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Curso de Astrobiologia para surdos expande linguagem científica em Libras


A iniciativa conta com duas turmas: uma de crianças surdas e outra de adultos (EJA). Foto: Adriana Horvath/Prefeitura de Diadema

Iniciativa em escola municipal de Diadema, na região metropolitana de São Paulo, contribui para despertar interesse científico em crianças e adultos surdos

A escola municipal Olga Benário Prestes, em Diadema (SP), é palco de um inovador projeto: um curso de astrobiologia totalmente voltado e adaptado para crianças e adultos surdos. Desde o começo de 2019, professores da unidade, em parceria com a empresa LUCA – Ciência para Educar, oferecem aulas sobre a possibilidade de vida no contexto cósmico, combinando conceitos de astronomia e biologia, totalmente adaptadas para a população surda — algo inédito, já que muitos termos usados na área não existem na língua brasileira de sinais (Libras).

O primeiro semestre de 2019 recebeu a primeira experiência da iniciativa, com aulas quinzenais para 37 alunos surdos, sendo seis deles da Educação de Jovens e Adultos (EJA). No segundo semestre, os encontros continuam, com novas turmas.

A ideia do curso surgiu um ano antes. A Olga Benário Prestes foi a primeira escola com turma de surdos a participar do Projeto Garatéa, iniciativa que seleciona um experimento desenvolvido por estudantes brasileiros para ser enviado ao espaço. Com o interesse crescente dos alunos por temas ligados ao espaço, a escola viu uma oportunidade de expandir a iniciativa e buscou parceria com o LUCA – Ciência para educar, empresa que atua no ensino e divulgação científica. “Vemos uma lacuna muito grande entre a ciência e a educação, e trabalhamos para aproximar essas áreas”, explica Cláudio Mendes, fundador do Luca.

Como a escola também trabalha com alunos surdos, o desafio foi trazer as aulas tanto para as turmas de surdos e de ouvintes.

Especializados em astrobiologia, Cláudio e a equipe do LUCA trabalharam em conjunto com professores da escola para adaptar as aulas para Libras, o que se provou um dos maiores desafios. Diversas palavras comumente usadas na área não possuem um equivalente na língua de sinais, como “exoplaneta” (planetas fora do Sistema Solar), “tardígrados” (um animal microscópico) e “extremófilos” (seres que sobrevivem em condições extremas). Para criar gestos para essas palavras, a equipe envolveu os próprios alunos no processo: “Isso dá uma sensação de protagonismo para crianças, porque elas são atores do próprio conhecimento”, explica Cláudio.

Pioneiro, o curso foi construído em conjunto com os professores e os próprios alunos. “Começamos com uma abordagem tradicional, usando slides com textos e fotos. Depois, introduzimos vídeos. E uma terceira abordagem foi a da gameficação, que foi a mais efetiva”, conta Cláudio. Como surdos são muito visuais, as professoras sempre estavam junto ao astrobiólogo para explicar e contextualizar conceitos mais distantes. Um dos temas que serviu de fio condutor para as aulas foi Marte, nosso vizinho vermelho, um importante objeto de estudo da astrobiologia.


Projetos desenvolvidos pelos alunos sobre astrobiologia incluíram sinais de Libras criados pelas próprias turmas. Foto: EMEE Olga Benario Prestes/Divulgação

“Foi um desafio, mas um desafio gostoso”, conta Ana Paula Guedes, coordenadora pedagógica da escola municipal Olga Benário Prestes e uma das idealizadoras do curso. “Todos os professores tiveram que estudar e ir atrás de informações para dar subsídio para os alunos”.

Segundo ela, as aulas foram também uma oportunidade pedagógica inédita: “Usamos o método investigativo. Não demos nenhuma resposta, deixamos os alunos chegar nas próprias conclusões.” Combinado com essa estratégia, o tema instigante também foi uma ferramenta para aproximar alunos da equipe pedagógica e manter a adesão às aulas, incluindo de surdos múltiplos — aqueles que possuem outras deficiências além da surdez.

Devido o interesse crescente dos alunos, a escola está “tomada” pelo tema científico, como diz Ana Paula. Na mostra cultural de 2019, os alunos realizaram diversos trabalhos envolvendo a astrobiologia, incluindo em Libras.


Aluno da escola pinta um tardígrado durante feira cultura. Os seres microscópicos são considerados os melhores candidatos para habitar outros planetas, dada a sua capacidade de resistir a condições extremas. Foto: EMEE Olga Benario Prestes/Divulgação

A ideia, agora, é que o curso continue, e inclusive se expanda — há o plano de longo prazo de criar uma enciclopédia com os gestos criados para representar termos da astrobiologia, por exemplo. Muitas palavras ainda não existem em dicionários brasileiros, e o curso pode ser um primeiro passo para estabelecê-las. Atualmente, há redes de apoio informais: em um grupo no Facebook chamado “Astronomia em Libras”, por exemplo, professores e interessados, incluindo Ana Paula, trocam dicas para explorar esse ramo na língua de sinais.

“Percebemos um engajamento e uma curiosidade crescentes dos alunos. É muito gratificante fazer parte disso”, diz Cláudio.

Bruno Carbinatto

FONTE: Scientific American Brasil

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