POR SALVADOR NOGUEIRA
Após décadas de ansiosa espera da comunidade científica, a Nasa está pronta para despachar uma espaçonave não tripulada destinada a realizar voos rasantes sobre o Sol.
A sonda, chamada Solar Probe Plus, tem lançamento marcado para meados de 2018. Ela será colocada numa órbita bastante alongada em torno do Sol, similar à de um cometa de curto período. Com a ajuda de passagens de raspão por Vênus, ela irá pouco a pouco ajustando seu periélio para que ele chegue mais e mais perto do Sol.
No ponto de máxima aproximação, sua trajetória deve levá-la a cerca de 6 milhões de quilômetros da superfície de nossa estrela-mãe — dez vezes mais perto dela que Mercúrio, o mais interno dos planetas.
Nesta quarta-feira (31), a agência espacial americana realiza um evento na Universidade de Chicago para divulgar detalhes do projeto, que tem basicamente dois objetivos: compreender a dinâmica da nossa estrela num nível de detalhamento sem precedentes, estudando em particular a coroa solar, e com isso ajudar a proteger a Terra de supertempestades solares — eventos que, em princípio, poderiam afetar nossos equipamentos elétricos e causar trilhões de dólares em prejuízos.
Um dos maiores enigmas que a sonda poderá decifrar é o porquê de a atmosfera solar ser milhões de graus mais quente que a fotosfera — a superfície do Sol, que tem relativamente modestos 5.600 graus Celsius.
Há muito tempo os cientistas vêm querendo investigar isso, mas para tanto precisam enviar uma sonda até lá. E só agora a tecnologia chegou a um ponto em que a Nasa se sente confiante de que poderá realizar a missão com sucesso.
Os equipamentos da Solar Probe Plus — uma câmera e diversos sensores de partículas e campos magnéticos — estão todos escondidos atrás de um avançado escudo térmico feito de materiais compostos de carbono. Enquanto o lado voltado para o Sol enfrentará uma fritura de cerca de 1.400 graus Celsius, os sistemas eletrônicos estarão em temperatura ambiente.
Isso se tudo der certo.
Independentemente do sucesso, graças à poderosa gravidade solar, a sonda será a mais rápida a viajar por essas bandas — em sua passagem mais próxima pelo Sol, ela estará voando a inacreditáveis 720 mil km/h! São 200 km a cada segundo, o equivalente a 0,07% da velocidade da luz!
O objetivo da missão é realizar 24 órbitas ao redor do Sol, entre 2018 e 2025. E ela não estará sozinha. A ESA (Agência Espacial Europeia) também está planejando uma sonda dedicada a observar nosso astro-rei de perto. Chamada de Solar Orbiter, ela deve decolar em outubro de 2018, mas não chegará tão perto quando a Solar Probe Plus.
Em ambos os casos, contudo, como toda espaçonave a voar por território desconhecido, espera-se que elas tragam não só muitas respostas a velhas perguntas, mas sobretudo novas perguntas que nos guiem na investigação dos segredos mais íntimos do Sol e das estrelas.
FONTE: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br
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