
PROJEÇÃO ARTÍSTICA DO ICESAT2, DA NASA. (FOTO: NASA)
Com custo de US$ 1 bilhão e tamanho de um carro popular, equipamento passará três anos observando mudanças na superfície da Terra com precisão de meio centímetro
Os Estados Unidos enviarão um satélite a laser para o espaço, mas o objetivo em nada tem com uma arma futurista. Chamado Satélite de Elevação de Terra, Nuvem e Gelo-2 (ICESat-2), ele passará três anos estudando as geleiras do planeta de cima.
Com lançamento previsto para meados de setembro, o satélite será capaz de medir a espessura variável de manchas individuais de gelo de estação para estação, registrando aumentos e diminuições com precisão de meio centímetro.
"As áreas sobre as quais estamos falando são vastas - pense no tamanho dos EUA continentais ou maiores - e as mudanças que estão ocorrendo sobre elas podem ser muito pequenas", disse Tom Wagner, cientista da NASA que estuda o gelo do mundo em coletiva de imprensa.
"Eles se beneficiam de um instrumento que pode fazer medições repetidas de maneira muito precisa em uma grande área, e é por isso que os satélites são uma maneira ideal de estudá-los”, completou. Com o custo de 1 bilhão de dólares e o tamanho de um carro Smart, seus dados também devem ajudar os cientistas que estudam as florestas ao redor do planeta.

A NASA tem acompanhado as mudanças na cobertura de gelo há décadas, observando as encolherem e crescerem em duas dimensões à medida que o planeta se aquece. No entanto, as câmeras espaciais pegam imagens em 2D. Com o uso do laser, é possível captar a profundidade e altura das geleiras.
O ICESat-2 orbitará cerca de 300 km acima da superfície da Terra, carregando um instrumento chamado ATLAS (Advanced Topographic Laser Altimeter System), que emitirá constantemente um raio laser de luz verde, que será dividido em seis feixes separados à medida que sair do satélite.
Os feixes irão rebater na superfície da geleira e retornar para o satélite, como um radar a laser. A maioria dos fótons nos feixes de laser será perdida, mas um punhado será captado de volta.
O satélite pode calcular quanto tempo essa viagem demorou até o bilionésimo de segundo mais próximo. "A ATLAS basicamente age como um cronômetro", disse Donya Douglas-Bradshaw, gerente de instrumentos do laser, durante a coletiva de imprensa.
Que continua: "O laser dispara 10 mil pulsos por segundo, com um trilhão de fótons em cada disparo. Cada vez que o laser dispara, ele inicia o cronômetro." Os cientistas então convertem esse tempo em uma distância, calculando a altura da superfície naquele local.
"O ICESat-2 realmente é uma nova ferramenta revolucionária para pesquisa em gelo terrestre e gelo marinho", disse Tom Neumann, cientista-assistente do projeto ICESat-2 da NASA, durante a coletiva de imprensa.
O gelo do mar é particularmente complicado, uma vez que o laser deve medir a diferença entre a superfície do gelo e a superfície do oceano, que pode estar a poucos centímetros de distância.
"É realmente um incrível feito de engenharia, mas é algo de que a ciência depende criticamente", disse ele. "Em meio segundo o ICESat-2 irá coletar 5 mil medições de elevação em cada um dos seus seis feixes ", disse Neumann. "Isso é todo minuto de toda hora de todo dia durante os próximos três anos."
Em 2003, o ICESat original iniciou sete anos de medições de altura de gelo auxiliadas por laser, saltando um único laser da superfície do gelo. Como o ICESat-2 não estava pronto para ser lançado quando a missão original terminou, a NASA projetou uma missão baseada em um avião temporário chamada Operation IceBridge para rastrear áreas de gelo particularmente cruciais.
A primeira versão do ICESat, lançado em 2003, passou sete anos fazendo medições com laser, embora muito menos precisas, mas o suficiente para fazer revelações perturbadoras: "O que a ICESat descobriu é que o gelo do mar está realmente diminuindo", disse Tom Wagner. "Nós provavelmente perdemos mais de dois terços do gelo que costumava estar lá nos anos 80".
FONTE: REVISTA GALILEU
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