
MODELO DO PSR J0337 + 1715 (FOTO: ASTRON)
Foi Galileu Galilei que percebeu que dois corpos de massas diferentes caem na mesma velocidade, mas foi Albert Einstein, com a teoria da relatividade geral, de 1915, que conseguiu explicar como a gravidade atua sobre os corpos.
Einstein nos ensinou que a gravidade é uma força tão poderosa que, além de manter os corpos em seus lugares, ela também dobra o espaço-tempo, como se ele realmente fosse o tecido de uma cama elástica que sofre deformações quando colocamos algo pesado em cima — logo, quanto mais pesado, mais deformação.
A ciência já comprovou que muitas das teorias de Einstein estavam corretas. A questão era verificar se os modelos conseguiam se aplicar em outras situações: para isso, uma equipe internacional de pesquisadores verificaram se a teoria da relatividade geral fazia sentido quando se leva em conta corpos extremamente massivos.

2- REPRESENTAÇÃO BIDIMENSIONAL DA DISTORÇÃO CAUSADA PELA MASSA DE UM OBJETO: ISSO É A GRAVIDADE (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)
Para isso, olharam para longe. Um sistema com três estrelas que orbitam entre si a cerca de 4,4 mil anos-luz da Terra. Com o simpático nome de PSR J0337 + 1715, consiste em uma anã branca que orbita uma estrela de nêutrons a cada 1,6 dia. As duas juntas fazem parte de uma órbita muito maior, de 327 dias, com uma anã branca mais distante.
Do tamanho de um planeta, uma anã branca é uma estrela que exauriu seu combustível e apenas o núcleo quente permanece. Elas são pequenas e densas, mas nada supera a densidade da estrela de nêutrons, que é feito das cinzas de uma estrela que explodiu. Sua gravidade esmagou os restos ao tamanho de uma cidade.
Quando essa estrela de nêutrons está girando muito e muito rápido, 366 vezes por segundo, elas emitem ondas de rádio, raios-X e até luz óptica em cada rotação, que são captados pelos radiotelescópios terrestres.
"Eles varrem a Terra em intervalos regulares, como um farol cósmico. Usamos esses pulsos de rádio para rastrear a posição da estrela de nêutrons", disse Anne Archibald, do Instituto Holandês de Radioastronomia (ASTRON), uma das autoras do artigo publicado no phys.org.
Toda essa rotação, porém, não acontece sozinha. Ela é causada por alguma coisa,
Quando o pulsar se move, algo o está causando, disse David Kaplan, da Universidade de Wisconsin-Milwaukee e co-autor do artigo. "Se Einstein está correto, tem que ser a gravidade da anã branca que está circulando e fazendo o pulsar se mover."

PSR J0337 + 1715 (FOTO: ASTRON)
A equipe de astrônomos seguiu a estrela de nêutrons por seis anos usando o Westerbork Synthesis Radio Telescope na Holanda, o Green Bank Telescope em West Virginia e o Observatório Arecibo em Porto Rico.
Assim como a Lua “cai” constantemente em direção à Terra devido à força da gravidade, mas ela está em constante movimento, a 3.600 km/h. Estando a 385 mil quilômetros de distância, é o suficiente pra ela cair na beirada do globo, formando a órbita conjunta com a Terra.
O mesmo acontece com as estrelas de nêutrons e a anã branca que orbitam com a outra anã branca. Se as duas primeiras caíssem em torno da anã branca distante em velocidades diferentes, Einstein estaria errado. Se caíssem juntinhas, como aconteceria com uma bola de boliche e uma laranja na superfície do nosso planeta, estava certo.
Os pesquisadores conseguem perceber por meio do pulsar, se chegassem em um tempo diferente do esperado, seria porque elas estão caindo contra os preceitos conhecidos da física. Mas, pelo menos até onde sabem, isso não aconteceu. Archibald e seus colegas descobriram que qualquer diferença entre as acelerações da estrela de nêutrons e da anã branca é pequena demais para ser detectada.
Não foi a primeira vez que os pesquisadores fazem o teste. Em 2012, quando o sistema foi descoberto, eles investigaram a natureza da gravidade. Dessa vez, apesar de não resolver a questão em definitivo, teve uma precisão até dez vezes maior, segundo Kaplan. “Mas não é uma resposta rígida. Reconciliar a gravidade com a mecânica quântica ainda não foi resolvido."
FONTE: REVISTA GALILEU
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