Por Patrícia Gnipper
Pela primeira vez desde as missões Apollo, a NASA enviará organismos vivos ao espaço profundo em 2020. Uma pequena nave chamada BioSentinel está sendo desenvolvida, capaz de transportar células de levedura ao espaço em uma órbita ao redor do Sol, para ajudar os cientistas a entender ainda melhor os efeitos da radiação em organismos vivos para além da bolha magnética que protege o ambiente ao redor da Terra.
A BioSentinel será um dos equipamentos voando a bordo da missão Artemis 1, com previsão de lançamento para meados de 2020 e preparando o terreno para o voo da Artemis de 2024, quando voltaremos presencialmente à superfície da Lua. Ou seja: a missão de 2020 será a primeira em quase cinquenta anos a enviar organismos vivos ao espaço profundo, para além da órbita baixa da Terra (onde se encontram os astronautas da Estação Espacial Internacional-ISS), pois desde a missão Apollo 17, de 1972, isso não acontece.
Mas enquanto a Apollo 17 teve duração de menos de duas semanas, a BioSentinel permanecerá coletando dados por nove a doze meses, permitindo uma maior compreensão dos efeitos a longo prazo que a radiação pode causar no DNA. O satélite de apenas 14 quilos transportará duas variedades diferentes da levedura Saccharomyces cerevisiae — o tipo "selvagem" normal, bastante resistente à radiação, e um tipo mutante, muito mais sensível por não ter a capacidade de reparar seu DNA como o outro tipo.
Enquanto as amostras estiverem no espaço, os cientistas da missão monitorarão o crescimento e as atividades de ambas as variedades, e o mesmo experimento será feito com cargas idênticas enviadas à ISS, onde os níveis de radiação são muito mais baixos. Dessa maneira, a equipe poderá comparar os resultados de ambos os experimentos, enquanto cientistas também acompanharão o crescimento das mesmas variedades de leveduras aqui na Terra.
Em conjunto, todos os dados (do experimento no espaço profundo, na ISS e na Terra) ajudarão na identificação de quais efeitos são de fato resultantes da radiação, visando as próximas missões em que astronautas explorarão o espaço novamente, a começar pela Lua e, no futuro, chegando a Marte. Quanto à escolha de tais leveduras para o experimento, a NASA explica: "É importante ressaltar que o processo de reparo de danos no DNA da levedura é muito semelhante ao dos humanos".
A placa da BioSentinel que será usada para estudar o impacto da radiação espacial nas amostras de leveduras (Foto: NASA)
A BioSentinel ainda está sendo montada, com previsão de estar completamente concluída no final de outubro deste ano, para ser lançada no ano que vem. Tudo dando certo, a missão Artemis 2 será realizada em 2023, levando uma tripulação de quatro astronautas para viajar ao redor da Lua, antecipando a missão do ano seguinte, que levará a primeira mulher à superfície lunar.
FONTE: NASA, Space.com via canaltech.com.br
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