Nós ainda não somos capazes de construir robôs humanóides indistinguíveis dos humanos biológicos, mas isso não quer dizer que não estamos tentando. Aqui vão dez robôs de verdade que estão nos ajudando a alcançar esse marco futurista.
Para criar o robô humanóide “perfeito”, uma máquina que precisa apresentar três qualidades fundamentais: precisa parecer, se mover e agir como um humano. Não existe um único robô existente que alcança essas três características, e ainda estamos décadas de distância de alcançar esse ponto nos androides.
Posto isso, existem robôs que desempenham ou demonstram um ou dois desses critérios muito bem. Eventualmente, os roboticistas vão juntar suas experiências, produzindo a primeira geração de robôs humanoides super realistas. Aqui estão dez que estão nos deixando cada vez mais próximos desse objetivo.
PETMAN
Desenvolvido pela Boston Dynamics (com, ahm, uma pequena ajuda do Departamento de Defesa dos EUA), esse robô humanoide absurdamente realista está sendo usado para testar o desempenho das roupas de proteção. Sensores na pele artificial de PETMAN podem detectar quaisquer substâncias químicas que estejam vazando da roupa, e sua pele de alta tecnologia simula a fisiologia humana dentro da roupa ao produzir suor e regular a temperatura.
Essa roupa eventualmente vai ser usada por trabalhadores de resgate humanos, então o PETMAN está sendo usado em simulações de condições reais, e extremas. Diferente das versões anteriores do PETMAN, esse modelo novo e melhorado pode se equilibrar sozinho e se movimentar livremente, desempenhando tarefas como andar, se curvar e tudo mais que um trabalhador de resgate ou soldado precise. O PETMAN é realmente maneiro, e super realista, mas também é incrivelmente assustador.
Junko Chihira
Descrito como um androide trilingue, Junko Chihira atualmente está sendo desenvolvido pela Toshiba. Diferente do PETMAN e muitos outros robôs da lista, ela não é o androide mais ágil do mundo, mas ela tem capacidades de interação impressionantes, junto com a habilidade de fazer expressões faciais próximas às humanas. Ela atualmente está residindo em um centro de informação para turistas à beira mar em Tóqui, onde ela se apresenta para visitantes em japonês, inglês e chinês.
Junko Chihira incorpora a tecnología de síntese de fala da Toshiba, o que permite suas habilidades trilíngues. Seus desenvolvedores gostariam de dar tecnologia de reconhecimento de fala para ela ainda esse ano, a permitindo responder às perguntas dos turistas. Atualmente, a única forma de interagir com ela é através de um teclado.
O robô bípede SCHAFT
Fazer robôs andarem de maneira firme e confiante em dois pés tem sido um desafio imenso para os pesquisadores. Um robô bípede chamado SCHAFT mostra que para algumas tarefas, um torso não é necessário. Esse firme e robusto robô já está executando algum trabalho significativo, mas também pode eventualmente levar a robôs humanoides mais ágeis.
A última criação bípede SCHAFT. (Frame de: YouTube/mehdi_san)
Não se sabe muito sobre a SCHAFT, uma startup robótica japonesa que foi adquirida pelo Google em 2014 e agora é parte do laboratório de tecnologia experimental da companhia. Depois de um hiato de três anos, a SCHAFT apresentou esse incomum robô bípede sem nome na NEST 2016 em Tóquio.
A máquina foi desenhada como um dispositivo de baixo custo e baixo uso de energia para “ajudar a sociedade”. Parece vago, mas esse robô consegue carregar 60 Kg, viajar em terreno irregular e lidar com escadas difíceis, um desafio e tanto para robôs. Se essa máquina consegue ou não desempenhar essas tarefas com um torso e uma cabeça, ainda não sabemos, mas como esse robô demonstra, algumas tarefas não precisam de certas partes do corpo.
Erica e Geminoid DK
Erica é a criação de Hiroshi Ishiguro, diretor do Intelligent Robotics Laboratory da Universidade de Osaka no Japão. Ishiguro é famoso por seus robôs humanoides super realistas (incluindo sua cópia Geminoid HI-4), mas Erica, além de parecer muito com um humano, foi projetada para interagir naturalmente com seus companheiros humanos ao integrar uma série de habilidades, como reconhecimento de voz, rastreamento humano e geração de movimento natural.
Dotada de 19 graus de liberdade (um grau de liberdade é um único movimento físico, como virar o pescolo ou levantar um braço), Erica pode mover seu rosto, pescoço, ombros e cintura. Ela fala através de voz sintetizada e pode fazer diversas expressões faciais e gestos.
