DETALHE DO ALTAR MAIA MOSTRA O REI CHAK TOOK ICH'AAK, O GOVERNANTE DE LA CORONA (FOTO: GUATEMALA'S NATIONAL MUSEUM OF ARCHAEOLOGY AND ETHNOLOGY)
Inscrições em calcário revelam a disputa do Reino da Serpente pelo domínio do trono maia
Uma descoberta em um pequeno sítio arqueológico na Guatemala desvendou uma trama pela disputa do reino maia digna de 'Game of Thrones'. Um altar de 1,5 mil anos repleto de inscrições em calcário foi encontrado nas ruínas de La Corona, perto das fronteiras com o México e Belize, e conta as estratégias da dinastia de Kaanul para chegar ao poder.
Com 1,46 metro por 1,2 metro, contém a inscrição hieroglífica correspondente que mostra o rei Chak Took Ich'aak, o governante de La Corona, "sentado e segurando um cetro do qual emergem dois deuses protetores da cidade". Outras descobertas permitiram aos pesquisadores determinar que o rei Chak Took Ich'aak também governou a cidade vizinha de El Peru-Waka, cerca de 20 anos depois.
Tomás Barrientos, co-diretor de escavações e investigações no local, diz que essas evidências mostram que a dinastia Kaanul, também conhecida como Reino da Serpente, desenvolveu um movimento político em La Corona que lhes permitiu derrotar seus "arquirrivais" em 562 e depois governar as terras baixas maias no sudeste da Mesoamérica por dois séculos.
Esse movimento político foi baseado em alianças com pequenas cidades ao redor de Tikal antes do empurrão final da vitória. Juntamente com essas revelações, os pesquisadores também encontraram detalhes de um casamento entre uma princesa do Reino da Serpente e um Rei da Coroa.
"Este altar nos mostra uma parte da história da Guatemala e, neste caso, cerca de 1.500 anos atrás, eu chamaria isso de a versão maia histórica de Game of Thrones", acrescentou ele, comparando a manobra do reino de Kaanul com a disputa pelo controle dos Sete Reinos.
INSCRIÇÕES REVELAM A LUTA DO REINO DA SERPENTE PELA CONQUISTA DO TRONO MAIA. (FOTO: GUATEMALA'S NATIONAL MUSEUM OF ARCHAEOLOGY AND ETHNOLOGY)
De acordo com Barrientos, a descoberta preenche lacunas históricas sobre as relações políticas da cultura maia. "É uma obra de arte de alta qualidade que nos mostra que eles eram governantes entrando em um período de grande poder e que estavam se aliando a outros para competir, neste caso, com Tikal”.
O Reino da Serpente expandiu-se de sua capital, Dzibanche, para o atual norte da Guatemala, Belize e o estado mexicano de Campeche, mas foi finalmente derrotado por Tikal. "Ter informações sobre o que aconteceu a seguir, como eles estavam tramando uma estratégia política aqui, nos ensina muito sobre política naqueles tempos e a luta por território", disse Barrientos.
A cultura maia atingiu seu apogeu durante o período clássico entre os anos de 250 e 900, antes de entrar em sua fase de declínio, que se estendeu por mais 300 anos antes de desaparecer.
FONTE: REVISTA GALILEU
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