Segundo o artigo, a Zelândia seria maior que a Índia e equivalente a quase dois terços da Austrália (Istock/Getty Images)
A Zelândia é um fragmento continental localizado no Oceano Pacífico, da qual a Nova Zelândia faz parte. Ela é um pedaço de crosta continental que se desprendeu dos demais continentes no seu processo de fragmentação, há 200 milhões de anos, considerado pequeno demais para ser um deles. Mas, cientistas em um manifesto publicado na última edição do GSA Today, periódico científico da Sociedade Geológica dos Estados Unidos, discordam dessa classificação. Segundo o artigo opinativo, “sua separação da Austrália e grande área sustentam sua definição como continente” e não como um fragmento.
Com 4,9 milhões de quilômetros quadrados e, segundo os autores, todas as características de um continente, Zelândia deve ser considerada como tal, e não como um pedaço de crosta. Se levada em conta a divisão que mistura critérios geológicos e socioculturais que estabelece sete continentes – Américas do Norte e Sul, Europa, Ásia, África, Oceania e Antártida – a Zelândia seria o oitavo deles.
A Zelândia fazia parte do supercontinente Gondwana que, junto a Laurásia, agrupava toda a massa terrestre. Há cerca de 200 milhões de anos, ambas se fragmentaram e deram origem aos continentes atuais. Gondwana se dividiu em dois blocos que geraram posteriormente Antártica, Índia, Madagascar, Austrália, América do Sul e África. Já a Laurásia dividiu-se para formar os continentes do Hemisfério Norte.
De acordo com o artigo, a área da Zelândia seria maior que a Índia e equivalente a quase dois terços da Austrália. E, para os geólogos, que pertencem em sua maioria ao centro nacional de investigação científica da Nova Zelândia (GNS), ela seria grande o suficiente para ser considerada um continente. Além disso, segundo dados de satélite e expedições geológicas marinhas recentes, a região teria a elevação, geologia, largura e propriedades físicas próprias de um continente. Ela não é só mais elevada, como também mais espessa em relação ao fundo da bacia oceânica em seu entorno. De acordo com os cientistas, a extensão ainda apresenta uma crosta continental com contorno bem definido, com aproximadamente 94% de seu território abaixo do nível do mar.
“A Zelândia é um exemplo de como coisas grandes e óbvias nas ciências naturais podem ser negligenciadas”, escreveram os geólogos. Se aceita, a Zelândia seria o sétimo maior continente geológico, mas, o mais novo, estreito e submergido.
Segundo os autores, o valor científico de reclassificar a Zelândia ultrapassa o fato de acrescentar um nome a uma lista de continentes. “O fato dela conseguir estar tão submersa sem se fragmentar faz disso algo útil a ser explorado”, ressaltaram. As novas evidências geológicas citadas pelo artigo trazem novos recursos para se compreender a configuração atual da Terra.
Desde 1906 se sabe da existência de regiões mais elevadas no Oceano Pacífico, ao norte e ao sul da Nova Zelândia. Mas a ideia de continente só foi adotada em 1995, pelo geofísico americano Bruce Luyendyk. Apesar da precisão dos estudos ter aumentado nas últimas décadas, a confirmação ainda depende da comunidade científica, que não compreende a Zelândia como um continente. O artigo, no entanto, é um grande passo nessa direção.
Continente perdido
Nas últimas semanas, pesquisadores da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, afirmam ter encontrado indícios da existência de Mauritia, um continente submerso no Oceano Índico que teria desaparecido há 200 milhões de anos. No Brasil, cientistas brasileiros e japoneses encontraram rochas continentais na Elevação do Rio Grande, região há 1.500 quilômetros do litoral do Sudeste do país, em 2013. Eles sugeriram que a área pode ser um pedaço da América Latina que ficou para trás com a divisão dos continentes.
FONTE: REVISTA VEJA
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