Pular para o conteúdo principal

Sonda da NASA começa a revelar os segredos do Sol


Representação artística da sonda Parker, que chegou a distâncias sem precedentes do nosso Sol. Crédito: NASA/Johns Hopkins APL

Primeiros dados da sonda Parker, o objeto humanos mais próximo de nossa estrela em toda a história, já renderam quatro estudos sobre o vento e o plasma solar

O Sol está começando a revelar alguns de seus segredos mais bem guardados.

Foram publicados os primeiros resultados científicos da Sonda Solar Parker (PSP), da Nasa, que voou mais rápido e mais perto do Sol do que qualquer outro objeto feito pela humanidade em toda a história.

Os dados iniciais da PSP, relatados em quatro artigos publicados em 4 de dezembro na revista Nature, começam a levantar a cortina em torno da nossa estrela, que permanece surpreendentemente misteriosa apesar de ser sempre a luz mais brilhante no céu terrestre.

“Esses quatro artigos mostram que, ao entrar em uma região inexplorada do Sistema Solar, a PSP já fez grandes descobertas”, escreveu Daniel Verscharen, pesquisador do Laboratório de Ciências Espaciais Mullard da Universidade College London, em um texto complementar na mesma edição da Nature. Verscharen não participou de nenhum dos novos estudos.

"BEIJANDO O SOL"

A PSP foi lançada em agosto de 2018, em uma missão de 1,5 bilhões de dólares que vai ajudar os pesquisadores a entender melhor o funcionamento interno do Sol.

Os cientistas da missão estão particularmente interessados em resolver dois mistérios de longa data: como o fluxo de partículas que emana continuamente do sol, conhecido como vento solar, é acelerado até alcançar suas enormes velocidades; e por que a atmosfera externa do Sol, chamada coroa, é muito mais quente que a sua superfície. As temperaturas da coroa podem atingir 1,1 milhão de graus Celsius. A superfície solar, em comparação, chega a 6.000 Cº.

A PSP está tentando resolver essas questões ao pesquisar a coroa frente à frente. A cada cinco meses, aproximadamente, a sonda passa pela atmosfera escaldante do Sol, obtendo uma visão sem precedentes da nossa estrela.

Essas abordagens mais próximas, chamadas de passagens de periélio, levaram a PSP a até 24 milhões de quilômetros da superfície solar até o momento. Antes dessa missão, a sonda que mais se aproximou do Sol tinha ficado a 42,73 milhões quilômetros — o feito foi realizado em 1976 pela nave Helios 2, um projeto conjunto dos Estados Unidos e da antiga Alemanha Ocidental.

A Helios 2 também estabeleceu o recorde de maior velocidade relativa ao Sol: 246.960 km/h. Essa marca foi quebrada pela nave Juno da Nasa, que orbita Júpiter: ela atingiu 265.000 km/h durante sua chegada ao gigante do gás em julho de 2016. Mas a PSP agora é a líder de velocidade: durante a primeira passagem de periélio da espaçonave, em 6 de novembro de 2018, a poderosa gravidade do Sol acelerou a PSP a uma velocidade máxima de 343.181 km/h.

As condições na coroa são extremas, é claro, então a PSP está equipada com uma armadura pesada: um escudo de fibra de carbono com 11,4 cm de espessura, que protege a nave e seus quatro instrumentos científicos do calor intenso e da radiação solares.

Esses quatro instrumentos são: o Fields Experiment (Fields), que mede campos e ondas elétricos e magnéticos, entre outras coisas; o Integrated Science Investigation of the Sun (ISoIS), que está caracterizando os elétrons, prótons e íons pesados que são acelerados a altas velocidades na atmosfera do Sol e além dela; o Wide-field Imager for Solar Probe (WISPR), um conjunto de telescópios que observa a coroa e seus arredores; e o Solar Wind Electrons Alphas and Protons (SWEAP), que estuda os constituintes mais abundantes no vento solar (elétrons, prótons e íons de hélio).

Os quatro novos artigos relatam o que esses instrumentos observaram durante as duas primeira passagens de periélio da PSP, que ocorreram em novembro de 2018 e abril de 2019.

RASTREANDO A ORIGEM DO VENTO SOLAR “LENTO”

Um dos estudos, por exemplo, descobriu que o Fields está começando a desvendar o chamado vento solar “lento”, um dos componentes do fluxo solar que nunca excede cerca de 1,8 milhão de km/h. “Lento” é um termo relativo aqui; o vento solar “rápido” chega a aproximadamente o dobro dessa velocidade.

Os cientistas já sabiam que o vento solar rápido se origina em grandes “buracos” coronais — partes onde a atmosfera externa é consideravelmente mais fria e fina que o normal —, perto dos polos do Sol. E os dados do Fields sugerem que o vento lento também vem de buracos coronais, mas menores, localizados perto do equador solar.

O Fields também observou surpreendentes reversões no campo magnético solar que passava pela espaçonave: o campo às vezes invertia sua orientação 180 graus e depois, em segundos ou minutos, revertia de volta.

“Essas reversões estão provavelmente associadas a algum tipo de jato de plasma”, diz o principal autor do estudo e pesquisador principal do Fields, Stuart Bale, professor de física da Universidade da Califórnia em Berkeley. “Meu sentimento pessoal é que essas reversões, ou jatos, são centrais para o problema do aquecimento do vento solar”.

