HISTÓRIA EM QUADRINHOS DE 2 MIL ANOS (FOTO: CNRS HISOMA)
Imagens pintadas em parede de túmulo contam uma versão mitológica da criação da cidade de Capitolias
Um túmulo localizado no atual território da Jordânia, no Oriente Médio, chamou a atenção de arqueólogos: nele, há 260 imagens ordenadas de forma a contar a história da formação da cidade das Capitolias, e provavelmente de seu fundador ali enterrado, com formas arcaicas de balõezinhos de fala que representam uma história em quadrinhos de 2 mil anos de idade.
Duas câmaras funerárias e um grande sarcófago de basalto foram descobertos por uma escavadeira mecânica que trabalhava na encosta de uma colina, em frente a uma escola da vila de Bayt Ras, no norte do país, em 2016.
O túmulo está localizado no local da antiga cidade das Capitolias, que foi fundada no final do primeiro século e fazia parte da Decápolis, uma região que reunia cidades com influências das culturas grega e romana, entre a Jordânia e a Síria.
Em outros túmulos da Decápole, a mitologia também está representada, mas as falas representadas fornecem informações preciosas para os arqueólogos.
“As inscrições são realmente semelhantes às bolhas de fala nos quadrinhos, porque descrevem as atividades dos personagens ("Estou cortando pedra", "Ai de mim! Estou morto!"), o que é extraordinário ", conta o pesquisador francês Jean-Baptiste Yon, do consórcio internacional de especialistas criado pelo Departamento de Antiguidades da Jordânia.
A LIMPEZA DA ÁREA DAS CAPITOLIAS, COM A AJUDA DE DIONÍSIO E OUTROS DEUSES. (FOTO: CNRS HISOMA)
A história começa com divindades provando ofertas recebidas por humanos, e segue com homens trabalhando a terra, colhendo frutos, até que recebem ajuda dos deuses para derrubar árvores, um assunto extremamente raro em imagens greco-romanas.
O conto segue em outro painel, com representações de arquitetos — ou capatazes — vigiando o trabalho pesado de pedreiros, cortadores de pedra e carregadores, muitos vítimas de acidentes. "Ai de mim! Estou morto!", seguido por um padre que oferece sacrifício para os deuses guardiões da cidade.
Finalmente, expostas no teto e nas paredes dos dois lados da entrada, há uma composição mais clássica evocando o Nilo e o mundo marinho, em que ninfas conduzem animais aquáticos flanqueados por cupidos, enquanto um medalhão central combina signos do zodíaco e planetas ao redor.
"De acordo com a nossa interpretação, há uma boa chance de que a figura enterrada na tumba seja a pessoa que se representou enquanto oficiava na cena do sacrifício da pintura central, e que consequentemente foi o fundador da cidade ", comenta outro pesquisador, Pierre-Louis Gatier. "Seu nome ainda não foi identificado, embora possa estar gravado na porta, que ainda não foi limpa."
Essas, no entanto, não podem ser chamados de quadrinhos mais antigos do mundo,
os antigos egípcios também combinaram ilustrações e textos para contar uma história.
FONTE: REVISTA GALILEU
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