MARCAS DE CORTES NO FÓSSIL DA AVE-ELEFANTE DE MADAGASCAR (FOTO: ZOOLOGICAL SOCIETY OF LONDON)
Nova pesquisa derruba antiga teoria de quando a ilha começou a ser abrigo de antigas populações
A análise de ossos de uma ave-elefante, que já foi a maior ave do mundo, revelou que os humanos chegaram à ilha de Madagascar seis mil anos antes do que se pensava, conforme estudo publicado na revista Science Advances.
Cientistas da Sociedade Zoológica de Londres (SZL), organização internacional de conservação, descobriram que fósseis das extintas aves-elefante (Aepyornis Mullerornis) mostram marcas de corte e fraturas que são resultados de caça e abates.
Pesquisas anteriores apontavam que a habitação em Madagascar começou entre 2,4 e 4 mil anos atrás. Contudo, usando técnicas de datação por radiocarbono, a análise do fóssil determinou que já havia humanos em na ilha há 10,5 mil anos. Com isso, as ossadas se tornam as primeiras evidências conhecidas de pessoas no local.
"Já sabemos que a megafauna de Madagascar, como elefantes, hipopótamos, tartarugas gigantes e lêmures gigantes, se extinguiu há menos de mil anos. Há várias teorias sobre o motivo, mas a extensão do envolvimento humano não está clara", disse James Hansford, do Instituto de Zoologia da SZL. "Nossa pesquisa demonstra que uma teoria de extinção diferente é necessária para entender a perda de biodiversidade que ocorreu na ilha. Os humanos parecem ter coexistido com aves-elefantes e outras espécies extintas há mais de nove mil anos."
REPRESENTAÇÃO ARTÍSTICA DA AVE-ELEFANTE (MULLERORNIS AGILIS) (FOTO: DFOIDL/WIKIMEDIA COMMONS)
"Esta descoberta transforma a ideia das primeiras chegadas humanas. Sabemos que no final da Era do Gelo, quando os humanos usavam apenas ferramentas de pedra, havia um grupo de pessoas que chegou a Madagascar", falou Patricia Wright, da Universidade Estadual de Nova York em Stony Brook, nos Estados Unidos, na pesquisa. "Não conhecemos a origem dessas pessoas e não encontraremos mais dados arqueológicos, mas sabemos que não há evidências de seus genes nas populações modernas."
Os ossos das aves-elefante estudadas neste projeto foram encontrados em 2009 no Rio de Natal, no centro-sul de Madagascar. A região é "leito" de fósseis, contendo uma rica concentração de restos de animais antigos.
FONTE: REVISTA GALILEU
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