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Homens de Preto


Geralmente são de baixa estatura, magros e pálidos – e mais raramente altos, loiros e de pele acetinada. São vistos usando óculos de sol, principalmente nos centros urbanos. As vestimentas são pretas – daí seu nome – e quase sempre novas. Deslocam-se em veículos novos – em alguns poucos casos o modelo era antigo – pretos ou de tonalidade escura. Não parecem irritadiços nem malignos, mas transmitem uma sensação de ameaça e infundem medo. Parecem envoltos numa aura fantasmagórica ou sobrenatural. Surpreendem-se diante de objetos comuns como canetas esferográficas e talheres. Os gestos e o caminhar são robóticos, e os diálogos monótonos. As perguntas se concentram em fatos estranhos ou insólitos. Falam com sotaques esquisitos, e a linguagem ora é excessivamente formal, ora recheada da gíria ultrapassada de velhos filmes policiais hollywoodianos: “Olhe, amigo, se você dá valor à sua vida e à de sua família, esqueça essa história que você anda espalhando por aí”, teria dito um deles. Raramente empregam a violência física, mas não hesitam em lançar mão dela quando necessário. Apresentam-se portando identidades de oficiais das Forças Armadas ou de agentes de órgãos de contra-espionagem internacionais. São seres dotados de capacidades paranormais, já que se antecipam às ações dos alvos visados. As visitas e intimidações se repetem até que consigam atingir seus propósitos.
Esse é o perfil dos misteriosos e famosos “homens de preto”, denominação proveniente do inglês men in black. Ostentando um estatuto quase mítico, os HDP surgiram como um dos fatores mais persistentes do fenômeno OVNI. Os primeiros relatos, logo após a 2ª guerra mundial, já faziam menção a homens estranhos vestidos inteiramente de preto que chegavam de surpresa, às vezes sozinhos, às vezes em dois ou três, nas casas de determinadas testemunhas, geralmente antes que relatassem a experiência para qualquer pessoa. Quase sempre demonstrando saber mais do que um estranho poderia saber sobre a testemunha, os HDP recomendavam que não contassem a ninguém o que tinham presenciado. A sua principal missão era a de dissuadir as pessoas de falarem sobre os OVNIs.

Processo
Quem são e o que perseguem os HDP ao pretenderem destruir ou monopolizar toda classe de documentação valiosa? Pura fantasia? Nesse caso, uma fantasia coletiva bastante coerente. Contágio social? Peter M. Rojcewicz, um folclorista versado em relatos transculturais incomuns, encontrou referências a “homens escuros” em contextos que não propriamente ufológicos, o que para ele atestaria a vitalidade do arquétipo do demônio.
Os HDP nunca foram elementos exclusivos do fenômeno OVNI. Jacques Bergier nos fala deles em sua obra Os Livros Condenados: “Encontramos rastros dessa conspiração tanto na história da China ou da Índia, como na do Ocidente. Do meu ponto de vista, seu papel consiste em impedir uma difusão muito rápida e ampla do saber, difusão que poderia provocar a destruição de civilizações que precederam a nossa”.
Seitas secretas como a Ordem Negra, fomentadora e sustentadora do movimento nazista, célebre por queimar livros, contribuíram sobejamente para difundir a suspeita de que o saber vem sendo manipulado ao longo dos séculos. Seriam os HDP sicários dos mais variados centros de poder?
O acintoso “oficial de justiça” que invade o quarto de Joseph K. no início de O Processo, obra escrita – e deixada inacabada – por Franz Kafka, em 1914, é um HDP: “Alguém tinha com certeza caluniado Joseph K., porque numa manhã, sem ter feito nada de mal, foi detido. A cozinheira da sua senhoria, Frau Grubach, que lhe trazia o desjejum todos os dias às 8 horas, não se apresentou nesse dia. Isto nunca tinha acontecido. K. esperou ainda um instante, voltou, do fundo do seu travesseiro, para a velha que habitava em frente e que o observava com curiosidade surpreendente, depois, esfomeado e espantado ao mesmo tempo, chamou a criada. Neste momento, bateram à porta e ele viu entrar um homem a quem nunca tinha visto em casa. Este personagem era esbelto, mas atlético, vestia um traje negro e muito apertado, dotado dum cinto e de toda espécie de pregas, bolsos, fivelas e botões, que davam ao seu vestuário uma aparência particularmente prática, sem que no entanto fosse possível compreender para que poderia servir tudo aquilo”.
Entrevemos no tribunal de O Processo a imagem do tribunal divino que, seguindo trâmites obscuros e inapeláveis, condena o homem comum. O tribunal não é senão a justiça interior, a consciência ou a imagem metafísica do nada; ou ainda, a tuberculose que consumia Kafka, o fantasma de um delírio persecutório, a perseguição real que sofria na condição de judeu e o totalitarismo que se anunciava. Joseph K. vê-se, desde o início, não perante a Justiça, na acepção da palavra, mas perante uma situação que ele próprio deve nomear e compreender. Os que o detêm certificam-no de que não foi detido pela Justiça comum, o que equivale a dizer que a instituição que o tolhe se assemelha à Justiça em alguns aspectos e se distingue em outros. K. é obrigado a pôr os símbolos à prova, principalmente aqueles tidos como sagrados. Entretanto, por mais que se esforce, K. não tem saída porque a ele se aplica de antemão uma linguagem que é, por si mesma, uma interpretação, uma leitura tão objetiva e tão completa quanto possível.
Todas as tentativas de K. para descobrir por que e do quê era acusado falharam. Todos agiam como se ele já soubesse. Subentende-se, ao longo do processo, que K. não está nem preso nem em liberdade. Ele sequer chega a manter contato direto com o tribunal, a não ser através dos representantes e funcionários moralmente degradados. O julgamento jamais se realiza, porém permanece como uma presença invisível na vida de K. Kafka não precisou explicitar que K. é o homem comum e que todos nós fomos sentenciados à morte no dia em que nascemos.

