Pular para o conteúdo principal

Plutão quer voltar no tapetão


Concepção artística de Plutão e sua maior lua, Caronte, além de outras duas luas menores. Ao fundo, o Sol.

POR SALVADOR NOGUEIRA
30/09/14 05:56
Prepare-se, porque não deve ser a última vez que você ouve falar disto ao longo do próximo ano. Astrônomos americanos estão tentando trazer Plutão de volta à primeira divisão no tapetão.

O Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica, em Cambridge, Massachusetts, realizou no último dia 18 um debate público entre três astrônomos, defendendo diferentes definições para a palavra “planeta”. Ao final, os presentes tiveram a chance de votar. E “aprovaram” uma definição que efetivamente restauraria o bom nome de Plutão. Se isso não é fazer pressão sobre a União Astronômica Internacional (IAU), o órgão que tem como incumbência dizer o que cada coisa no espaço de fato é, então não sei o que seria.

Descoberto em 1930 pelo americano Clyde Tombaugh, Plutão foi considerado o nono planeta até 2006, quando a IAU estabeleceu pela primeira vez a definição do termo “planeta”. Usado desde tempos imemoriais, ele vem do grego e significa algo como “astro andarilho”. De início, era usado para classificar aqueles objetos que não acompanhavam o mesmo movimento das estrelas no céu. Numa época em que a Terra era considerada o centro do Universo, até o Sol era planeta. Depois da revolução copernicana, nos séculos 16 e 17, passou a se chamar planeta todo objeto esférico e grande em torno do Sol, mas não havia uma definição clara.

Para resolver isso de uma vez por todas, a proposta aprovada em assembleia geral pela IAU qualificou planeta como um objeto que preenche três pré-requisitos.

1. Orbitar o Sol.
2. Ser aproximadamente esférico.
3. Ter “limpado” a região de sua órbita — ou seja, ser o astro dominante em sua trajetória em torno do Sol.

Plutão passa nos dois primeiros critérios, mas falha no terceiro: ele faz parte do cinturão de Kuiper, um repositório de objetos gelados dos mais diversos tamanhos, dos pequenos pedregulhos a astros do porte do antigo nono planeta.

Como prêmio de consolação, a IAU criou a categoria dos planetas anões — uma espécie de segunda divisão planetária — e enquadrou Plutão nela. E o Sistema Solar passou a ter oficialmente apenas oito planetas: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

REABRINDO O DEBATE
Os astrônomos americanos parecem ter um apreço especial por Plutão. Não só por ter sido descoberto por um conterrâneo, mas por terem uma sonda prestes a chegar lá. A New Horizons foi lançada em 2006, alguns meses antes do rebaixamento. Quando ela partiu, portanto, ela estava efetivamente indo a caminho do nono planeta. Sua chegada está marcada para 14 de julho do ano que vem.

Não há dúvida de que a decisão da IAU foi recheada de reviravoltas. Durante a assembleia geral, realizada em Praga em 2006, uma primeira proposta de definição levava em conta apenas os critérios 1 e 2, o que efetivamente deixava o Sistema Solar com 13 planetas, e outros mais por vir.

Essa primeira tentativa chocou a maior parte dos astrônomos, que relutavam em colocar na mesma categoria qualquer objeto redondo encontrado nas profundezas do Sistema Solar, em meio a um cinturão bastante povoado, com um planeta que domina sua região do espaço de forma absoluta. Então surgiu a definição que efetivamente foi à votação e acabou aprovada.

Na “reabertura do caso” promovida pelo Centro Harvard-Smithsonian, coube a Gareth Williams, diretor associado do Centro de Planetas Menores (a divisão que cuida de asteroides e cometas na IAU), defender a definição que está em vigor.

Por sua vez, o historiador da ciência Owen Gingerich, que chefiou o comitê de definição de planeta da IAU na fatídica reunião de 2006, desta vez apresentou uma outra visão, sugerindo que a definição de planeta é cultural e simplesmente muda com o tempo. Por essa ótica, Plutão seria um planeta, por ser considerado dessa forma pela maioria das pessoas.

Por fim, Dimitar Sasselov, diretor da Inciativa Origens da Vida de Harvard, defendeu uma definição mais abrangente, segundo a qual planeta seria “o menor agregado de matéria esférico que se formou em torno de estrelas ou remanescentes estelares”. Uma vantagem dessa definição é que ela abarca os exoplanetas — aqueles que orbitam outras estrelas, que não o Sol. Em compensação, por ser abrangente, ela traria Plutão de volta à primeira divisão, assim como Ceres e alguns outros objetos já conhecidos (e outros desconhecidos) no Sistema Solar.