Geminoid DK é outro robô projetado por Ishiguro e é um esforço de conquistar a aparência humana. Introduzido em 2011, o robô foi construído para parecer com o roboticista Henrik Scharfe da Universidade de Aalborg na Dinamarca. O Geminoid DK custou U$200.000 e dá pra ver por que. Ao observar o Geminoid DK pela primeira vez, levou um tempo até eu perceber que estava olhando para um rosto robótico. O robô hiper realista está sendo usado para estudar nossas respostas emocionais depois de ver um androide que parece muito com uma pessoa de verdade.
ATLAS Unplugged
Votado como o robô mais propenso a destruir a humanidade, essa essa máquina financiada pela DARPA recentemente passou por um grande upgrade no qual foi reconstruído em 75 por cento. Chamado ATLAS Unplugged, é mais eficiente energeticamente, mais forte (ops), mais hábil e mais silencioso que seu desajeitado antecessor (você não vai ouvir ele chegando no apocalipse robô). E melhor e mais assustador ainda, ele não precisa daquela coleira de segurança mais.
O robô de 1,88 metros e 156 quilos agora está equipado com uma nova bateria (que fica nas suas costas), o permitindo ter energia integrada e maior eficiência. ATLAS Unplugged tem três computadores de percepção que usa para perceber o mundo a sua volta e planejar as tarefas. Um roteador sem fio em sua cabeça permite que ele se comunique sem cabos. Felizmente ele também tem uma chave de desligar, se esse monstro sair agindo sozinho.
Eventualmente uma versão futura do ATLAS pode ser usada como uma mão amiga em batalhas, ou como trabalhador de resgate em situações perigosas. Um dia, quando uma mão humana robótica realmente futurista finalmente for construída, nós olharemos para o ATLAS como um importante passo nessa direção.
Nadine
Desenvolvido por pesquisadores da Nanyang Technological University em Singapura, Nadine é um robô social que integra inteligência artificial com feições físicas super realistas, resultando em um efeito dramático. Nadine usa gestos naturais das mãos e movimentos de cabeça durante a conversa, e sua boca se move quando ela fala (embora não tão bem). Ela é um ótimo exemplo de como a inteligência artificial e a robótica vão convergir para criar algo distintivamente parecido com os humanos.
Modelada com base na diretora do departamento Nadia Magnenat Thalmann, Nadine sorri quando cumprimentada e olha as pessoas nos olhos durante as conversas Incrivelmente, ela usa software de reconhecimento facial para lembrar de pessoas que ela conheceu e pode até se lembrar de conversas anteriores.
Nadine pode ficar feliz ou triste, dependendo do que estiver sendo dito, e expressar sua própria personalidade e emoções. Nadine roda usando um software parecido com a Siri da Apple ou a Cortana da Microsoft, e ela pode eventualmente ser usada como um assistente pessoal em ambientes domésticos ou de escritório.
REEM-C
REEM-C é um protótipo de robô humanoide desenvolvido pela espanhola PAL Robotics. Medindo 1,65 metros e pesando 80 quilos, seu formato é livremente baseado em proporções humanas, mas é cheio de surpresas.
A cabeça do REEM-C é capaz de dois graus de liberdade, e está equipada com uma câmera estéreo, LEDs para representar sua boca e alto-falantes para falar. Seus braços, com sete graus de liberdade, o permitem levantar 10 quilos acima da cabeça. Suas mãos humanoides tem três graus de liberdade, e estão equipadas com sensores de pressão para a percepção tátil. As pernas de seis graus de liberdade do REEM-C conseguem fazer ele andar a 1,5 quilômetros por hora. No total, esse robô tem vinte e dois graus de liberdade, o que é impressionante para qualquer robô.
Para seu processamento, o REEM-C tem dois computadores i7 rodando software Ubuntu. Os sensores do robô ajudam ele a navegar pelo ambiente, desviando de obstáculos e pessoas. Seu projetista pensou nele como um robô doméstico, além de muitas outras aplicações, incluindo guia turístico, animador ou segurança. O REEM-C ainda está na fase de protótipo, e ainda é um pouco desajeitado, mas ele apresenta um amplo leque de habilidades.
