Super-terras e habitabilidade
Sylvio Ferraz Mello (IAG - USP)
04/10/2018
A zona habitável de uma estrela é a região do espaço, nem tão próxima da estrela que impeça a existência de água na sua superfície, e nem tão distante dela que permita que o CO2 se condense na atmosfera formando nuvens altamente refletoras. É uma definição climatológica, sem outras implicações. Super-terras na zona habitável são alvos de primeira importância entre os planetas descobertos ao redor de outras estrelas da nossa vizinhança pela possibilidade de que possam satisfazer os requisitos necessários para a existência de vida. Diversos sistemas são hoje conhecidos com super-terras na zona habitável: Trappist 1, Kepler 22, Kepler 186, Kepler 452, Proxima Centauri, etc. Porem, não se sabe se as demais condições para a existência de vida ocorrem nesses sistemas. Por outro lado, não é possível excluir outras situações fora da zona habitável propícias à vida. Por exemplo, no nosso Sistema Solar, condições para a existência de vida podem ocorrer nos oceanos existentes sob as crostas de gelo de satélites como Europa, Encélado ou Titan.
Super-terras em sistemas planetários extra-solares não são passíveis de observação direta. Tudo o que observamos são diminuições da luz medida das estrelas quando o planeta passa na frente da estrela (trânsitos). Em alguns casos mais favoráveis, outros efeitos (variações nos tempos dos trânsitos, variações nas velocidades radiais medidas) permitem que se conheça a massa dos planetas. Como o trânsito permite que se avalie o tamanho dos planetas, com as duas informações juntas podemos determinar sua densidade e construir modelos do seu interior. Por exemplo, no caso de Corot-7b, a primeira super-Terra descoberta (que não está em zona habitável), pode-se concluir que possuí um grande núcleo metálico (como a Terra) coberto por um manto de silicatos. O estudo das interações entre o planeta e a estrela (marés) permite concluir que sua rotação é sincronizada com o movimento orbital de modo que o planeta tem sempre a mesma metade iluminada pela estrela. Por causa da grande proximidade à estrela, essa metade deve estar parcialmente coberta por um oceano de lavas, enquanto a metade escura permanece congelada.
Entendendo a formação de galáxias através das populações estelares
Carlos Eduardo Barbosa (IAG - USP)
27/09/2018
Um grande problema da astronomia extragaláctica atual é entender como as galáxias foram formadas e como elas evoluíram para chegar ao estado atual. Em particular, o grande desafio é entender isso através da informação de uma imagem atual do sistema e pouca informação adicional. Nesta palestra, apresentaremos como as populações estelares de galáxias podem ser utilizadas para elucidar este problema, incluindo seus desafios e problemas. Também apresentaremos aplicações práticas deste método, apresentando resultados de trabalhos recentes utilizando a galáxia elíptica NGC 3311, estudada por nosso grupo de pesquisa.
O Sol
Vera Jatenco (IAG - USP) 20/09
Nesta palestra apresentaremos as características gerais do Sol: sua estrutura interna, superfície e atmosfera com ênfase na atividade solar.
Missão espacial Gaia: uma nova era da Astronomia
Ramachrisna Teixeira (IAG - USP) 13/09
Há milhares de anos o Homem admira e se encanta com o céu estrelado. Através de observações cuidadosas e sistemáticas vem construindo e refinando o seu conhecimento que vai muito além dos corpos celestes que vemos. Hoje estamos dando mais um salto gigantesco. As grandezas observacionais sobre as quais repousa o conhecimento do Sistema Solar, da Galáxia e do Universo em geral, foram finalmente, abundantemente medidas e com precisões inimagináveis. A missão espacial Gaia da Agência Espacial Europeia, colocou em nossas mãos em 25 de abril de 2018, dados observacionais em quantidade e com qualidade com as quais até bem pouco tempo, nem sonhávamos. Entre eles, a grandeza mais importante de toda a Astronomia: a distância de mais de um bilhão de estrelas que nos permite dizer onde se encontram, como são e como dançam, iniciando assim, uma nova era no estudo do Universo. Não se trata de uma nova descoberta, mas sim de uma base de dados sem precedentes sobre a qual repousará o conhecimento astronômico nos próximos 30-40 anos. Desde a publicação do segundo e mais importante “release” de dados do Gaia cientistas do mundo todo estão mergulhados nesse oceano de posições, movimentos, brilhos, cores, etc., confirmando, revendo e refinando o conhecimento que temos do universo e prestes a descobrirem aquilo que nem suspeitávamos que existia. Fica aqui, o convite para penetrarmos nessa nova realidade da Astronomia e nesse momento histórico que estamos vivendo.
"Uma visão em raios X sob a região de formação estelar CMa R1", Thais dos Santos Silva (IAG - USP), 30/08
A eficiência em se utilizar observações em raios X para descobrir grandes amostras de estrelas pré-Sequência Principal tem sido demonstrada em diferentes regiões de formação estelar. Neste colóquio apresentamos: i) a origem da emissão em raios X do objetos estelares jovens; ii) o tipo de informações podemos obter a partir das observações em raios X, especificamente do satélite XMM-Newton; e iii) como a detecção de raios X nos ajudou a construir um cenário da história da formação estelar em CMa R1.
"O que é o tempo?", George Matsas (IFT - UNESP), 16/08/2018
"Se não me perguntam, eu sei. Se me perguntam, eu não sei". Essa foi a resposta dada por Agostinho de Hipona, mais conhecido como Santo Agostinho, quando questionado sobre o que é tempo. Essa é a resposta que muitos dão hoje, 15 séculos mais tarde. Mas essa não pode ser a resposta dada por físicos e astrônomos modernos que não passam um dia sequer sem falar do tempo. Neste colóquio geral responderemos à questão do que é o tempo de uma forma pragmática à luz da ciência moderna.
FONTE: Astronomia ao Meio-dia
Comentários
Postar um comentário