Os buracos negros fazem o tipo forte, silencioso — um velho enigma. O telescópio Hubble estima aproximadamente 100 milhões de buracos negros apenas em nossa galáxia, mas, por sua força gravitacional ser tão intensa, a luz não pode escapar deles. Mesmo com os equipamentos mais avançados, os buracos negros “perdidos”, vagando pelo espaço, são quase impossíveis de se encontrar.
Mas uma nova pesquisa de um grupo de cientistas da Universidade Keio, no Japão, pode mudar tudo na caça por esses gigantes evasivos. Inicialmente, a equipe decidiu observar o gás molecular ao redor de uma remanescente de supernova chamada W44, localizada a 10 mil anos-luz de distância de nosso sistema solar.
Entretanto, após usar o telescópio ASTE, no Chile, e o Rádio-Telescópio 45-m no Nobeyama Radio Observatory, no Japão, pesquisadores descobriram uma movimentação estranha dentro dessa nuvem molecular, que apelidaram de “Bullet”, movimentando-se a 360.000 km/h. A equipe postulou que um buraco negro escondido poderia estar causando a atividade incomum e decidiu estudar o assunto de forma mais aprofundada. Suas descobertas foram publicadas em janeiro, no Astrophysical Journal Letters.
“Maior parte da ‘Bullet’ tem um movimento de expansão com velocidade de 50 km/s, mas a ponta da ‘Bullet’ tem uma velocidade de 120 km/s”, disse, em um comunicado à imprensa, Masaya Yamada, estudante de pós graduação da Universidade Keio e líder do estudo. “Sua energia cinética é algumas dezenas de vezes maior do que a injetada pela supernova W44. Parece impossível que possa gerar tamanha nuvem de energia sob ambientes comuns.”
O grupo sugeriu que um dos dois cenários a seguir pode ter causado a “Bullet”: um “modelo de explosão” ou um “modelo de irrupção”. No primeiro, gases densos próximos ao buraco negro desencadeiam uma explosão, acelerando o gás em nossa direção. No segundo, o buraco negro dá origem a um fluxo de gás de alta velocidade. A equipe ainda não tem certeza sobre qual das duas possibilidades é mais possível, mas irá investigar mais profundamente a situação, utilizando o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), no Chile, um rádio-observatório constituído por 66 antenas.
Imagem: Universidade Keio
Os pesquisadores esperam que seu método, de estudar movimentos dentro de nuvens de gás, os ajudará a revelar mais buracos negros, porque esses trapaceiros não vão se revelar por conta própria. Em janeiro, cientistas das universidades de Durham e Southampton encontraram “buracos negros monstruosos” no centro das galáxias próximas à nossa própria Via Láctea, envoltas por trás de nuvens de gás e poeira. Talvez o método da Universidade de Keio ajude a encontrar mais algumas dessas feras furtivas e outros buracos negros menores em nossa galáxia também.
“Encontramos uma nova maneira de descobrir esses buracos negros evasivos”, afirmou Tomoharu Oka, membro da equipe.
Imagem do topo: Universidade Keio
[Nobeyama Radio Observatory]
FONTE: GIZMODO BRASIL
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