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Conversa sobre enviar cães ao espaço e inspirar crianças com o astronauta mais legal do mundo



Leland Melvin é um ser humano fascinante. Ele foi draftado para a NFL, voou na Final Frontier (duas vezes) e agora escreveu um livro chamado Chasing Space. Na internet, o ex-astronauta da NASA é mais conhecido por sua inesquecível foto com seus dois cães, Jakke e Scout, que agraciaram a capa de seu novo livro de memórias. O Gizmodo se encontrou com Melvin para falar sobre diversidade nos campos STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática), educação e, é claro, cãezinhos no espaço.

A gente também dançou músicas do Pitbull — duas vezes. Abaixo, uma versão levemente editada e condensada da entrevista.

Rae Paoletta: Por que sua vida é tão legal?

Leland Melvin: Minha vida é “legal”? Do que você está falando?

RP: Hum, você foi jogador de futebol americano, astronauta — esses são, tipo, o sonho de todas as crianças, exceto pelos funcionários do Jurassic Park.

LM: Nunca planejei nada disso, apenas fui levado para esses espaços. Muita gente me apoiou e disse que eu poderia tentar diferentes coisas. Essa coisa toda espacial nunca foi algo que me imaginei fazendo.

Ryan F. Mandelbaum: Ainda quero saber como é que alguém joga futebol americano e vai para o espaço. Como é que isso acontece?

LM: Teve muito trabalho, muita disciplina. Eu jogava futebol desde que estava na 5ª série. Então foram todos esses anos de preparação e o prazer da repetição. Então, eu estava em um jogo de colegial, errei um passe para touchdown na end zone e achei que meu treinador fosse me sacudir pelo meu capacete. Ele disse: “volta lá e pega a bola”, e eu voltei e peguei a bola, e isso me conseguiu uma bolsa de estudos na Universidade de Richmond.

Isso me mostrou, naquele momento, que se você não desiste — com grit, perseverança e determinação —, você consegue coisas grandiosas. Essa é minha jornada, como em The Little Engine That Could, sabe?

RFM: Quando você soube que queria se tornar um astronauta?

LM: Na turma de astronautas de 1996 de “sardinhas” — havia 45 deles, todos juntos como sardinhas. Quando meu amigo entrou, ele voou de volta para (o centro de pesquisa) Langley, da NASA, onde trabalhei com John Young — John Young andou na Lua. Então, um dia, eu estava falando com John Young, e ele disse: “Leland, você deveria se inscrever!” E eu respondi: “Bom, John Young diz que eu deveria me inscrever, então acho que eu deveria me escrever”. Então, fiz isso e entrei. Acho que isso foi em 1997.

RP: Obviamente, se tornar um astronauta é o trabalha mais legal do mundo, mas é muito difícil. Qual foi o maior desafio que você enfrentou?

LM: Eu estava em um treinamento de acidentes. Um dia, coloquei meu traje daqueles parecidos com o cara da Michelin para mergulhar nessa piscina de 22 milhões de litros para fazer treinamento de caminhada espacial, e eles esqueceram de colocar meu amortecedor lá — era um amortecedor Valsalva, que você pressiona contra seu nariz para limpar os ouvidos. O meu não estava lá, então eu não conseguia limpar meus ouvidos, perdi minha audição, havia sangue saindo da minha orelha, e meu cérebro teve que se reprogramar para eu escutar de novo. Eu não sabia se iria voar novamente. Então, as coisas simplesmente começaram a acontecer, e eu melhorei e tive a chance de voar;

RFM: Você tem feito vários trabalhos fantástico com sua defesa por diversidade em campos STEAM. Como fazemos para ter mais mulheres e pessoas de cor no espaço?

LM: Bom, primeiramente, você faz exatamente o que está fazendo agora. Nessa câmera, você está mostrando um irmão com um traje espacial e que esteve no espaço. Então, talvez exista alguma criança por aí que se pareça comigo e diga: “Ei, ele conseguiu. Eu consigo”. É algo ligado à mídia, sobre espalhar mais a mensagem por aí.

Quando fui visitar a NASA pela primeira vez, tinha uma mulher afro-americana que pegou meu braço e disse: “Leland, você vai vir trabalhar para a NASA”.

Eu disse: “Não vou, não, vou trabalhar para a DuPont ou para a Dowd”. E ela falou: “Não, você vai vir para a NASA”. Ela tinha autoridade para me contratar ali mesmo, porque eles estavam tentando se diversificar mais, e isso foi em 1989.

Pesquisas mostram que as soluções mais criativas e elegantes vêm das equipes mais diversas, de diferentes raças, gêneros. Quer dizer, todo forma de diversidade em que você possa pensar, você tem as melhores soluções quando você tem esse time trabalhando junto. Acho que fazer as pessoas se sentirem bem-vindas, independentemente do que elas trazem para a mesa, começa em ter um chefe que aprecia seu talento e seu valor.

RP: Então, falemos sobre livros! Você acabou de escrever um, chamado Chasing Space. Quais foram algumas das coisas que mais se destacaram quando você reflete sobre ele?

