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A filha de Galileu

Virgínia, ou soror Maria Celeste.

Por Alessandro Soares

A correspondência de Virginia Galilei (1600-1634), ou sóror (freira) Maria Celeste, para seu pai Galileu Galilei (1564-1642), inventor do telescópio e da ciência experimental moderna, são o mote de A Filha de Galileu (Companhia das Letras, 385 págs., R$ 31,50), da escritora Dava Sobel. Esta curiosa união entre ciência e fé aparece no livro mais do que teorias astronômicas.
A autora descreve as impressões desta relação pai e filha, apoiadas ainda nas cartas de Galileu, natural de Pisa, na Itália, para amigos e colegas. Sua filha vivia desde os 16 anos na clausura do convento das clarissas de San Matteo, região da Toscana. Por Maria, sabemos que Galileu adorava os doces de cidra que fazia. Que as roupas que ele usava e que aparecem nas pinturas que o retratam foram feitas por ela, incluindo o avental de couro, usado em casa para cuidar de sua horta e vinhas. Descobrimos até sua predileção pelas laranjas, fruta que ele adorava.

O drama das seguidas doenças de Galileu, suas descobertas com o telescópio (manchas solares, satélites de Júpiter), as críticas que recebia, a peste bubônica de 1630, e a condenação do pai em 1633 são narrados pela filha em 124 cartas resgatadas. Infelizmente, as cartas de Galileu ficaram perdidas (supostamente queimadas pela abadessa do convento).

Maria Celeste acompanha com temor o famoso embate entre ciência e religião, que condenou Galileu a abjurar de sua afirmação de que a Terra gira em torno do Sol imóvel, contrariando a Bíblia, em 22 de junho de 1633, em Roma, no Tribunal do Santo Ofício. Essa teoria, o heliocentrismo, publicada por Nicolau Copérnico (1473-1543) no ano de sua morte, foi reforçada com as descobertas de Galileu e descritas metaforicamente em seu livro Diálogos sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo: o Ptolemaico e o Copernicano, causa de sua condenação. Galileu teria dito, em voz baixa, após ler sua abjuração "Epuur si muove" (E, no entanto, se move). Nada existe a favor nem contra esta afirmação. Galileu teve ainda de fazer silêncio sobre suas teorias, viver até a morte em prisão domiciliar em Ascerti, Toscana, e recitar salmos penitenciais toda semana.

Maria Celeste (ela adotou esse nome quando fez votos, reconhecendo o fascínio do pai em olhar para o céu, e não para o Céu) vivia uma situação difícil sendo noiva de Cristo e tendo como pai um potencial inimigo da Igreja Católica desde Martinho Lutero (1483-1546). Mas aprovava o empenho do pai. Outra filha de Galileu, Lívia, também vivia no mesmo convento como sóror Arcângela; seu filho Vicenzio formou-se em Direito em Pisa. Mas somente com Maria Celeste ele manteve uma correspondência regular. Ela morreu de desidratação.

Galileu continuou católico. Em carta à Gra-Duquesa Cristina de Lorena, uma de suas críticas, argumentou: "Descobri nos céus várias coisas que não haviam sido vistas antes de nosso tempo. A novidade desses achados, assim como as conseqüências que deles decorriam em contradição com as noções físicas comumente defendidas pelos filósofos acadêmicos, acirrou contra mim um número não pequeno de professores - como se eu tivesse posto essas coisas no céu com minhas próprias mãos com a finalidade de conturbar a Natureza e subverter as ciências". Galileu experimentava o mesmo drama de Cristóvão Colombo (1451-1506): provocar uma grande mudança de paradigma que abala o establishment.

FONTE: http://www.dgabc.com.br/

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