Imagens combinadas do instrumento SPHERE do VLT (Very Large Telescope) no Chile, que parecem mostrar Proxima Centauri c como um ponto brilhante. A posição é a prevista do planeta na sua órbita. A estrela está escondida por trás do círculo preto no centro.
Crédito: Gratton et al./A&A/Nature Astronomy
Fritz Benedict usou dados que obteve ao longo de duas décadas com o Telescópio Espacial Hubble para confirmar a existência de outro planeta em torno da vizinha mais próxima do Sol, Proxima Centauri, e para determinar a órbita e a massa do planeta. Benedict, cientista do Observatório McDonald e da Universidade do Texas em Austin, EUA, apresentou os seus achados numa sessão científica e de seguida numa conferência de imprensa numa reunião da Sociedade Astronômica Americana.
Proxima Centauri tem feito manchetes frequentemente desde 2016, quando cientistas como Michael Endl, do Observatório McDonald, encontraram o seu primeiro exoplaneta, Proxima Centauri b. A descoberta incitou especulação sobre os tipos de estudos aprofundados que podem ser feitos a um exoplaneta tão próximo do nosso Sistema Solar.
Além disso, no início deste ano, um grupo liderado por Mario Damasso do INAF (Instituto Nacional de Astrofísica, em Turim, Itália), anunciou que podia ter sido descoberto outro planeta em órbita de Proxima Centauri, um pouco mais distante. Este grupo usou observações de velocidade radial, ou seja, medições do movimento da estrela no céu para deduzir que o possível planeta (chamado Proxima Centauri c) orbita a estrela a cada 1907 dias a uma distância de 1,5 UA (ou seja, 1,5 vezes a distância Terra-Sol).
Ainda assim, a existência do planeta c estava longe de confirmada. Assim sendo, Benedict decidiu voltar a visitar os seus estudos de Proxima Centauri a partir da década de 1990, feitos com o Telescópio Espacial Hubble. Para esse estudo, usou o instrumento FGS (Fine Guidance Sensors) do Hubble.
Embora o seu papel principal seja garantir a orientação precisa do telescópio, Benedict e outros usaram rotineiramente o FGS para um tipo de investigação chamada astrometria: a medição precisa das posições e movimentos dos corpos celestes. Neste caso, usou o FGS para procurar o movimento de Proxima Centauri no céu provocado por "puxões" de quaisquer potenciais planetas.
Quando Benedict e a sua parceira de investigação Barbara MacArthur estudaram originalmente Proxima Centauri na década de 1990, disse, só procuraram planetas com períodos orbitais de 1000 dias terrestres ou menos. Não encontraram nenhum. Ele agora revisitou esses dados para verificar se existiam sinais de um planeta com um período orbital mais longo.
De facto, Benedict encontrou um planeta com um período orbital de aproximadamente de aproximadamente 1907 dias "enterrado" em dados do Hubble com 25 anos. Esta foi uma confirmação independente da existência de Proxima Centauri c.
Logo depois, uma equipa liderada por Raffaele Gratton do INAF publicou imagens do planeta em vários pontos da sua órbita que haviam obtido com o instrumento SPHERE acoplado ao VLT (Very Large Telescope) no Chile.
Benedict então combinou as descobertas dos três estudos: a sua própria astrometria do Hubble, os estudos de velocidade radial de Damasso e as imagens de Gratton para refinar bastante a massa de Proxima Centauri c. Descobriu que o planeta é cerca de 7 vezes mais massivo do que a Terra.
Esta análise mostra o poder de combinar vários métodos independentes para estudar um exoplaneta. Cada abordagem tem os seus pontos fortes e fracos, mas juntas servem para confirmar a existência de Proxima Centauri c.
"Basicamente, esta é uma história de como dados antigos podem ser muito úteis para obter novas informações," acrescentou Benedict. "Também é uma história de quão difícil é aposentarmo-nos se formos astrónomos, porque isto é muito divertido!"
Fritz Benedict.
Crédito: Observatório McDonald
FONTE: ASTRONOMIA ONLINE
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