LM: Acho que uma das maiores coisas foram os meus pais. Quando aposentei-me da NASA, me mudei de volta para casa para ficar com meu pai. Eu tinha estado com a NASA por 24 anos… Tive uma conversa com meu pai, e ele faleceu no dia seguinte. Minha identidade como astronauta, funcionário público, foi erodida quando isso aconteceu. Então, comecei a descobrir todas essas histórias sobre pessoas da vizinhança — contaram-me que “seu pai me manteve longe da cadeira”, ou “seu pai comprou um carro para mim quando saí da reabilitação”. E então, se eu não estivesse naquele lugar naquele momento, eu não teria ouvido todas essas histórias que coloquei no livro. Tratava-se de pessoas ajudando pessoas a serem melhores. E agora sinto que é meu dever sair por aí e inspirar crianças a fazerem o que quiser, e muito disso eu peguei do meu pai.

RP: Falando de crianças e educação, se esse novo orçamento fiscal for aprovado, departamentos de educação dentro da NASA sofrerão um grande impacto. Como podemos continuar a inspirar crianças, apesar do clima político?

LM: Acho que temos que fazer as crianças se conectarem a fazer alguma coisa, não só por fazer, mas para ajudar a salvar nosso planeta. Como alguém pode ajudar você ou seu gato a não ter uma bola de pelo, por exemplo? Independentemente do que seja, elas devem ter essa perspectiva sobre ajudar outras pessoas. Tendo essa perspectiva orbital de alguém voltando do espaço para o planeta, vejo como somos tão conectados e quero passar isso para as crianças.

RP: Obviamente, aquela foto dos seus cães na capa do seu novo livro, Chasing Space, esteve em todas as partes…

LM: Como você se sente vendo ela?

RP: Como um raio de sol? Como se arco-íris e unicórnios estivessem explodindo em meu cérebro. Mas você roubou minha pergunta: como você se sente vendo aquela foto?

LM: É engraçado, eu vejo aquela foto todo dia, já que agora ela está na capa do livro. O que não percebi inicialmente é que… são as nossas mãos: as duas patas e a minha mão estão todas juntas, conectadas. É como se estivéssemos nos cumprimentando, sentindo todo esse amor. É isso que fez eu me sentir tão bem sobre a foto: todas as nossas mãos.

RFM: Apenas três bons garotos.

LM: Três bons garotos arrebentando.

RFM: Como fazemos para levar esses bons garotos para o espaço? Eu quero ver um cão no espaço.

LM: Bom, com o setor comercial — Elon Musk e a SpaceX —, você pode conseguir convencê-lo a deixá-lo ir para lá com alguns dos seus garotos.

RP: Então você está me dizendo que uma colônia marciana de gatos não está descartada?

LM: Gatos? Amo todos os animais. Não odeio os felinos. Mas não há nada como um cão lá no espaço.

RFM: O meu cão iria vomitar no espaço.

LM: Que nem eu?

RFM: Eu simplesmente sei que essa é a primeira coisa que ele faria. Eu também vomitaria no espaço.

LM: Não me senti enjoado no espaço, então foi estranho. Foi tão de repente. Comi um sanduíche de presunto ruim, acho que foi isso.

RP: Bom, agora a gente vai fazer algumas perguntas estúpidas para você. Qual a sua música favorita do Pitbull?

LM: Não tenho uma favorita no momento, mas vou dar uma olhada (nota do editor: houve mais do que uma pausa para dançar Pitbull ao longo dessa entrevista).


RFM: Qual seu tipo favorito de queijo?

LM: Gouda.

RFM: Plutão deveria ser um planeta?

LM: Acho que sim, porque há um outro planeta em nosso sistema solar… algo que pode ser definido com essas regras [da União Astronômica Internacional], e vamos encontrar mais planetas em nosso sistema solar com os quais precisaremos descobrir o que fazer. Portanto, Plutão deveria ser um planeta.

RFM: Ainda existe um grande estigma sobre ser atleta ou nerd, e, obviamente, você destruiu isso completamente. Como é que você pode ser alguém que ama o espaço e também esportes?

LM: Historicamente, sempre foram os nerds ajudando os atletas com sua lição de casa. Eles não querem admitir isso, mas os atletas precisam dos nerds. Tem muita gente que tem o pensamento de que só podem ser um atleta, ou um músico, ou um matemático. Mas quando você para pra pensar, matemática e música são os únicos verdadeiros absolutos que usam tanto o lado direito quanto o esquerdo do cérebro. Precisamos quebrar essa barreira de que você só pode fazer uma coisa. Temos que estimular um pensamento de crescimento na mente das crianças, porque matemática e criatividade estão muito entrelaçadas.

RP: É legal ser nerd?

LM: Nerds são demais. Quer dizer, você tem o conhecimento, você tem a compreensão sobre como as coisas funcionam no mundo, e você pode ajudar a influenciar outras pessoas com seu conhecimento. A maneira de todos ficarmos em paz juntos é se formos um coletivo, trabalhando juntos para impactar o mundo de uma maneira melhor.

FONTE: GIZMODO BRASIL

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