
Astrônomos medem pela primeira vez a velocidade de rotação de um exoplaneta
Uma equipe de astrônomos conseguiram medir pela primeira vez a velocidade de rotação de um exoplaneta (planetas que se encontram fora do sistema solar), segundo anunciou nesta quarta-feira o Observatório Europeu Austral (ESO) em comunicado.
Segundo o ESO, os pesquisadores comprovaram que o exoplaneta Beta Pictoris b demora oito horas em completar o ciclo de um dia ao girar a 100 mil km/h, uma velocidade maior à da Terra, que é de apenas 1.700 km/h, e superior à de qualquer outro planeta do sistema solar.
O Beta Pictoris b, que orbita ao redor da estrela Beta Pictoris, é 16 vezes maior e tem 3.000 vezes mais massa que a Terra, de onde é visível, apesar de encontrar-se a 63 anos luz, na constelação austral de Pictor.
Trata-se também um planeta muito jovem que conta com apenas 20 milhões de anos em comparação com os 4,5 bilhões da Terra.
A equipe de astrônomos holandeses da Universidade de Leiden e do Instituto para a Pesquisa Espacial dos Países Baixos (SRON) utilizou em seu estudo o instrumento CRIRES, instalado no VLT (Very Large Telescope) situado no norte do Chile.
Segundo explicou o coautor do estudo, Remco de Kok, "não se sabe por que alguns planetas giram rápido e outros mais devagar, mas esta primeira medida da rotação de um exoplaneta mostra que a tendência vista no sistema solar, no qual os planetas mais maciços giram mais depressa, pode aplicar-se aos exoplanetas".
Os astrônomos também apontaram que, com a passagem do tempo e devido a outros fatores, espera-se que o exoplaneta se esfrie e encolha, o que fará com que gire ainda mais rápido.
Para esta descoberta, os astrônomos fizeram uso de uma técnica muito precisa chamada espectroscopia de alta dispersão para dividir a luz nas cores que a formam, mediante a aplicação do princípio do efeito Doppler.
"Utilizando esta técnica nos encontramos com que diferentes partes da superfície do planeta se aproximam ou se afastam de nós a diferentes velocidades, o que só pode significar que o planeta gira ao redor de seu eixo", afirmou o pesquisador Ignas Snellen.
Este novo resultado estende aos exoplanetas a relação entre massa e rotação existente no sistema solar, e os cientistas preveem que no futuro o uso do E-ELT (European Extremely Large Telescope) permitirá aos astrônomos fazer mapas detalhados destes corpos celestes.
Exoplanetas

2014 já pode ser considerado como o ano em que mais foram anunciados exoplanetas. Foram 736 novos corpos celestes revelados pela Agência Espacial Americana, a NASA - 715 só em fevereiro deste ano, de uma vez só. O número é recorde e representa 70% da quantidade de descobertas dos últimos 23 anos.
Os exoplanetas são planetas que não giram em torno do Sol, ou seja, estão fora do nosso sistema. Eles são identificados pelo telescópio Kepler, que orbitava em torno do Sol e capturava imagens em alta resolução de estrelas distantes, permitindo a descoberta de novos astros. O Kepler parou de funcionar em maio de 2013 devido a alguns problemas técnicos, mas seu banco de dados é tão grande que não foi completamente analisado, permitindo que a NASA encontre novos exoplanetas.
Foi em uma dessas milhares de imagens que a agência descobriu o Kepler-186f, um planeta de tamanho aproximado ao da Terra que pode abrigar água em forma líquida, tornando o ambiente potencialmente habitável para os seres humanos. Ele orbita a estrela anã Kepler-186 e fica na constelação Cisne. O problema é que o astro está muito distante do nosso planeta e talvez nunca cheguemos até ele.
FONTE: ASTRONOMY.COM
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