Romeo
Romeo. Imagem: Aldebaran Robotics
Romeo, um robô humanoide de 140 centímetros, foi projetado pela Aldebaran Robotics da França para ajudar indivíduos, como os idosos, que perderam sua autonomia física. O tamanho do Romeo e suas capacidades físicas o permite abrir portas, subir escadas e alcançar objetos na mesa. Seus desenvolvedores esperam que ele possa eventualmente carregar objetos, incluindo pessoas.
O projeto Romeo atualmente inclui cinco instituições, 13 laboratórios de robótica e 80 engenheiros e pesquisadores. Romeo não é o robô mais realista dessa lista, mas seus movimentos físicos são dos melhores, mesmo que um pouco estranhos. A forma como ele move seus braços e fecha suas mãos é quase perfeita, dando a impressão que tem uma criança lá dentro controlando os movimentos.
OceanOne
Esse androide aquático é um dos robôs mais inovadores que nós vimos em um tempo, capaz de nadar a profundidades que tradicionalmente estão fora dos limites para os mergulhadores humanos.
Desenvolvido no Laboratório de Inteligência Artificial da Universidade de Stanford, o OceanOne é equipado com mãos sensíveis que dão retorno tátil para os controles do navegador, permitindo uma sensação de toque compartilhada. O robô foi projetado para estudar recifes de coral no Mar Vermelho, onde veículos submarinos autônomos convencionais tem o risco de danificar as delicadas estruturas no solo marinho. Por ele parecer um humano, e por ser controlado por movimentos humanos de fato, ele pode analisar os corais com muito cuidado e delicadeza.
Imagem: Osada/Seguin/DRASSM
Mas o OceanOne pode fazer mais do que investigar os corais. Durante sua primeira missão, o robô nadou atrás do tesouro de um navio naufragado na costa da França, e trabalhou a uma profundidade de 100 metros. Ele conseguiu resgatar um vaso de 15 cm de diametro e o trazer para o navio. O OceanOne não tem a parte de baixo do corpo, mas robôs como esse podem nos ajudar a integrar as características e movimentos humanos em outros robôs. Equipado com inteligência artificial e as habilidades físicas necessárias, as versões futuras serão capazes de agir com a intervenção humana.
ASIMO
Por último mas não menos importante, temos o ASIMO, o icônico robô humanoide da Honda. O ASIMO vai fazer 17 anos de idade esse ano, mas esse androide adolescente tem muito a seu favor, graças a um constante fluxo de melhoras.
ASIMO é mais leve e um pouco menor que seus antecessores, permitindo que ele se mova com maior graça e agilidade. O robô consegue pegar uma garrafa de suco, abrir sua tampa, pegar um copo com a outra mão, servir o suco, e cuidadosamente colocar os dois de volta na mesa. Para fazer com que isso seja possível, a Honda equipou o ASIMO com sensores em suas mãos que permitem que ele saiba que está segurando algo, e saiba quanto ela pesa. Com a Honda por trás de seu desenvolvimento, o ASIMO continua a ser um dos robôs mais tecnologicamente avançados do planeta.
Menção honrosa: DRC-HUBO
Desenvolvido pelo Team KAIST da Coréia do Sul, esse robô foi capaz de vencer o Desafio Robótico DARPA de 2015 em Pomona, Califórnia. DRC-HUBO conseguiu vencer outros 22 robôs, vencendo o grande prêmio de U$ 2 milhões, mas sua habilidade meio “transformer” foi, na nossa opinião, uma espécie de trapaça, e não muito humanoide.
Nós excluimos o DRC-HUBO da nossa lista, por mais impressionante que ele seja, porque uma porção significativa do seu sucesso vem do fato que ele consegue se mover de maneiras bem inumanas. Especificamente ele é equipado com três rodas em seus joelhos, o permitindo ignora muitos dos desafios apresentados por robôs realmente bípedes.
Durante a competição, o robô completou as oito tarefas no menor tempo, tais quais abrir uma porta ou usar uma furadeira, enquanto evitou as catastróficas quedas de seus competidores. Com seus joelhos-roda, ele não é um robô humanoide de verdade, mas ainda é uma impressionante conquista da engenharia.
Considerados juntos, é óbvio que os roboticistas estão lentamente superando as barreiras tecnológicas necessárias para construir um robô realmente humanoide. Eventualmente, será desenvolvido um robô que passa pelo chamado Teste de Turing em vários níveis, sejam eles físicos ou psicológicos. Se essas máquinas serão ou não conscientes, emotivas e auto reflexivas da mesma forma que os humanos são, já é outra questão completamente diferente.
FONTE: GIZMODO BRASIL
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