MONUMENTO CONSTRUÍDO PELOS TIWANAKU (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)
Novo estudo desvenda hábitos de uma das primeiras civilizações andinas, que viveram há mais de 1,1 mil anos
Muito antes do Império Inca prosperar, o trecho da América do Sul ao longo da costa do Oceano Pacífico foi povoado pela civilização Tiwanaku. Localizados em uma área onde atualmente encontram-se Bolívia, Peru e Chile, os tiwanakus viveram entre 500 e 950 d.C e formaram uma das primeiras cidades andinas, que recebeu o nome Tiwanaku em homenagem aos habitantes.
Em comparação aos incas, há pouca evidência arqueológica da civilização Tiwanaku, que pode ser identificada pela grafia Tiahuanacu e Tihunaco. Como o povo não tinha uma linguagem escrita, até recentemente se sabia pouco sobre ele. Entre os fatos conhecidos, estavam que a pesca e a agricultura era uma das principais atividades, responsáveis pelo desenvolvimento da subsistência e da consolidação de poder. Os hábitos da civilização ainda incluíam o artesanato e cultos religiosos.
Um estudo divulgado recentemente pelo periódico Proceedings of the National Academy of Sciences revelou mais detalhes sobre o povo. De acordo com a pesquisa, escavações arqueológicas subaquáticas localizaram itens nas proximidades do lago Titicaca, na fronteira da Bolívia com o Peru, que contam melhor a história dos tiwanakus. Entre as descobertas estão esculturas semipreciosas, como um puma de lápis-lazúli, e iconografias religiosas, por exemplo medalhões de ouro representando divindades, simbolizando o papel da religião no local.
Além dos objetos, foram encontrados vestígios de rituais de sacrifício praticados na região habitada pela civilização. Ossadas de jovens lhamas sugerem que elas eram jogadas no lago durante os rituais, provavelmente sacrificadas com incisões na altura do peito. Em entrevista ao Instituto Smithsonian, Charles Stanish, arqueólogo da Universidade do Sul da Flórida e um dos autores do estudo, disse que os rituais provavelmente eram praticados como legitimação da elite da cultura Tiwanaku.
SÍTIO ARQUEOLÓGICOS DOS TIWANAKU (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)
Pesquisas anteriores já haviam descoberto que Tiwanaku foi uma das cidades de maior altitude no mundo antigo e chegou a ter mais de 30 mil habitantes, além de ser dividida em bairros residenciais bem definidos. A maior construção era a Pirâmide de Akapana, uma das principais áreas políticas e sagradas da região.
O desaparecimento da civilização aconteceu com a escassez de alimentos por razões climáticas, na mesma época do declínio do povo Wari, no Peru. Séculos depois, o Império Inca transformou o que restou de Tiwanaku em um importante centro de rituais, possivelmente relacionando seu legado à civilização anterior como forma de validar o poder.
"Mesmo após o seu abandono, o local continuou a ser um importante local religioso para a população local", escreveu o arqueólogo Alexei Vranich, da Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA) em um artigo para a revista Archaeology. Em 2000, Tiwanaku foi considerada Patrimônio Cultural da Humanidade. O acesso mais fácil para visitar o sítio arqueológico é a partir de La Paz, na Bolívia, que fica a 71 quilômetros do local.
FONTE: REVISTA GALILEU
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