ESTRELAS AO REDOR DE SAGITÁRIO A*, NO CENTRO DA VIA LÁCTEA (FOTO: ESO AND DIGITIZED SKY SURVEY 2. ACKNOWLEDGMENT: DAVIDE DE MARTIN AND S. GUISAR)
Observações detalhadas identificaram a presença de gás e emissão de infravermelho na região central da galáxia
O instrumento GRAVITY do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) confirmou que existe um buraco negro massivo escondido no centro da Via Láctea.Novas observações mostram aglomerados de gás girando cerca de 30% da velocidade da luz em uma órbita circular fora do horizonte de eventos. É a primeira vez que um elemento foi visto orbitando um ponto sem retorno e tão perto de um buraco negro.
O GRAVITY tem sido usado por cientistas para observar erupções de raios infravermelhos provenientes do disco de acreção (estrutura circular de materiais que orbitam um corpo central) em torno de Sagitário A* – fonte de rádio brilhante que fica na região central da Via Láctea. O instrumento combina a luz de quatro telescópios do Very Large Telescope (VLT) do ESO, criando um super telescópio virtual de 130 metros de diâmetro.
As luzes observadas confirmam que o objeto no centro da galáxia é um buraco negro supermassivo. Isso porque elas se originam de material em órbita próximo do horizonte de eventos do buraco negro.
Segundo o ESO, o ponto mais próximo de um buraco negro em que os materiais podem orbitar sem que sejam atraídos para o interior é conhecido como a órbita estável interna. E foi neste local que as luzes observadas se originaram.
"É incompreensível ver material orbitando um enorme buraco negro a 30% da velocidade da luz", disse Oliver Pfuhl, cientista do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre (EMP), na Alemanha, em anúncio. "A tremenda sensibilidade do GRAVITY nos permitiu observar os processos de acreção em tempo real com detalhes."
SIMULAÇÃO MOSTRA MATERIAL EM TORNO DO BURACO NEGRO (FOTO: ESO)
Escrito nas estrelas
No início deste ano, a GRAVITY e SINFONI, outro instrumento do VLT, mediram a estrela S2 (Source 2), quando ela passou pelo campo gravitacional perto de Sagitário A*. Pela primeira vez foi mostrado efeitos previstos pela relatividade geral de Albert Einstein em um ambiente tão extremo. Durante o sobrevoo de S2, uma forte emissão de infravermelho também foi vista.
"Estávamos monitorando de perto S2, e sempre ficamos de olho em Sagitário A*. Durante as observações, tivemos a sorte de notar três clarões brilhantes ao redor do buraco negro. Foi uma coincidência de sorte", afirmou Pfuhl.
A emissão de infravermelho, proveniente de elétrons energéticos próximos do buraco negro e visível como três explosões luminosas, corresponde às previsões teóricas de pontos quentes que orbitam o buraco negro, estimado em quatro milhões de massas solares. Acredita-se que as luzes se originam de interações magnéticas do gás quente que orbita Sagitário A*.
"Este projeto sempre foi um sonho nosso, mas não achávamos que se tornaria possível tão cedo", falou Reinhard Genzel, do EMP. "O resultado é uma confirmação do paradigma do buraco negro massivo."
FONTE: REVISTA GALILEU
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