CONCEPÇÃO ARTÍSTICA DO OUMUAMUA (FOTO: ESA/HUBBLE, NASA, ESO, M. KORNMESSER)
Foi em 2017 que o Oumuamua deixou o Sistema Solar após uma breve visita, mas a astronomia nunca mais deixou de pesquisar o curioso visitante espacial. Desde que o telescópio Pan-STARRS 1, no Havaí, descobriu o objeto intergalático, em outubro daquele ano, os cientistas buscam entender do que se tratava.
Depois de suspeitas de que o Oumuamua poderia ser uma nave alienígena, pesquisas confirmaram se tratar de um cometa, com gases que emanam de sua superfície provocando pequenas variações em sua trajetória.
A busca que seguiu foi para descobrir de onde ele veio. Em março deste ano, astrônomos da Universidade de Toronto, no Canadá, utilizaram modelos computacionais com os dados da trajetória do ’Oumuamua para tentar desvendar sua origem, e concluíram que provavelmente tenha nascido em uma estrela binária.
Segundo Alan Jackson, que comandou a pesquisa, grandes objetos rochosos dificilmente vêm de sistemas com uma única estrela, como o Solar.
Agora foi a vez de uma equipe de astrônomos liderados por Coryn Bailer-Jones, no Instituto Max Planck de Astronomia, na Alemanha, que mergulhou nos dados coletados pela Missão Gaia, que busca mapear a Via Láctea, para tentar descobrir de que canto ele veio.
TRAJETÓRIA DO OUMUAMUA NO SISTEMA SOLAR (FOTO: ESA)
Os cometas são sobras da formação de sistemas planetários, e é possível que Oumuamua tenha sido ejetado de sua estrela natal enquanto os planetas ainda estavam se formando.
Para procurar a sua casa, os astrônomos tiveram que rastrear no tempo não apenas a trajetória do cometa interestelar, mas também uma seleção de estrelas que talvez tenham se cruzado com esse objeto nos últimos milhões de anos.
“Gaia é uma poderosa máquina do tempo para esses tipos de estudos, pois fornece não apenas posições de estrela, mas também seus movimentos”, explica Timo Prusti, cientista da Agência Espacial Europeia (ESA) responsável pela Gaia.
Os dados de Gaia contêm posições, indicadores de distância e movimentos no céu para mais de um bilhão de estrelas em nossa galáxia. Mais importante ainda, o conjunto de dados inclui a velocidade que de sete milhões de estrelas estão se movendo em direção ou para longe de nós, permitindo uma reconstrução completa de suas trajetórias.
Como resultado, Coryn e seus colegas identificaram quatro estrelas cujas órbitas tinham ocorrido em poucos anos-luz de Oumuamua no passado próximo, e com velocidades relativas baixas o suficiente para serem compatíveis com prováveis mecanismos de ejeção.
São estrelas anãs — com massas similares ou menores que as do nosso Sol — e tiveram seu encontro "próximo" com o cometa interestelar entre um e sete milhões de anos atrás. O mistério, no entanto, ainda está longe de ser decifrado.
Nenhuma das novas candidatas é conhecida por abrigar planetas ou fazer parte de um sistema solar binário, o que contraria a previsão dos pesquisadores canadenses, e a própria lógica de que um planeta gigante ou com uma estrela companheira seriam os exemplos de mecanismos que provavelmente expeliriam um objeto como o Oumuamua.
Ter uma resposta precisa sobre o enigma do primeiro mensageiro (Oumuamua em havaiano) pode demorar. A esperança é que a próxima rodada de dados da Missão Gaia, previstos para a próxima década, forneça muito mais informações sobre velocidades radiais das estrelas de nossa galáxia, permitindo conhecer a trajetória de muitas outras estrelas.
FONTE: REVISTA GALILEU
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