A Grande Nuvem de Magalhães, fotografada através de uma pequena lente com uma câmara DSLR modificada para realçar as nuvens moleculares.
Crédito: Andrew Lockwood
Os astrônomos pensam que duas das galáxias mais próximas da Via Láctea - a Grande e a Pequena Nuvens de Magalhães - podem ter tido uma terceira companheira.
Uma investigação publicada esta semana descreve como uma outra galáxia "luminosa" foi provavelmente engolida pela Grande Nuvem de Magalhães há 3-5 mil milhões de anos.
O estudante de mestrado do ICRAR (International Centre for Radio Astronomy Research), Austrália, Benjamin Armstrong, autor principal do estudo, disse que a maioria das estrelas na Grande Nuvem de Magalhães gira no sentido dos ponteiros do relógio em torno do centro da galáxia. Mas, excecionalmente, algumas estrelas orbitam no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio.
"Pensou-se, durante algum tempo, que estas estrelas podiam ter vindo da sua galáxia companheira, a Pequena Nuvem de Magalhães," comenta Armstrong. "A nossa ideia era que essas estrelas podiam ter vindo de uma fusão com outra galáxia no passado."
Armstrong, da Universidade da Austrália Ocidental, usou modelos de computador para simular fusões de galáxias.
"O que descobrimos é que neste tipo de evento de fusão, podemos obter uma contra-rotação bastante forte depois da ocorrência de uma fusão," salienta. "Isto é consistente com o que vemos quando observamos as galáxias."
As Nuvens de Magalhães podem ser observadas no céu noturno a olho nu e são conhecidas há milhares de anos pelas culturas antigas. A Grande Nuvem de Magalhães é relativamente pequena, a 160.000 anos-luz de distância, enquanto a Pequena Nuvem de Magalhães fica a aproximadamente 200.000 anos-luz.
Armstrong disse que a descoberta poderá ajudar a explicar um problema que tem intrigado os astrônomos durante anos - o porquê de as estrelas na Grande Nuvem de Magalhães serem geralmente ou muito antigas ou muito jovens.
"Nas galáxias, existem estes grandes objetos chamados enxames globulares," explica. "Os enxames estelares contêm muitas, muitas, muitas estrelas que são todas de idades bastante semelhantes e formadas em ambientes idênticos. Na Via Láctea, os enxames globulares são todos muito antigos."
"Mas na Grande Nuvem de Magalhães, temos enxames muito antigos e muito jovens - e nada intermédio." Armstrong realça que este problema é conhecido como "diferença de idades".
"Dado que na Grande Nuvem de Magalhães podemos constatar novamente formação estelar, tal poderá ser indicativo de uma fusão galáctica," explica.
Armstrong disse que o achado também pode ajudar a explicar porque é que a Grande Nuvem de Magalhães parece ter um disco espesso. "O nosso trabalho é ainda muito preliminar, mas sugere que este tipo de processo pode ter sido, no passado, responsável pelo disco mais espesso."
A investigação debruça-se sobre perguntas pertinentes que os astrônomos podem começar a examinar. "Trata-se criar uma nova ideia, uma nova maneira de encarar um problema antigo," comentou.
O estudo foi divulgado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
A Grande e a Pequena Nuvens de Magalhães.
Crédito: Andrew Lockwood
Uma imagem de luminosidade invertida das Nuvens de Magalhães, uma exposição de duas horas usando uma DSLR com seguimento do céu e uma lente de 50mm, que mostra conchas de marés em torno da Grande Nuvem de Magalhães, uma ponte de estrelas que liga as duas galáxias e cirros galácticos no plano da frente.
Crédito: Andrew Lockwood
FONTE: ASTRONOMIA ONLINE
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