Os HDP em Ação
No contexto ufológico, Harold Dahl foi o primeiro a ser prevenido por um HDP a não divulgar seu caso. Mas como os discos voadores eram publicamente desconhecidos em 21 de junho de 1947, levando em conta que o assunto só iria explodir com a visão de Kenneth Arnold três dias depois, Dahl desprezou a advertência. Após a tragédia aeronáutica em que pereceram dois oficiais e se perderam as “provas” que recolhera (pedaços de metal caídos de um OVNI), Dahl prosseguiu investigando sozinho e, pouco tempo depois, desapareceu sem deixar rastro. A partir de então, casos envolvendo HDP não pararam de suceder-se ao longo dos anos.
A síndrome dos HDP é denominada “benderismo” em decorrência de uma experiência vivida por Albert K. Bender, em Bridgeport, Connecticut. Em 1952, Bender fundou o International Flying Saucer Bureau e passou a editar a revista Space Review. Em setembro de 1953, Bender recebeu no seu endereço a inesperada visita de três homens de baixa estatura vestidos de preto, os quais lhe ordenaram que dissolvesse seu grupo. Os HDP censuraram a edição de outubro da revista que, em seu número anterior, havia prometido aos leitores uma resposta definitiva ao problema dos discos voadores.
A edição de fevereiro de 1954 dedicava-se exclusivamente a questões relativas a astronomia, com exceção da nota “Declaração Importante”, que dizia: “Se dependesse de nós, os discos voadores já não seguiriam sendo um mistério. Gostaríamos de publicar integralmente em Space Review os pormenores, não fossemos dissuadidos a abandonar essa intenção. Aconselhamos máxima cautela a todos os que se dedicam à pesquisa do assunto”.
Poucos meses depois, o International Flying Saucer Bureau e a Space Review foram extintos por Bender, que entrou em estado de choque e permaneceu vários dias sem comer nem beber. Ao sair do torpor, nunca mais envolveu-se com ufologia.
Por volta da mesma época, outra revista norte-americana especializada em discos voadores, a Nexus, anunciou que obtivera junto a fontes oficiais secretas uma “evidência irrefutável” da verdadeira natureza do fenômeno, a qual dariam a conhecer na edição seguinte. Aqui, novamente, em lugar do prometido, apenas uma nota do editor alegando ter sido coagido por uma alta autoridade.
O fundador e presidente do Australian Flying Saucer Bureau, Edgar R. Harold, no mesmo ano de 1953, desmantelou a organização após receber a visita de três HDP. Harold H. Fulton, diretor da Civilian Saucer Investigation, da Nova Zelândia, agiu de forma semelhante.

