Por George Dvorsky
No fim de novembro a sonda InSight fez a sua aterrissagem perfeita em Marte. Novas fotos vívidas tiradas do local de pouso finalmente estão dando aos controladores de missão uma ideia da paisagem ao redor da sonda estacionária — e os primeiros sinais são muito positivos.
Depois de seis anos de planeamento, US$ 814 milhões em custos de desenvolvimento e uma bem-sucedida viagem de 482 milhões de quilômetros até Marte, a receita para a NASA agora é exercitar a paciência.
InSight pousou em Elysium Planitia, uma planície localizada ao norte do equador marciano, em 26 de novembro, o que já parece uma eternidade. Ainda não vimos muito da sonda, além de uma fotografia empoeirada tirada durante a aterrissagem e uma imagem limpa mas discreta do ambiente próximo da sonda.
“Hoje conseguimos ver os primeiros vislumbres do nosso local de trabalho.”
No entanto, estamos finalmente no estágio em que os operadores da missão podem começar a revelar, muito lenta e metodicamente, os vários instrumentos da sonda, incluindo o seu braço de dois metros de comprimento.
O apêndice robótico parece estar funcionando normalmente, assim como a “Câmera de Implantação de Instrumentos” (IDC) acoplada ao cotovelo. Com o tempo, o braço será usado para pegar instrumentos científicos do deck da InSight, colocando-os suavemente na superfície marciana.
Assim que a missão estiver a todo vapor, essa ferramenta será o primeiro braço robótico a colocar instrumentos na superfície de outro planeta, incluindo um sismômetro e uma sonda de fluxo de calor.
Por ora, a Câmera de Implantação de Instrumentos da InSight está sendo usada para tirar fotos do terreno ao redor do pousador. E, rapaz, que belo lugar para a sonda aterrissar. Dá só uma olhada nessa foto:
A superfície marciana, como mostrada pela imagem da Câmera de Implantação de Instrumentos conectada ao braço robótico do InSight. Imagem: NASA/JPL-Caltech
“Hoje conseguimos ver os primeiros vislumbres do nosso local de trabalho”, disse Bruce Banerdt, investigador principal da missão da NASA, em um comunicado. “No começo da próxima semana, estaremos fazendo imagens com mais detalhes e criando um mosaico completo.”
De fato, serão necessárias mais imagens para pintar um quadro completo das novas escavações da InSight, mas esse lugar parece incrível — especialmente para uma sonda projetada para perfurar a superfície marciana.
Fotografias tiradas pelo lander mostram uma superfície relativamente plana e com poeira, livre de rochas problemáticas. Sempre houve a preocupação de que a sonda pudesse pousar em cima de uma rocha grande e parcialmente enterrada. Imagine, por exemplo, se ela tivesse aterrissado no topo de uma dessas rochas no horizonte, conforme a figura abaixo.
Vista ampliada do horizonte da Elysium Planitia, mostrando algumas pedras bem grandes ao fundo. Imagem: NASA/JPL-Caltech/Gizmodo
A InSight tem outra ferramenta de imagem, a Câmera de Contexto de Instrumentos, que irá observar o terreno próximo ao redor e abaixo do deck do lander. As fotos produzidas por essa câmera não serão tão bonitas, mas terão uma função utilitária. Infelizmente, e apesar de uma capa protetora sobre a câmera, a poeira de alguma forma conseguiu entrar na lente, de acordo com a NASA.
“Tínhamos uma capa protetora na Câmera de Contexto de Instrumentos, mas de alguma forma a poeira ainda conseguiu entrar na lente”, disse o gerente de projeto da InSight, Tom Hoffman, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA. “Embora isso seja uma infelicidade, não afetará o papel da câmera, que é tirar imagens da área em frente ao aterrissador, onde nossos instrumentos serão futuramente colocados.”
O local de pouso é maravilhosamente tranquilo, como mostra a imagem da Câmera de Implantação de Instrumentos conectada ao braço robótico da InSight. Imagem: NASA/JPL-Caltech
A NASA diz que os instrumentos da InSight podem não estar totalmente posicionados e calibrados por mais 30 a 60 dias. Um desses instrumentos, o “Subsistema de Sensor Auxiliar de Carga Útil”, irá posteriormente coletar dados meteorológicos essenciais, como velocidade do vento e temperatura do ar. Dito isso, o sensor de pressão da sonda parece estar funcionando e já detectou uma queda repentina na pressão do ar, um possível sinal de redemoinho de poeira, disse a NASA.
A superfície marciana, como mostrada pela imagem da Câmera de Implantação de Instrumentos conectada ao braço robótico do InSight. Imagem: NASA/JPL-Caltech
A NASA está deliberadamente indo devagar, como previsto no plano. A InSight, por exemplo, é equipada com um recurso que permite que qualquer leitura inesperada acione automaticamente uma “falha”. Quando isso acontece, a sonda interrompe as operações imediatamente e aguarda que os operadores avaliem a situação e deem os próximos passos necessários.
Uma das razões por trás disso tem a ver com o atraso de tempo; dada a enorme distância entre a Terra e Marte, são necessários cerca de 12,5 minutos para que as instruções cheguem à sonda. Portanto, os operadores da NASA não podem trabalhar em tempo real. A agência diz que uma falha já foi acionada, atrasando o primeiro lote de imagens que deveriam ter sido entregues à Terra no último fim de semana.
“Fizemos testes extensivos na Terra. Mas sabemos que tudo é um pouco diferente para o aterrissador em Marte, então, as falhas não são incomuns”, disse Hoffman. “Elas podem atrasar as operações, mas não estamos com pressa. Queremos ter certeza de que cada operação que realizamos em Marte é segura, por isso, configuramos nossos monitores de segurança para serem bastante sensíveis inicialmente.”
De fato, tem muito tempo de sobra, e a NASA pode se dar ao luxo de ser paciente. A missão InSight está programada para durar dois anos. À medida que as coisas comecem a funcionar, vamos saborear essas imagens notáveis tiradas da superfície de um mundo alienígena.
[NASA]
FONTE: GIZMODO BRASIL
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