Há exatos 52 anos, a escritora cearense Rachel de Queiroz passou por uma experiência única, ao presenciar a aparição de um objeto voador não identificado (Ovni). A visão de uma enorme bola laranja luminosa a impressionou tanto que gerou um depoimento, publicado no mês seguinte na revista O Cruzeiro, da qual era colunista regular.
"O texto teve uma repercussão muito grande na época, ajudou a ufologia a conquistar mais credibilidade e atraiu um outro foco da mídia, menos sensacionalista e mais investigativo", conta Hálder Gomes, um dos produtores de "Área Q". O filme, com direção de Gerson Sanginitto, cita em uma de suas cenas as palavras de Rachel, falecida em 2003.
No começo do texto, publicado em 4 de junho de 1960, Rachel adverte o leitor que não fará "uma crônica como as de todo dia". Na última página da revista, "Objeto Voador Não Identificado" era um depoimento sobre um fato acontecido em sua conhecida fazenda "Não me Deixes", no distrito de Daniel de Queiroz, em Quixadá. Em 13 de maio daquele ano, um grito irrompeu a noite escura do sertão cearense. Era o marido da escritora. Ao lado de alguns homens da fazenda, ele olhava para o céu, onde "a umas duas braças acima da linha do horizonte, uma luz brilhava como uma estrela grande, talvez um pouco menos clara do Vésper, e a sua luz era alaranjada".
Rachel de Queiroz descreve o objeto, com suas variações de tamanho e de intensidade luminosa, assim como o caminho que perfaz no céu. Narra seu deslocamento sempre na horizontal, alternando uma incrível velocidade a um movimento mais devagar, até o brusco sumiço, "assim como quem apaga um comutador elétrico".
Embora relute em dizer que se tratava de uma nave espacial alienígena - prefere defini-la pela "expressão já cautelosamente oficializada: objeto voador não identificado", a autora se mostra convicta de que não seria coisa da natureza nem avião. "Não, dentro daquilo, animando aquilo, havia uma coisa viva, consciente", completa.
O relato de Rachel de Queiroz, bastante conhecido entre os ufólogos, circulando até hoje em fóruns e revistas especializadas, é semelhante a outros casos narrados em Quixadá no período. O texto deu mais visibilidade ao município, que junto com Quixeramobim, Quixelô, Quixeré e Quiterianópolis formam a chamada "Área Q" - todas elas com relatos de aparições de Ovnis.
A presença do objeto no céu de Quixadá teria durado cerca de 15 minutos e, segundo a escritora, teria causado muita comoção na cidade. Apesar de estimar centenas de testemunhas, são nominalmente identificadas, além dela mesma e seu marido, apenas sua tia Arcelina, com quem conversava naquela noite.
Ainda que não sejam poucas as especulações sobre a veracidade do relato, a coerência e a convicção da escritora, assim como a ocorrência de casos semelhantes na região, leva a maioria dos ufólogos a considerar o testemunho como relevante. Além disso, como frisa Hálder Gomes, há a credibilidade da própria escritora.
Rachel de Queiroz foi a primeira personalidade brasileira a admitir publicamente uma experiência do gênero, quando falar de ufologia ainda era tabu. Conceituada, cética e assumidamente atéia, ela ajudou a lançar um novo olhar sobre Ovnis - que até então era bastante vinculado ao ocultismo.
Depois dela, outras personalidades assumiram que já haviam visto Ovnis. Algumas com credibilidade, outras com menos, mas todas aparentemente convictas. A lista inclui da "Tiazinha" Suzana Alves ao ator Tarcísio Meira, passando pelo apresentador Amaury Jr., o cantor Sérgio Reis e o desenhista Maurício de Sousa.
Até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teria passado pela experiência de ver um Ovni, ao lado da esposa Ruth Cardoso. Quem contou o caso, em várias entrevistas, foi o economista Celso Furtado, que estaria com o casal no momento. O caso teria acontecido em 1979, justamente durante uma viagem ao Ceará.
Mais informações: Área Q (Brasil, 2012), de Gerson Sanginitto. Com Isaiah Washington, Murilo Rosa, Tânia Khalil e Ricardo Conti. Califórnia Filmes. 107 minutos. 14 anos. Salas e horários no caderno Zoeira.
FONTE: http://diariodonordeste.globo.com
Eu acredito, ainda mais por ter sido visto por uma cética e não uma pessoa que acredita e que poderia confundir qualquer coisa e acabar inventando.
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