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Em um sistema planetário distante, astros já encenam a futura destruição da Terra



POR SALVADOR NOGUEIRA
Convido-o agora a fazer uma visita ao futuro distante do Sistema Solar, daqui a 6 bilhões de anos. O interior do Sol, a essa altura transformado numa inchada e imensa estrela gigante vermelha que ficou apenas um pouco menor do que a órbita da Terra, quase engolfando-a, já não terá mais combustível nuclear para seguir produzindo energia.

Estrelas modestas, como ele, terminam sua vida não numa explosão cataclísmica como uma supernova, mas num suave apagar das luzes. Enquanto sua atmosfera exterior é soprada para fora, o núcleo passa a ser comprimido pela força da gravidade até se condensar num objeto bem compacto, com tamanho não muito maior que o da própria Terra — mas ainda boa parte de sua massa original. A esse cadáver estelar se dá o nome de anã branca.

Embora esse processo seja tranquilo, se comparado à morte de estrelas maiores, ele ainda assim causou um tremendo rebuliço ao Sistema Solar. Mercúrio e Vênus foram engolidos pelo Sol enquanto ele se tornava uma gigante vermelha — sintoma terminal de seu esgotamento. A Terra escapou por pouco, mas os destroços deixados pela compactação da antiga estrela em anã branca desestabilizaram sua órbita. A essa altura, a vida já havia desaparecido completamente do nosso planeta, e há muito tempo: uns 5 bilhões de anos, mais ou menos. Mas ainda restavam, incrustrados em suas rochas, alguns sinais de sua antiga biosfera, na forma de calcário deixado para trás por criaturas como corais e moluscos.

O mergulho gradual da Terra na direção da anã branca, contudo, prometia apagar seus últimos vestígios, antes de destruir o planeta por inteiro. A gravidade do cadáver estelar descascava nosso planeta como a uma cebola, arrancando camada após camada de sua superfície por conta de sua poderosa gravidade. Os destroços, por sua vez, foram se acumulando em um disco em torno dela, antes de finalmente se integrarem em definitivo à matéria degenerada, esmagada pela gravidade, da anã branca.

Certo, fim da viagem no tempo; de volta ao presente. Por que contei toda essa história, que pode até não ser mesmo o destino final da Terra? (Ainda há controvérsias se ela seria engolida pelo Sol quando ele se tornasse uma gigante vermelha ou se ela sobreviveria a essa fase para ser destruída mais tarde.)

Bem, porque, segundo os astrônomos Carl Melis, da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), e Patrick Dufour, da Universidade de Montreal, no Canadá, eles podem ter encontrado um enredo semelhante se desenrolando em torno da anã branca conhecida apenas pela antipática (e impossível de memorizar) sigla SDSSJ104341.53+085558.2 (que, justamente por ser impossível de memorizar, os próprios cientistas abreviam a partir do segundo uso para SDSSJ1043).

Localizada a cerca de 700 anos-luz da Terra, a anã branca tem hoje cerca de 70% da massa do Sol, mas era um astro bem mais massivo (4 ou 5 massas solares) antes de se tornar um cadáver estelar. E, segundo observações feitas ao longo dos últimos anos, sua atmosfera mais externa está bem poluída, sinalizando o lento consumo de destroços de seu antigo sistema planetário.

Pois bem. Usando o Telescópio Espacial Hubble e o espectrógrafo Hires, instalado no Observatório Keck, no Havaí, Melis e Dufour detectaram fortes assinaturas de cálcio e carbono em meio aos detritos consumidos pela anã branca, além da presença de vários outros elementos químicos em quantidades variadas.


A assinatura de cálcio e carbono poluindo a atmosfera da anã branca SDSSJ1043 (Crédito: A. Hara/C. Melis/W. M. Keck Observatory)

As observações são consistentes com o lento descascar de planeta a que aludimos no princípio, como se mais material estivesse caindo na anã branca a todo momento, originário de um corpo celeste diferenciado — muito provavelmente um planeta.

E chamou a atenção a forte assinatura de carbono, além de presenças também aumentadas de cálcio e oxigênio. Foi isso que levou os cientistas a imaginar que esses elementos estivessem acumulados na crosta do mundo sendo consumido na forma de carbonato de cálcio — mineral que é a base do calcário, que, ao menos na Terra, é depositado em rochas graças à existência de organismos marinhos que têm conchas.

“Nossa escolha de carbonato de cálcio como potencial portador do carbono fornece uma explicação natural para ele estar preso no planeta e eventualmente entregue para a anã branca, é inteiramente consistente com as observações à mão, e, claro, é sugestivo”, disse Melis, em nota divulgada pelo Observatório Keck. “Esse é realmente o subtexto oculto. Quando as pessoas pensam em encontrar vida extraterrestre, elas pensam em dramatizações de Hollywood. Mas a primeira evidência de vida fora do nosso Sistema Solar provavelmente virá de forma muito mais sutil. Mais provavelmente do que não, virá como uma assinatura heterogênea que pode não ser imediatamente reconhecível.”

É fato que carbonato de cálcio pode ser produzido por rotas não-biológicas, então ninguém está gritando que havia vida nesse planeta agora destruído. E, para começo de conversa, precisamos nos certificar de que é carbonato de cálcio mesmo — tudo que temos é a detecção de átomos de carbono, oxigênio e cálcio na atmosfera da anã branca.

“Futuras observações com o Telescópio Espacial James Webb podem confirmar o cabonato de cálcio, se ele estiver presente”, diz Melis, referindo-se ao satélite que a Nasa pretende lançar em 2018. “Se conseguirmos chegar a esse ponto, aí você terá de se perguntar: há o suficiente dele lá para ter sido produzido por processos naturais?”

Não sei quanto a você, mas o Mensageiro Sideral acha incrível esse trabalho de detetive dos astrônomos. Primeiro, sabíamos que havia uma anã branca. Depois, descobrimos que sua atmosfera estava poluída por elementos que não deveriam estar lá. Agora, constatamos que essa poluição é resultado da destruição de um corpo planetário. E em alguns anos estaremos a ponto de saber de que ele era feito e, de quebra, poderemos encontrar algum traço (ainda que ambíguo) de possíveis formas de vida que o habitaram bilhões de anos atrás!

O trabalho foi divulgado durante a 228a Reunião da AAS (Sociedade Astronômica Americana), em San Diego (EUA).

FONTE: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/

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