada nesta segunda (1º de julho), mostra que o efeito continua e traz detalhes até então nunca vistos do sistema.
Explosões violentas de massa não são novidade na Eta Carinae, mas a Grande Erupção foi especialmente dramática. A maior das duas estrelas que formam o sistema é um corpo celeste próximo ao fim da vida, então o que os astrônomos têm observado no último século e meio é, na realidade, uma experiência estelar de quase-morte.
O resultado do fenômeno é um brilho extremo, que só foi superado pela estrela Sirius (mais próxima da Terra e, portanto, mais visível), e durante muito tempo a Eta Cariane foi importante referência para navegações. Ainda que menos brilhante, a constelação e seu arredor mostram, ainda hoje, sinais da Grande Erupção: sua grande forma de haltere é feita de poeira e gás e outros filamentos que foram lançados no espaço na explosão.
Essas nuvens são conhecidas como Homunculus Nebula e têm sido objeto de estudo do Hubble desde o seu lançamento, em 1990. A nova imagem foi criada usando a câmera Wide Field 3 do telescópio para mostrar gás quente de magnésio brilhando em raios ultravioleta (que aparecem em azul).
IMAGEM TRIDIMENSIONAL DA ETA CARINAE (FOTO: JON MORSE (UNIVERSIDADE DO COLORADO), KRIS DAVIDSON (UNIVERSIDADE DE MINNESOTA), E NASA/ESA)
Há tempos se sabe que o material expelido na Grande Erupção foi aquecido por ondas de choque geradas quando elas se chocaram com outros materiais. A equipe da NASA que fez a nova imagem esperava registrar luz do magnésio vinda dos complexos filamentos — vistos dentro da região brilhante de nitrogênio, que aparecem em vermelho. Mas o que eles encontraram foi uma estrutura própria de luz de magnésio, localizada entre a forma de haltere e a área externa, com os filamentos ricos em nitrogênio.
“Descobrimos uma grande quantidade de gás quente que foi ejetado na Grande Erupção, mas ainda não colidiu com os outros materiais em torno da Eta Carinae”, explicou, em comunicado, Nathan Smith, do Observatório Steward, da Universidade do Arizona, que liderou as observações do Hubble. “A maior parte da emissão está localizada onde esperávamos encontrar uma cavidade vazia. Esse material extra é rápido, e supera a expectativa do que já era uma explosão estelar bastante potente.”
Outra característica que chama a atenção são as faixas vistas na região azul, em volta das estrelas. São raios ultravioleta passando por densa poeira e deixando um rastro. “O padrão de luz e sombra lembra raios de Sol que vemos na nossa atmosfera quando a luz solar passa pelo extremo de uma nuvem, ainda que o mecanismo físico criado na Eta Carinae seja diferente”, disse Jon Morse, do Instituto BoldlyGo, de Nova York.
As novas informações ajudam a entender como a explosão começou, mas suas causas ainda são motivo de debate. Uma das teorias diz que, originalmente, o sistema continha três estrelas, e a erupção começou quando uma passou a devorar a outra.
FONTE: REVISTA GALILEU
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