
O TELESCÓPIO FAST, NA CHINA (FOTO: NATIONAL ASTRONOMICAL OBSERVATORIES OF THE CHINESE ACADEMY OF SCIENCES)
Trabalho científico na China está em risco devido a sinais de wi-fi e rádio produzidos por visitantes
O funcionamento do maior telescópio do mundo, na China, está ameaçado pelas visitas de turistas que vem recebendo em suas instalações — ironicamente, para promover suas atividades. Quem passeia por perto acaba levando sinais de internet wi-fi e rádio que atrapalham os estudos no local.
Inaugurado em setembro de 2016 na Cidade Astronômica de Pingtang, na província de Guizhou, sudoeste do país, o complexo foi construído ao custo de US$ 180 milhões (cerca de R$ 730 milhões). É chamado de FAST por seu nome em inglês, Five-Hundred-Meter Aperture Spherical Radio Telescope (radiotelescópio esférico de 500 metros de abertura). O formato esférico já lhe deu, porém, outro apelido: bola de golfe. Parece uma cortada ao meio, formada por 4.450 panéis dotados de receptores de ondas de rádio capazes de identificar objetos astronômicos como galáxias e quasares.
Além do investimento milionário nos equipamentos, o governo chinês fez da construção do FAST uma aposta no desenvolvimento deGuizhou, província com histórico de pobreza. Os habitantes originais da área foram realocados e, então, outros milhões de dólares foram investidos no entorno do telescópio para atrair turistas e moradores endinheirados, com estruturas como hotéis, restaurantes, museu, vinhedo, playground.
Aí que vem o problema: telescópios desse tipo são construídos em lugares isolados porque realmente precisam de isolamento. Nesse caso, em vez de ajudar a ciência, a movimentação de visitantes está prejudicando a astronomia, como mostra reportagem da Revista Wired.

LOCAL DO FAST ANTES DA CONSTRUÇÃO DO TELESCÓPIO (FOTO: NATIONAL ASTRONOMICAL OBSERVATORIES OF THE CHINESE ACADEMY OF SCIENCES)
Para evitar as interferências (chamadas de RFI, da sigla em inglês para "interferência de radiofrequência"), existe uma zona proibida para aparelhos eletrônicos a até 4,8 quilômetros (3 milhas) do FAST. A questão é que a demarcação não é capaz de barrar todas as ondas — não funciona como um campo de força daqueles dos filmes de ficção.
"Todas as manhãs, contamos todos os novos prédios que surgem durante a noite", disse à Wired o pesquisador Marko Krčo, preocupado com a situação do FAST.

TELESCÓPIO FAST DURANTE A CONSTRUÇÃO (FOTO: NATIONAL ASTRONOMICAL OBSERVATORIES OF THE CHINESE ACADEMY OF SCIENCES)
FONTE: REVISTA GALILEU
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