Enquanto isso, dados do SWEAP indicam que essas reversões estão “fazendo curvas em formato de S nas linhas de campo vindas do Sol”, como Verscharen coloca, e que as mudanças estão aumentando a velocidade do vento solar.

As descobertas do ISoIS ajudam a aprofundar esse quadro emergente. Dados do instrumento mostram que as partículas solares energéticas levam mais tempo do que o esperado para alcançar a PSP, talvez porque estejam viajando ao longo das linhas de campo em formato de S.

E o WISPR está oferecendo aos cientistas uma imagem mais clara do sol, da coroa e da região complexa e agitada que rodeia nossa estrela. As imagens do WISPR ajudam a colocar as informações coletadas pelos outros instrumentos em um contexto adequado, mas também geram informações por si só.

Por exemplo, no quarto novo estudo, as fotos do WISPR fornecem algumas evidências de uma zona livre de poeira perto do Sol, que foi postulada mas ainda não foi diretamente detectada. “As imagens detalhadas da PSP também mostram variações espaciais no vento solar que são consistentes com variações no campo magnético do Sol em sua superfície, e revelam pequenas bolhas de plasma que são ejetadas do sol e fazem parte do vento solar jovem”, Verscharen escreveu.

O MELHOR ESTÁ POR VIR

As respostas sobre o vento solar são parciais no momento, e ainda não está claro como exatamente a coroa é aquecida de forma tão dramática. Mas a equipe da PSP tem tempo de sobra para preencher essas lacunas, porque esses resultados recém-publicados são apenas o começo. A sonda foi projetada para continuar estudando o Sol até 2025, e suas passagens de periélio ficarão cada vez mais próximas, graças aos sobrevoos de Vênus, que impulsionam a trajetória.

A órbita final da PSP, por exemplo, a levará a apenas 6,16 milhões de km da superfície solar e apresentará velocidades máximas de cerca de 690.000 km/h.

E essas aproximações se tornarão mais frequentes, porque o caminho da PSP ao redor do Sol diminuirá. Atualmente, o período de órbita da sonda é de cerca de 150 dias terrestres, mas esse valor será de 88 dias no final da missão.

A duração da missão permitirá que a equipe da PSP estude o Sol em diversas etapas do seu ciclo de atividades de 11 anos. Portanto, a espaçonave deve reunir muitos de dados interessantes para manter os pesquisadores ocupados por muito tempo.

“Espera-se que os dados da PSP guiem nossa compreensão do Sol e do vento solar por muitos anos”, escreveu Verscharen. “Novos modelos e teorias serão motivados pelas descobertas da sonda, e esse conhecimento será transferível para outras estrelas e plasmas astrofísicos em todo o Universo”.



Mike Wall

Publicado originalmente em SPACE.com

FONTE: Scientific American Brasil

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Uma Nova Etapa!

Passados dez anos, Ufos Wilson trocou de nome e plataforma! Agora nos chamamos Banco de Dados Ufológicos e Científicos (BDUC). Nosso conteúdo segue o mesmo, levando informações sérias com foco principal na Ufologia Científica, porém divulgando e abrangendo todas as disciplinas científicas! A seguir o link do site, compartilhem e divulguem: https://bancodedadosufologicosecientificos.wordpress.com/

Arquivo Ovni: Caso Jardinópolis

Jardinópolis esta distante 335 km da capital paulista, localizada na região de Ribeirão Preto foi palco de um acontecimento insólito na noite de 27 de dezembro de 2008, onde um grupo de adolescentes na época teriam presenciado a descida de luzes vermelhas e azuis num terreno baldio próximo de onde estavam, um dos garotos tomou uma imagem com seu celular, porém de baixa resolução. A seguir trecho extraído do blog feito por membros dos familiares dos jovens, contendo relatos e frame do vídeo feito. Relato dos envolvidos: "Por Luciene [AVISTAMENTO DE MEU FILHO] Sábado 27/12/2008, meu filho de 15 anos chega assustado em casa aproximadamente umas 23:45. Meu filho faz parte de um grupo de jovens da igreja católica, e acabando a missa, ele e seus amigos foram para uma pracinha. Essa pracinha fica em um bairro novo. E próximo daquele lugar tem uns terrenos baldios cheios de mato. Eles estavam conversando quando avistaram de longe luzes vermelhas e azuis no céu e logo essa luz

O caso Roswell nordestino: Queda de UFO na Bahia, em Janeiro de 1995

Por Ufo Bahia: Nessa data, as 09:00 horas, uma in­formante do G-PAZ, "M" da TV BAHIA me ligou contando uma mirabolante his­tória de queda de um UFO em Feira deSantana(BA) a 112 Km de Salvador. Umfazendeiro de apelido Beto, tinha ligadopara TV SUBAÉ daquela cidade oferecen­do – em troca de dinheiro – um furo dereportagem; um disco voador tinha caído na sua fazenda e ele tinha provas e ima­gens do fato! Apenas depois do meio dia, conse­gui – por fim – falar com Beto, que apóssua proposta de negócio, ante minha (apa­rente) frieza, me contou com bastante de­talhes o acontecido. Soube que tambémtentara vender suas provas a TV BAHIA,onde procurou o repórter José Raimundo: "Ontem pela madrugada caiu algu­ma coisa na minha fazenda, dentro de umalagoa. Era do tamanho de um fusca; aqui­lo ficou boiando parcialmente submerso,perto da beirada. Tentei puxar como pude,trazendo para perto de mim, com uma vara.Aquilo parecia um parto... (quando seabriu uma porta) começou primeiro a s