Sem se importar com isso, a maioria dos presentes (uma contagem tão esmagadora que nem precisou de contabilização formal) votou pelo ponto de vista de Sasselov e efetivamente clamou pela volta de Plutão.


Votação feita com o público nos EUA favoreceu Plutão de forma esmagadora

Claramente, durante o surgimento do nosso sistema planetário, dois processos distintos aconteceram. Em certas regiões, um astro dominante limpou sua órbita. Aconteceu nas órbitas de Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Já em duas outras grandes faixas — o cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter e o cinturão de Kuiper, além de Netuno — isso não aconteceu. Embora muitos objetos tenham se formado por lá, nenhum cresceu o suficiente para se tornar dominante. Parece-me justo qualificar os maiores dentre esses objetos como “planetas anões”. Eles são similares aos planetas, mas não são exatamente planetas.

Agora, precisamos também compreender que não é a categoria que atribuímos ao objeto que o torna interessante ou desinteressante. Embora não ache que Plutão mereça ser chamado de planeta, é óbvio que trata-se de um mundo fascinante e que merece toda a atenção que tem recebido da missão New Horizons. Para todos os efeitos práticos, Plutão é tão interessante quanto qualquer planeta do Sistema Solar. Mesmo que não seja um deles.

FONTE: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/

Comentários

  1. Olá, Sr. Wilson. Desculpe, é porque no meio do texto sobre Plutão há um ponto: (DICA: Você acredita na existência de vida alienígena? Clique aqui e baixe uma amostra grátis do meu novo livro, “Extraterrestres: Onde eles estão e como a ciência tenta encontrá-los”) mas não há o link para o referido ítem. Gostaria de saber se há mesmo este link, ou se o mesmo encontra-se dentro do texto por engano. Abraços e cuide-se!

    ResponderExcluir
  2. Grato pelo aviso, este texto foi retirado do site Mensageiro Sideral, mais uma vez lhe dou obrigado e desculpe pelo equivoco, forte abraço!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Uma Nova Etapa!

Passados dez anos, Ufos Wilson trocou de nome e plataforma! Agora nos chamamos Banco de Dados Ufológicos e Científicos (BDUC). Nosso conteúdo segue o mesmo, levando informações sérias com foco principal na Ufologia Científica, porém divulgando e abrangendo todas as disciplinas científicas! A seguir o link do site, compartilhem e divulguem: https://bancodedadosufologicosecientificos.wordpress.com/

Arquivo Ovni: Caso Jardinópolis

Jardinópolis esta distante 335 km da capital paulista, localizada na região de Ribeirão Preto foi palco de um acontecimento insólito na noite de 27 de dezembro de 2008, onde um grupo de adolescentes na época teriam presenciado a descida de luzes vermelhas e azuis num terreno baldio próximo de onde estavam, um dos garotos tomou uma imagem com seu celular, porém de baixa resolução. A seguir trecho extraído do blog feito por membros dos familiares dos jovens, contendo relatos e frame do vídeo feito. Relato dos envolvidos: "Por Luciene [AVISTAMENTO DE MEU FILHO] Sábado 27/12/2008, meu filho de 15 anos chega assustado em casa aproximadamente umas 23:45. Meu filho faz parte de um grupo de jovens da igreja católica, e acabando a missa, ele e seus amigos foram para uma pracinha. Essa pracinha fica em um bairro novo. E próximo daquele lugar tem uns terrenos baldios cheios de mato. Eles estavam conversando quando avistaram de longe luzes vermelhas e azuis no céu e logo essa luz

O caso Roswell nordestino: Queda de UFO na Bahia, em Janeiro de 1995

Por Ufo Bahia: Nessa data, as 09:00 horas, uma in­formante do G-PAZ, "M" da TV BAHIA me ligou contando uma mirabolante his­tória de queda de um UFO em Feira deSantana(BA) a 112 Km de Salvador. Umfazendeiro de apelido Beto, tinha ligadopara TV SUBAÉ daquela cidade oferecen­do – em troca de dinheiro – um furo dereportagem; um disco voador tinha caído na sua fazenda e ele tinha provas e ima­gens do fato! Apenas depois do meio dia, conse­gui – por fim – falar com Beto, que apóssua proposta de negócio, ante minha (apa­rente) frieza, me contou com bastante de­talhes o acontecido. Soube que tambémtentara vender suas provas a TV BAHIA,onde procurou o repórter José Raimundo: "Ontem pela madrugada caiu algu­ma coisa na minha fazenda, dentro de umalagoa. Era do tamanho de um fusca; aqui­lo ficou boiando parcialmente submerso,perto da beirada. Tentei puxar como pude,trazendo para perto de mim, com uma vara.Aquilo parecia um parto... (quando seabriu uma porta) começou primeiro a s