Desde que astrônomos anunciaram a descoberta de um exoplaneta do tamanho da Terra a menos de cinco anos-luz de distância, a pergunta na cabeça de todo bom cadete espacial tem sido se nós, humanos, podemos colonizá-lo ou não. Não saberemos se Proxima b é habitável ou não até que possamos apontar telescópios muito poderosos em sua direção, o que não acontecerá até o ano que vem. Mas, enquanto isso, cientistas estão brincando com modelos, e um deles recentemente chegou a conclusões promissoras.
Pesquisadores descobriram que, se o Proxima b tiver uma atmosfera semelhante à da Terra, ele pode ser um lugar confortável de se viver. Um planeta (provavelmente) rochoso localizado a meros 40 trilhões de quilômetros de distância, o Proxima b fica exatamente na “zona habitável” de sua estrela — uma tempestuosa anã vermelha chamada Proxima Centauri —, o que significa que ele pode ter água no estado líquido e até mesmo vida. Este ainda é uma grande interrogação, mas, enquanto esperamos por mais dados, uma equipe de cientistas britânicos está tentando descobrir se o Proxima b pode ter o clima estável e as temperaturas razoáveis necessárias para a vida.
Os pesquisadores então se viraram para o Met Office Unified Model, um dos principais modelos para estudar o clima aqui da Terra. A equipe modificou o modelo para previsões extraterrestres, considerando duas potenciais atmosferas: uma semelhante à da Terra, rica em nitrogênio e oxigênio, e uma atmosfera de apenas nitrogênio, contendo traços de CO2. Então eles executaram sua simulação considerando algumas órbitas hipotéticas para o Proxima b, incluindo uma em que o planeta está em rotação sincronizada, com um lado diurno e um lado noturno permanentes; e uma órbita similar à de Mercúrio. Os pesquisadores também consideraram diferenças na emissão de luz da estrela, que produz mais luz infravermelha e menos luz visível do que nosso Sol.
Ao todo, as descobertas publicadas nesta semana na Astronomy and Astrophysics foram promissoras. Tanto na órbita de rotação sincronizada quanto na semelhante à de Mercúrio, o clima hipotético do planeta mostrou temperaturas de superfície estáveis propícias para a água no estado líquido, reforçando e estendendo os resultados de estudos anteriores. Embora nem todas as partes do Proxima b fossem habitáveis em todas as simulações (o lado noturno no cenário de rotação sincronizada pairava em torno de agradáveis – 128,9ºC), os modelos apontaram para regiões mornas o bastante para tornar o nosso exoplaneta vizinho um destino turístico interestelar muito aceitável.
No entanto, há várias ressalvas. A primeira e mais importante é que esses modelos presumem que o Proxima b tem uma atmosfera, o que pode não ser nem um pouco o caso. Na verdade, como outro estudo de modelo recente demonstrou, planetas em órbitas apertadas em torno de estrelas anãs vermelhas podem estar sendo amarrados por um número insano de erupções solares de alta energia, despindo suas atmosferas mais rápido do que elas podem se refazer. Sem atmosfera, sem rios, lagos ou oceanos. Ou seja, sem a vida como a conhecemos.
O modelo também tem outras limitações — por exemplo, ele não considerou com o que a superfície do Proxima b se parece. Como sabemos a partir de estudos sobre o clima da Terra, a mistura de terra, água e gelo cobrindo nosso planeta tem um enorme impacto em sua temperatura.
Avi Loeb — chefe do departamento de astronomia de Harvard e orientador da Breakthrough Starshot, uma iniciativa para enviar uma sonda interestelar ao sistema Alpha Centauri (que inclui a Proxima Centauri) — chamou os resultados do estudo de “encorajadores”, mas concordou que eles estão “pressupostos na presença de uma atmosfera ainda a ser vista”. O próximo passo, contou Loeb ao Gizmodo, é observar e descobrir se o Proxima b de fato tem uma atmosfera. E, se tiver, descobrir do que ela é feita.
Ambas as perguntas exigem telescópios mais poderosos do que os nossos atuais, mas a tecnologia está a caminho. Enquanto isso, estudos como esse injetam esperança na busca por mundos habitáveis além da Terra, servindo para inspirar cientistas e motivá-los a conduzir investigações mais profundas.
[Astronomy and Astrophysics]
Imagem do topo: ESO/M. Kornmesser
FONTE: GIZMODO BRASIL
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