CRATERA GALE, DE MARTE, ONDE JÁ FOI IDENTIFICADO METANO NO PASSADO (FOTO: NASA/JPL-CALTECH/ASU/UA)
Satélite europeu não conseguiu identificar a substância, dividindo especialistas e contrariando pesquisas anteriores
Pesquisadores relataram que um satélite europeu não detectou nenhum traço de metano na superfície de Marte. A informação pode complicar desejos científicos de saber se micróbios estão expelindo a substância no subsolo do planeta vermelho.
O gás é um indicador crítico de vida na Terra e foi identificado pela primeira vez na superfície marciana em 2004 pelo orbitador Mars Express. O nível fora de 10 partes por bilhão (ppb) – medida de concentração para componentes muito diluídos. Contudo, especialistas afirmaram que instrumentos desta missão não eram sensíveis o suficiente para produzir resultados confiáveis.
Em 2014, a sonda Curiosity, da NASA, detectou um pico de metano de 7 ppb na cratera Gale durante meses. Anos depois, foi descoberto um pequeno ciclo sazonal, com os níveis de metano chegando a 0,7 ppb no final do verão setentrional (do norte).
Para resolver esse mistério, o Trace Gas Orbiter (TGO), da Agência Espacial Européia, começou a analisar a presença de metano na atmosfera de Marte. Dois dos espectrômetros do TGO – um instrumento belga chamado NOMAD e um russo chamado ACS – foram projetados para detectar a substância em concentrações muito baixas.
Ambos os instrumentos, que analisam níveis horizontais da atmosfera marciana iluminada pelo Sol, estão funcionando bem. "Mas já sabemos que não podemos ver nenhum metano", afirmou Ann Carine Vandaele, astrônoma do Instituto Real Belga para Aeronáutica Espacial, em Bruxelas.
Os resultados mostram que não há detecção de metano até o nível de 50 partes por trilhão (ppt), com suas observações indo até quase a superfície marciana. Para Chris Webster, cientista do Jet Propulsion Laboratory, nos Estados Unidos, isso é uma surpresa. Ele esperava que TGO captasse pelo menos um sinal de 0,2 ppb.
Contudo, o pesquisador está otimista. Ele e sua equipe levaram seis meses para detectar o pico de metano e demoraram anos para encontrar o ciclo sazonal. "Estou confiante de que, com o tempo, haverá uma consistência entre os dois conjuntos de dados."
Pesquisadores da sonda Curiosity suspeitam que o ciclo do metano vem de microssistemas no subsolo do planeta vermelho, seja de fontes vivas ou geológicas, e não de fora de sua atmosfera. "O metano não está vindo de cima", disse Webster.
Segundo John Moores, cientista da Universidade de York, no Canadá, toneladas de carbono orgânico caem na atmosfera marciana vindas de poeira do Sistema Solar. Essa quantidade reage com a radição do Sol e forma metano. Contudo, ele acredita que os resultados da última pesquisa estão confusos pois não mostra onde está o carbono.
É improvável que a cratera de Gale seja o único local em Marte para detectar metano e carbono, declarou Sushil Atreya, da Universidade de Michigan em Ann Arbor. Mas mesmo se houver 5 mil infiltrações destes componentes, o sinal detectável na atmosfera será pequneo. "Fiz o cáluclo. Em média, será um valor muito baixo, não detectável", falou.
Por enquanto, o mistério do metano continua. O TGO continuará funcionando até 2022. Seus dados ficarão mais precisos, mas seus limites de detecção irão diminuir. De acordo com o portal Science Mag, os cientistas talvez nunca resolvam esta questão.
FONTE: REVISTA GALILEU
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