A astronomia precisa de coisas caras, e muitas delas. Você pode lembrar que os astrônomos quase que literalmente transformaram a Terra em um telescópio para ver um buraco negro, ao combinar muitos telescópios de rádio existentes.
Existem telescópios em diversos lugares diferentes: no Havaí, no deserto chileno, temos até um no Polo Sul. Mas a África tem muitas antenas de telecomunicação antigas sendo usadas para um novo propósito. E, agora, uma dessas antenas em Gana está sendo transformada no primeiro radiotelescópio africano fora da África do Sul. A Nature explicou:
O telescópio em Kuntunse, perto de Acra, é o primeiro de vários instrumentos desses que devem ser construídos ao longo da África nos próximos cinco anos e faz parte de planos a longo prazo para desenvolver as habilidades dos astrônomos do continente. Ele fez sua primeiras observações nesse ano e vai ser formalmente inaugurado ainda em 2017.
A história começou com uma busca no Google Maps por antenas de telecomunicações abandonadas alguns anos atrás, o que por fim levou o cientista sul-africano Michael Gaylard até a antena em Gana. Desde então, Gaylard faleceu, mas agora cientistas estão levando em frente a empreitada, o que não tem sido fácil. Telescópios geralmente são construídos com proporções específicas, mas dessa vez os engenheiros precisam primeiro adaptar seus planos com o que já existe. Eletricidade e conexão de internet estáveis também têm sido um problema.
A África oferece uma boa localização para interferometria de longa linha de base (VLBI na sigla em inglês) — a combinação de dados de vários telescópios tirados ao mesmo tempo —, especialmente se os cientistas quiserem tirar uma foto do buraco negro que está no centro da nossa galáxia Via Láctea. Dan Marrone, astrofísico experimental da Universidade do Arizona, me disse que o centro da nossa galáxia está ao sul do equador celestial. Isso quer dizer que telescópios de rádio mais ao norte, como aqueles na Europa, o veem bem baixo no horizonte — lugares como Gana, Zâmbia, Quênia e Madagascar têm uma vista muito melhor. É claro, os cientistas desses lugares podem querer praticar astronomia sozinhos, sem o VLBI.
O financiamento tem vindo da África do Sul, de acordo com a reportagem da Nature, onde o Square Kilometer Array lab (SKA) espera se beneficiar de mais antenas no continente. O SKA vai consistir de um quilômetro quadrado de antenas parabólicas espalhadas através da Austrália e África do Sul para fazer astronomia de rádio de alta resolução. A African Renaissance e o International Co-Operation Fund também deram cerca de US$ 9 milhões para o projeto até agora. Os astrônomos de Gana poderão usar o experimento para olhar qualquer fonte de ondas de rádio, como pulsares.
Então vamos todos olhar para os céus.
[Nature]
FONTE: GIZMODO BRASIL
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