Durante entrevista em 1991, eles analisaram os limites da relação entre o método científico e doutrinas religiosas
O astrônomo Carl Sagan sempre encarou o universo como um grande mistério, mas um que queria entender e desvendar — não apenas venerar. Embora fosse ateu, em 1991 Sagan teve um encontro revelador com o líder religioso Dalai Lama, com quem levantou questões até hoje fundamentais sobre as possíveis barreiras entre ciência e religião.
“Em casos onde a doutrina de uma religião — budismo, por exemplo — é desmentida ou desconsiderada por alguma descoberta científica, o que um seguidor do budismo deve fazer?”, questionou Sagan. A resposta do monge tibetano acabou surpreendendo o cientista.
“Para os budistas, isso não é problema. O próprio Buda deixou claro que sua própria investigação é o fator mais importante. Você deve conhecer a realidade, independentemente do que dizem as escrituras”, explicou. “Se você encontrar uma contradição, deve contar com a nova descoberta.”
Segundo Dalai Lama, vale a pena manter-se cético na maioria das situações. Experimentos e investigações servem para tornar as coisas mais claras e convincentes e depois desse processo chega a hora de aceitar e acreditar na realidade. Basicamente como funciona a ciência.
Os princípios citados pelo monge não foram novidade para os seguidores da filosofia budista na época tanto quanto foram para Carl Sagan. Quando o assunto é budismo, ele observa que as “conversas” entre ciência e religião raramente são unilaterais.
Durante a conversa, Dalai Lama ponderou, no entanto, que será difícil desconsiderar a existência da reencarnação, um ponto onde ciência e religião ainda “concordam em discordar”.
Desde a morte de Sagan, em 1996, Dalai Lama continuou suas reflexões sobre as convergências entre descobertas científicas e budismo, com a publicação de livros e palestras.
FONTE: REVISTA GALILEU
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