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Amostras lunares armazenadas há décadas devem ser analisadas agora, defendem pesquisadores


Solo lunar esverdeado colhido em 1971 pelos astronautas do Apollo 15 que encheram containers com amostras. Alguns desses containers foram selados e guardados para estudos posteriores e podem ser abertos em breve

Nove containers de material ainda não foram examinados pelas cientistas, que preferiram aguardar o desenvolvimento da tecnologia.

Entre 1969 e 1972, os astronautas da missão de Apollo trouxeram para a Terra um total de nove containers com material lunar que foram selados ainda na superfície da Lua.

Duas das maiores amostras seladas foram coletadas pelos astronautas do Apollo em 17 em dezembro de 1972. Três amostras seladas do Apollo 15, 16 e 17 continuam fechadas.
De acordo com vários pesquisadores lunares, agora é o momento certo para considerar abrir pelo menos um dos containers de amostras ainda selado.

Protegido, preservado e processado

As amostras geológicas do Apollo — espécimes que são fisicamente protegidos, preservados ambientalmente e processados cientificamente - se encontram no Laboratório de Amostras Lunares, um prédio especial no Centro Espacial Lyndon Johnson (JSC, na sigla em inglês) na NASA em Houston.

A coleção do Apollo consiste em rochas lunares, testemunhos, cristais, areia e poeira da superfície lunar. Graças às seis expedições do Apollo, 2.200 amostras separadas vieram para a Terra, de seis locais de exploração diferentes na Lua.

As amostras que vieram da Lua mostraram ser presentes que continuam nos trazendo surpresas. Por exemplo, a água do interior da Lua foi detectada recentemente por uma análise de espectrometria da massa sensível de vidros basálticos trazidos para a Terra nas missões Apollo 15 e Apollo 17.

Planejamento cuidadoso

"As amostras foram guardadas intencionalmente para um momento em que a tecnologia e a instrumentação tivessem avançado até o ponto em que pudéssemos maximizar o retorno científico desse material singular," diz Ryan Zeigler, que conserva as amostras do Apollo e é diretor do Escritório de Aquisição e Restauração de Astromateriais em Houston.

Mas essas investigações requerem um planejamento cuidadoso e execução por um consórcio de especialistas com experiência em lidar e analisar amostras lunares, disse Zeigler a Space.com.

"Dado o recente e renovado interesse na Lua e especificamente o caráter volátil do regolito lunar, essas amostras seladas provavelmente contém informações que poderiam ser importantes para o planejamento de futuras missões lunares," diz Zeigler.

Materiais voláteis são substâncias com um ponto de ebulição relativamente baixo — materiais como a água, hidrogênio e metano. Ao entender os materiais voláteis lunares poderíamos melhorar a produtividade e valor do futuro envolvimento humano com a Lua, enfatizaram os cientistas.

Novas Compreensões

Zeigler não é o único pesquisador que gostaria de abrir algumas das amostras remanescentes do Apollo. Ele se juntou a Charles Shearer, do Instituto de Meteoritos do Departamento de Ciência Planetária e da Terra, na Universidade do Novo México, e Clive Neal, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental e Ciências da Terra na Universidade de Notre Dame, em Indiana.

Eles irão defender essa proposta no fim deste mês, na Conferência de Ciência Lunar e Planetária, que é organizada pelo Instituto Lunar e Planetário em Houston, um braço da Associação de Pesquisa Espacial das Universidades. A conferência irá acontecer em The Woodlands, no Texas, de 19 a 23 de Março.

"Dada a nova ênfase na história volátil da Lua, essas amostras irão, além de trazer novas compreensões para a ciência lunar, nos permitir planejar a coleta, retorno e análise de amostras lunares voláteis," Neal disse a Space.com. "Por isso uma abordagem de consórcio, ao analisar essas amostras e similares, é a única forma de seguir em frente com as pesquisas."

Primitivo e não estudado

O conjunto de amostras fechadas do Apollo contêm material primitivo e não estudado. Além disso, dado que a massa total da amostra dentro dos containers fechados de espécimes da Lua excede o total projetado a ser trazido pelas futuras missões robóticas, cada uma das amostras fechadas deveria ser tratada como uma missão lunar diferente, os especialistas lunares afirmam.

Por exemplo, os pesquisadores apontam para um "tesouro não aberto" na coleção de amostras do Apollo 17.

A missão do Apollo 17, realizada em dezembro de 1972, foi uma missão "J-style". Isso significa que ela foi capaz de ficar mais tempo na Lua e ter uma melhor mobilidade na superfície graças a um veículo com rodas. A equipe de expedição de Harrisson "Jack"Schmitt e Eugene Cernan contabilizou uma distância total de 36.9 km.

Graças ao veículo lunar, a dupla colheu amostras de uma ampla área no Vale Tauros-Littrow. A missão Apollo 17 retornou 110,5 kg de vários tipos de amostras. Isso era aproximadamente 20% do total da massa de amostras trazida pelo programa Apollo, que coletivamente colheu 381 kg de material.

Status do material selado

Os conteiners não abertos parecem estar selados baseados em sua aparência exterior. No entanto, há dúvidas se o container ainda contêm o mesmo nível de vácuo que se verifica na Lua. Espera-se que os containers tenham retido um nível mais modesto de vácuo e que as amostras não tenham entrado em contato com a atmosfera terrestre.

O ponto de partida é que ninguém sabe com certeza a condição dos containers selados até que eles sejam abertos.

Por um lado, os containers usados durante o programa Apollo eram uma tentativa razoável de preservar muitas características do regolito lunar. Mas, mais importante, não só se espera que esses tipos de conceitos de contenção de amostras sejam usados durante missões humanas futuras, mas possam ser aplicados a missões robóticas na Lua e em outros corpos planetários.

Zeigler e seus associados sugerem que seria prudente assumir que técnicas analíticas vão continuar a melhorar no futuro e os objetivos da ciência irão mudar com observações e dados adicionais.

"No entanto, nós estamos defendendo a abertura de um único container de amostras para salvar as outras duas amostras para gerações futuras de cientistas lunares," Shearer, Neal and Zeigler escreveram em um artigo que planejam apresentar na próxima conferência.

Um elemento pessoal

Nos últimos dez anos, houve muito questionamento sobre por que e como estudar as amostras lunares seladas, diz Carlton Allen, um antigo restaurador de astromateriais na JCS. Ele também apoia a ideia de abrir uma amostra do conjunto de materiais agora, seguindo as seguintes razões:

Tecnologia: Há tecnologias disponíveis para examinar as amostras seladas antes mesmo de serem abertas, e para abri-las contaminação terrestre mínima.

Microanálise: nós podemos analisar traços de gases e de materiais voláteis com a precisão necessária para tratar questões fundamentais na ciência lunar, tais como o traço de água em vidro piroclástico trazidos da Lua.

Ciência Lunar: nós iremos compreender muitas das lacunas no conhecimento lunar antes de uma iniciar nova era de exploração, e temos a precisão necessária para atacar essas lacunas, como a existência e a história da água e do gelo próximos a superfície em diversos locais e temperaturas.

Finalmente, Allen diz que há um elemento pessoal também:

"Alguns dos astronautas que coletaram essas amostras, técnicos que já abriram tubos e cientistas que estudaram amostras desde a época do Apollo ainda estão conosco, ativos profissionalmente," diz Allen. "Nós não deveríamos negligenciar esses recursos humanos insubstituíveis."

Leonard David

FONTE: SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL

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