O Assédio Continua
O médico e hipnotizador Herbert Hopkins estudava uma suposta abdução ocorrida no estado do Maine, em 1976. Sozinho em casa, recebeu certa noite o telefonema de um homem que dizia representar um grupo de pesquisas de OVNIs de Nova Jersey (Hopkins viria a apurar que o grupo era fictício). O homem propôs que conversassem a respeito do seqüestro, e Hopkins concordou – mais tarde ele refletiria acerca dos motivos que o teriam levado a aceder tão prontamente.
O desconcertante é que Hopkins não estranhou o fato de, dali a poucos instantes, o homem – trajando impecáveis terno e gravata pretos, e uma camisa branca resplandecente – já estar batendo à sua porta. O homem era imberbe, calvo e não possuía sobrancelhas ou cílios. O rosto era inteiramente branco, e a boca realçada parecia usar batom. Hopkins sentou-se ao lado do estranho e revelou-lhe detalhes do caso. A um certo momento, notou que o homem falava cada vez mais devagar, como em câmera lenta. Seus movimentos estavam vacilantes quando se levantou para ir embora. Despediu-se falando: “Minha energia está acabando. Hora de ir. Até logo”. Só depois que o homem saiu, a passos trôpegos, Hopkins se deu conta da estranheza do encontro.
Talvez o mais assombroso e inacreditável caso envolvendo HDP seja o de Set Murphy. A investigação por ele conduzida em 1976 no povoado de Thomasville, Geórgia, levou-o a concluir que todos os adolescentes na faixa dos catorze aos vinte anos haviam sido seqüestrados pelos HDP e por eles convertidos em agentes hipnotizados, cuja missão consistia em vigiar de perto ou assassinar pessoas contatadas por OVNIs. Murphy, no entanto, não conseguiu juntar provas consistentes disso e, um dia, ao voltar para casa, constatou que sua família havia desaparecido. A palavra stendeck – abreviatura em inglês de stay on deck (mantenha-se coberto) – anotada em um pedaço de papel sobre sua mesa, o fez abandonar seus negócios e seu país.

Colcha de Retalhos
A revista norte-americana UFO viu-se às voltas com o assédio dos HDP em 1977. Às 18h, todos tinham ido embora, menos o editor Jeff Goodman, que ficara trabalhando em um projeto especial. O telefone tocou, e do outro lado da linha um homem com voz cavernosa advertiu: “Pela sua segurança pessoal, não se aprofunde no fenômeno OVNI. Evidentemente, desconhece a gravidade do que investiga. O preço a pagar por indiscrições nessa área é muito mais alto do que imagina”.
A partir de então, fatos estranhos começaram a acontecer. Notaram um carro preto estacionado em frente à residência de Charles Cowler, diretor associado da revista, e em frente aos escritórios da Official UFO, em Nova York. Durante as chamadas telefônicas ouvia-se zumbidos insuportáveis. Os editores se sentiam vigiados. O mais bizarro foi a chegada de um novo e estranho companheiro de redação, o senhor Ron, que não sabia comportar-se socialmente e ignorava a forma correta de utilizar um talher.
Cowley recebeu um telefonema em que lhe ameaçaram: “Ouça com atenção! O senhor não imagina quão próximo encontra-se da morte. O senhor está sendo vigiado. Cada movimento seu é monitorado. Guarde bem as fotos tiradas por um de seus profissionais. Se o senhor vier a publicá-las, morrerá”. Até então, ninguém tinha prestado atenção nas fotos tiradas casualmente por Jack Clakeley em Petulie, Ohio, em que apareciam a figura de um humanóide e de um objeto oval suspenso no ar. No dia seguinte, 16 de dezembro, três homens usando ternos escuros e óculos de sol assaltaram a redação, ameaçando jogar o editor do 12º andar caso não entregassem as fotos, trancadas no cofre. Depois de arrombá-la e confiscarem o material, um deles disse a Goodman: “O senhor é um homem de sorte”.
Pensou-se inicialmente que os HDP fossem agentes do governo – da CIA ou das Forças Armadas. Tal suposição perdeu força com o tempo, provavelmente porque as excentricidades dos HDP extrapolaram o campo das conspirações federais. Certos autores chegam ao cúmulo de sugerir serem eles provenientes de tribos indígenas do Círculo Polar Ártico, as quais estariam a serviço de extraterrestres.
Um dos pioneiros da ufologia, John A. Kell, relatou no capítulo 9 de seu livro Our Haunted Planet, experiências pessoais com os HDP. No primeiro ano em que passou a dedicar-se em tempo integral aos OVNIs, foi várias vezes seguido por Cadillacs negros nas estradas secundárias. Checando registros de motéis, constatou reservas feitas em seu nome acompanhadas de mensagens sem sentido.
Certa noite, foi despertado por um vulto parado ao lado de sua cama. Recebia telefonemas em que lhe ditavam mensagens do “povo do espaço”. Kell sentia-se perdido em uma terra de fantasias demoníacas encravada no centro do mundo real. Encontrando na história e na ufologia referências a entidades vestidas de preto, concluiu que “os emissários do demônio do passado foram substituídos pelos modernos homens de preto”.
Kell perdeu a fé na hipótese de visitas alienígenas, e passou a defender que o enigma dos discos voadores é apenas um fio de uma linha numa gigantesca colcha de retalhos.

FONTE: Cláudio Tsuyoshi Suenaga

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