O físico Stephen Hawking trabalhou até os últimos dias de sua vida. Pouco antes de morrer, em março deste ano, concluiu um estudo em que buscava entender o que acontece com a informação quando os objetos caem em buracos negros.
Não entendeu nada? O assunto é complexo mesmo. O artigo, concluído por seus colegas das universidades de Cambridge e Harvard, Sasha Haco, Malcolm J. Perry e Andrew Strominger, se chama “Entropia do buraco negro e cabelo macio”, e trata do que os físicos teóricos chamam de “paradoxo de informação”.
A crença geral é que nada, nem mesmo a luz, pode escapar da força de um buraco negro, mas para Hawking e seus colegas não é bem assim. Para eles, as coisas não desaparecem sem deixar rastros no universo. Algumas informações podem ser preservadas em estruturas hipotéticas na borda de um buraco negro, chamados de “cabelos macios”.
Em 1915, Albert Einstein publicou sua teoria da relatividade geral, que descreve como a gravidade se origina dos efeitos de flexão do espaço-tempo da matéria, e por que os planetas circulam o sol. Mas a teoria de Einstein também fez importantes previsões sobre os buracos negros, que poderiam ser definido por apenas três características: sua massa, carga e rotação.
Sessenta anos depois, Hawking acrescentou um quarto elemento: a temperatura. E, como os objetos quentes perdem calor no espaço, o destino final de um buraco negro é evaporar e desaparecer.
O problema é que essa afirmação fere as regras do mundo quântico, afinal, nada desaparece. De acordo com o trabalho, ao jogar um objeto em um buraco negro, sua temperatura muda. Assim como uma propriedade chamada entropia, que é a medida da desordem de um sistema, que se eleva de acordo com o aumento da temperatura.
Os pesquisadores mostram que a entropia de um buraco negro pode ser registrada por fótons que circundam o ponto do qual a luz não consegue escapar, no centro do buraco negro. Esse brilho foi chamado de cabelo macio. "O que este trabalho faz é mostrar que 'cabelo macio' pode explicar a entropia", disse ao jornal The Guardian Malcolm J. Perry, da Universidade de Harvard.
No entanto, não põe fim ao paradoxo da informação. "Não sabemos se a entropia de Hawking é responsável por tudo o que você poderia jogar em um buraco negro, então isso é um passo ao longo do caminho", afirmou Perry.
"Se eu jogar algo dentro, é toda a informação sobre o objeto que é armazenada no horizonte desse buraco negro?", continuou. “É isso que é o que necessitamos saber para resolver o paradoxo da informação. Se é apenas metade disso, ou 99%, não é o suficiente para resolver o problema."
IMPRESSÃO ARTÍSTICA DO BURACO NEGRO (FOTO: ROBIN DIENEL/CARNEGIE INSTITUTION FOR SCIENCE)
FONTE: REVISTA GALILEU
Comentários
Postar um comentário