Por: Maddie Stone
A batalha para decidir o local do Telescópio de Trinta Metros (TMT) passou por um grande avanço esta semana, quando a Diretoria de Propriedade e Recursos Naturais do Havaí emitiu a permissão para iniciar a construção do telescópio no vulcão adormecido Mauna Kea, no Havaí. Mas uma coligação que se opõe ao telescópio, liderada por ativistas nativos do estado, considera o topo da montanha um local sagrado, e prometem continuar lutando contra a decisão.
O TMT, um telescópio de próxima geração que estudará distantes cantos do universo com uma resolução mais de dez vezes maior que a presente no Telescópio Espacial Hubble, está no centro dessa convoluta discussão há alguns anos. Astrônomos querem construir o telescópio sobre o Mauna Kea, cujo cume oferece a mais nítida visão do cosmos no hemisfério norte. Muitos havaianos apoiam a construção com base nas oportunidades educacionais e econômicas que o telescópio traria para o estado.
Mas a montanha, que já abriga 13 observatórios, possui importância religiosa e cultural aos havaianos nativos. Alguns deles consideram a instalação de outro observatório – especialmente um de 30 metros de altura como o TMT – um sacrilégio de um terreno sagrado. O mal estar sobre o TMT é agravado pela longa história de colonialismo dos havaianos, incluindo décadas de desenvolvimento astronômico sobre a montanha Mauna Kea.
A controversa batalha atingiu o limite em 2015, quando manifestantes bloquearam equipes de construção de seguir para o topo da montanha para iniciar o nivelamento do terreno para iniciar a obra do TMT. A construção foi paralisada enquanto o grupo contrário à instalação do telescópio, liderada por nativos, ganhava reconhecimento, apoio internacional e organizava uma ação jurídica. Em dezembro de 2015, o Superior Tribunal do Havaí extinguiu a licença para construir o telescópio por ter violado o procedimento adequado – a licença foi emitida antes de dar aos oponentes tempo para registrar suas reclamações em uma corte oficial.
O caso foi ouvido no final do ano passado. Incerto sobre seu futuro no Havaí, a diretoria do TMT assegurou a construção do telescópio nas Ilhas Canárias, na Espanha, como uma medida paleativa. Mas em julho, o juiz Riki May Amano recomendou a Diretoria de Propriedade e Recursos Naturais do Havaí que permitisse a construção do TMT, de acordo com o Hawaii News Now. E nesta semana, por 5 a 2, a diretoria decidiu emitir uma nova licença para a construção.
“Essa foi uma das decisões mais difíceis que esta diretoria já tomou”, disse Suzanne Case, presidente da Diretoria de Propriedade e Recursos Naturais do Havaí, em uma nota. A nova licença inclui restritas diretrizes ambientais para o telescópio, além de treinamento obrigatório sobre recursos naturais e culturais para os empregados, segundo o Nature News.
“Fomos grandiosamente encorajados pela Diretoria de Propriedade e Recursos Naturais do Havaí”, disse a diretoria do TMT em um comunicado. “Adiante, iremos respeitosamente ouvir a comunidade para concluir uma visão compartilhada do Mauna Kea como um centro para a cultura havaiana, educação e ciência”.
Apesar da decisão, oponentes do projeto não se tranquilizaram. “Para os havaianos, tenho uma mensagem: este é o momento para nossa ascensão”, disse o líder do protesto, Kahookahi Kanuha, de acordo com uma reportagem da Associated Press. “É o momento para tomarmos de volta tudo o que sabemos que é nosso. Tudo o que foi ilegalmente tomado de nós”.
Não é claro como o protesto contra o TMT seguirá, apesar que a Nature relata que os oponentes estão registrando moções para paralisar a licença e então apelarem juridicamente contra ela.
Os observatórios da montanha Mauna Kea são grande parte da economia havaiana, gerando cerca de U$ 60 milhões em rendimentos e impostos em 2012. Como um dos observatórios líderes da próxima década, é esperado que o TMT traga mais dinheiro e empregos ao estado, atraindo astrônomos de primeiro mundo à Universidade do Havaí, e criando oportunidades de educação. O telescópio já pagou U$ 3.5 milhões a o fundo de educação STEM da ilha, de acordo com a Associated Press.
Nem todos os havaianos nativos se opõem a construção no Mauna Kea. Lincoln Ashida, advogado do grupo Perpetuando Oportunidades de Educação Únicas, a favor do telescópio, disse a diretoria do Havaí que o projeto “aumentaria as oportunidades para crianças, que resultaria em famílias mais fortes e trariam mais benefícios a comunidade”.
Imagem de topo: Observatórios sobre o Mauna Kea. Imagem: Alan L/Flickr
[Associated Press via Washington Post, Nature News]
FONTE: GIZMODO BRASIL
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