A sonda ExoMars TGO (Trace Gas Orbiter) em Marte. Foi lançada em 2016 com o módulo demonstrador Schiaparelli de entrada, descida e aterragem. Está a procurar evidências de metano e outros gases atmosféricos que podem ser assinaturas de processos biológicos ativos ou geológicos em Marte. Também vai servir como relê de comunicações para a plataforma de superfície e para o rover Rosalind Franklin.
Crédito: ESA-D. Ducros
No dia 15 de junho, a sonda ExoMars TGO (Trace Gas Orbiter) da ESA-Roscosmos vai tomar um percurso diferente. Uma "Manobra de Mudança de Inclinação" colocará a espaçonave numa órbita alterada, permitindo com que capte sinais cruciais para o rover ExoMars, de nome Rosalind Franklin, com chegada prevista para o Planeta Vermelho em 2021.
Depois de completar uma série de manobras complexas durante 2017, o ExoMars TGO orbita agora Marte a cada duas horas, reunindo dados científicos do rover e lander da NASA (à superfície) e retransmitindo-os para a Terra. Ao mesmo tempo, o orbitador está a recolher os seus próprios dados sobre a atmosfera do planeta, abundância de água e sobre a superfície.
Mais de um ano antes do Rosalind sequer levantar voo da Terra, os especialistas em dinâmica de voo no centro de controle da missão ESOC da ESA formularam um plano a longo prazo para garantir que o ExoMars TGO possa comunicar com o novo rover e com a nova plataforma de superfície da ESA, contidos no módulo de entrada, descida e pouso.
As pequenas mudanças na órbita de uma nave têm um grande efeito ao longo do tempo, de modo que enquanto as próximas manobras alteram apenas ligeiramente a velocidade da TGO, esta estará na posição correta para comunicar com o rover até 2021.
O movimento natural da TGO
O campo gravítico desigual de Marte significa que a órbita da TGO "vagueia". Assim sendo, gira gradualmente em torno de Marte com o passar do tempo. Como ilustrado no primeiro gráfico, a sonda segue ao início o percurso preto, depois o verde, depois o vermelho - continuando até completar uma rotação em torno do planeta a cada quatro meses e meio.
Para manter contacto com o módulo de descida quando este penetrar na atmosfera marciana, descer e pousar à superfície, a orientação da sonda precisa de mudar.
Neste mês de junho, três manobras vão alterar a velocidade da TGO, duas vezes por 30,9 m/s e uma pequena mudança final de 1,5 m/s, aproximando-a ligeiramente dos polos marcianos.
Inclinada a voar
Graças a estas manobras, o percurso da sonda será mais parecido com o do segundo gráfico, ilustrando "instantâneos no tempo" durante a descida do novo rover em 2021.
A linha verde representa o caminho de aproximação do rover Rosalind Franklin.
A linha preta mostra a órbita da sonda TGO com a sua orientação otimizada, dois anos após as manobras deste mês.
O percurso vermelho indica a órbita original da TGO.
Em fase com o rover Rosalind Franklin
Assim que o orbitador TGO tenha a sua nova órbita otimizada em torno de Marte, as equipas no solo também devem garantir que estará no lado correto quando o rover chegar - "em fase" com Rosalind Franklin.
Em fevereiro de 2021, será realizada uma pequena manobra para garantir que nave TGO está no local certo, à hora certa para a chegada do "lander".
O resultado de todas estas manobras combinadas pode ser visto no terceiro gráfico.
A linha preta representa a órbita da TGO em torno de Marte no momento em que a Rosalind Franklin começa a descer, indicado pela linha verde.
Os pontos azuis ao longo das órbitas de ambas as espaçonaves estão ligados por linhas horizontais, ilustrando as suas posições relativas em diferentes intervalos de tempo, e como são capazes de se "ver" uma à outra a cada momento, garantindo assim que o contato de rádio possa ser mantido.
Defasada
Se as equipes no controlo da missão deixassem a ExoMars TGO na sua órbita atual, sem realizar nenhuma manobra, o próprio planeta Marte mais tarde ficaria entre a nave em órbita e o novo explorador marciano.
Neste gráfico final, a linha vermelha ilustra a órbita desfasada da TGO, e novamente a linha verde mostra o percurso do rover Rosalind Franklin e os pontos azuis representam momentos no tempo para cada nave.
As linhas entre os pontos revelam como, neste cenário, Marte bloquearia a sua visão uma da outra.
Sem colocar o orbitador em fase com o rover de Marte, as duas naves permaneceriam invisíveis uma à outra no momento crucial em que o rover desce até à superfície.
A previsão e o planeamento a longo prazo dos especialistas da missão não só garantem a comunicação entre duas das mais importantes missões da ESA, como também poupam combustível - seria necessária uma quantidade enorme para colocar a TGO na posição certas nas semanas ou até mesmo meses antes da chegada do rover ExoMars.
O rover Rosalind Franklin da ESA (plano da frente) e a plataforma científica estacionária russa (plano de fundo), com lançamento previsto para julho de 2020, chegando a Marte em março de 2021. A sonda ExoMars TGO (Trace Gas Orbiter), em Marte desde outubro de 2016, vai agir como relé de comunicações para a missão.
Crédito: ESA/ATG medialab
O campo gravítico desigual de Marte significa que a órbita da TGO "vagueia", fazendo com que gire gradualmente em torno de Marte com o passar do tempo.
Crédito: ESA
A linha verde representa o caminho de aproximação do rover Rosalind Franklin.
A linha preta mostra a órbita da sonda TGO com a sua orientação otimizada, dois anos após as manobras deste mês.
O percurso vermelho indica a órbita original da TGO.
Crédito: ESA
Assim que o orbitador TGO tenha a sua nova órbita otimizada em torno de Marte, as equipas no solo também devem garantir que estará no lado correto quando o rover chegar - "em fase" com Rosalind Franklin.
A linha preta representa a órbita da TGO em torno de Marte no momento em que a Rosalind Franklin começa a descer, indicado pela linha verde.
Os pontos azuis ao longo das órbitas de ambas as espaçonaves estão ligados por linhas horizontais, ilustrando as suas posições relativas em diferentes intervalos de tempo, e como são capazes de se "ver" uma à outra a cada momento, garantindo assim que o contato de rádio possa ser mantido.
Crédito: ESA
Neste gráfico final, a linha vermelha ilustra a órbita desfasada da TGO, e novamente a linha verde mostra o percurso do rover Rosalind Franklin.
Os pontos azuis representam momentos no tempo para cada nave e, novamente, as linhas revelam como o próprio planeta Marte bloquearia a sua visão um do outro.
Sem colocar o orbitador em fase com o rover de Marte, as duas naves permaneceriam invisíveis uma à outra no momento crucial em que o rover desce até à superfície.
Crédito: ESA
FONTE: ASTRONOMIA ONLINE
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