POR SALVADOR NOGUEIRA
As primeiras imagens já obtidas do polo Norte de Júpiter causaram espanto aos cientistas envolvidos com a sonda Juno, da Nasa, que realizou sua primeira coleta de dados num voo rasante do planeta gigante no último dia 27.
“É o primeiro vislumbre do polo Norte de Júpiter, e ele não se parece com nada que já tenhamos visto ou imaginado antes”, disse Scott Bolton, cientista-chefe da missão, em nota divulgada nesta sexta-feira (2) pela Nasa. “É mais azulado lá em cima do que em outras partes do planeta, e há muitas tempestades. Não há sinais das faixas latitudinais ou zonas e cinturões com que estamos acostumados — essa imagem mal é reconhecível como Júpiter. Estamos vendo sinais de que as nuvens têm sombras, possivelmente indicando que as nuvens estão a uma altitude maior do que outros traços.”
Além de divulgar imagens processadas do polo Norte joviano, capturadas a 95 mil km de distância (acima) e a 78 mil km (abaixo), a Nasa apresentou dados colhidos pelo instrumento JIRAM (Mapeador Infravermelho de Auroras de Júpiter, na sigla em inglês), que revelou as poderosas auroras austrais (do polo Sul) joviano.
Detalhes do polo Norte joviano a 78 mil km de distância, fotografados pela Juno (Crédito: Nasa)
As visões dos polos são as que mais encantam os cientistas porque eles nunca foram vistos antes — da Terra é impossível vê-los, e nenhuma das sondas que já visitaram Júpiter se estabeleceram numa órbita polar (que sobrevoo regularmente essas regiões do planeta).
As auroras do polo Sul de Júpiter, fotografadas pela JIRAM, em infravermelho (Crédito: Nasa)
A antena da Juno também foi usada durante o sobrevoo para capturar as emissões de rádio do planeta gigante. Naturalmente, não são ETs tentando se comunicar — são emissões naturais emanada da atmosfera do planeta, associadas a atividades como as auroras. Convertidas em sons, elas nos permitem ouvir “o canto das auroras jovianas”. Ouça aí.
Por fim, o Mensageiro Sideral ficou fuçando por aí e encontrou no Photojournal do JPL a imagem mais próxima de Júpiter até agora divulgada: ela foi feita pela JunoCam (a câmera de “luz visível” da Juno) a uma distância de 38 mil km, e revela detalhes do polo Sul. Contudo, ela é em preto-e-branco e reflete apenas o filtro vermelho da câmera — ou seja, o que tem de vermelho na imagem. (Lembre-se de que a aproximação máxima ocorreu a apenas 4.200 km, então, o melhor ainda está por vir!)
Imagem colhida pela JunoCam do polo Sul de Júpiter, a uma distância de 38 mil km. (Crédito: Nasa)
A JunoCam capta imagens coloridas do mesmo modo que a maioria das nossas câmeras digitais — ela faz na realidade três fotos sequenciais, uma captando os azuis, outra, os verdes, e uma terceira, os vermelhos, e depois junta tudo para compor uma imagem colorida. O problema é que, viajando depressa pelo alvo como está a JunoCam, talvez não seja tão simples alinhar as três fotos para criar uma versão em cores das imagens de aproximação máxima.
Ainda não sabemos se será possível fazer esse processamento, mas não custa preparar o espírito e esperar que as imagens da aproximação máxima, embora incríveis, sejam apenas em PB. A missão da Juno inclui outros 35 voos rasantes como este e deve terminar em fevereiro de 2018, com um mergulho da nave na atmosfera do planeta.
FONTE: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/
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