
CALENDÁRIO INCA LOCALIZADO NO ATACAMA, NO CHILE (FOTO: MUSEU CHILENO DE ARTE PRECOLOMBIANO)
Raios de Sol ficam alinhados com as estruturas de pedra de 500 anos feitas pelos incas
No deserto do Atacama, no Chile, torres de pedra conhecidas na língua indígena como "saywas" intrigavam moradores e pesquisadores. Com cerca de 500 anos, as estruturas são remanescentes do Império Inca e ninguém sabia o motivo da existência delas – pelo menos até recentemente. Arqueólogos e astrônomos se juntaram para resolver este enigma.
Parecido com o Stonehenge, no Reino Unido, os saywas tinham o propósito simultâneo de calendário solar, religioso e político. Os especialistas identificaram que as sombras projetadas pelo Sol são capazes de identificar e prever acontecimentos astronômicos.
O fenômeno também era usado em rituais pelos antigos habitantes para transmitir o "poder sagrado" do Inca. Além disso, algumas torres de pedras eram usadas para demarcar fronteiras entre diferentes zonas climáticas. As estruturas estão espalhadas por todo deserto, perto do Qhapaq Ñan, antigos caminhos dos incas.
Para a investigação, Cecilia Sanhueza, do Museu de Arte Pré-Colombiana do Chile, estudou crônicas ilustradas do quíchua Felipe Guaman Poma de Ayala, e dicionários quechua-espanhóis do século 16. Os textos já sugeriam que os saywas eram usados como calendário astronômico e religioso. Nos solstícios de inverno e verão, acreditava-se que o deus do Sol, Inti, "descansava" sobre eles.
Sanhueza entrou em contato com as instituições de astronomia Atacama Large Millimeter Array, no Chile, e com o Observatório Europeu do Sul, na Alemanha. Os astrônomos Sergio Martin e Juan Cortés a ajudaram, fazendo simulações do amanhecer em datas selecionadas. Eles descobriram que o Sol parecia se alinhar perfeitamente com os saywas.
No equinócio de outono de 2017, a equipe esperou o nascer do sol em um local chamado Vaquillas. Jimena Cruz, integrante do grupo, antropóloga e curadora do Museu Arqueológico R. P. Gustavo Le Paige, realizou uma pequena cerimônia com folhas de coca. Como esperado, o Sol ficou diretamente no topo da linha dos saywas.
"Foi um momento muito emocionante e bonito", disse a pesquisadora Sanhueza em anúncio. Três meses depois, no solstício de inverno, os estudiosos observaram o mesmo fenômeno em outro local do deserto, que não foi especificado.
Agora Cruz está buscando voluntários para preservar as torres de pedras. Com as descobertas, os estudiosos esperam que o interesse pela herança dos indígenas do Chile sejam valorizadas.
FONTE: REVISTA GALILEU
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