A forma de Ultima Thule foi medida em 2017, à medida que a sua silhueta passava em frente de uma estrela - um evento conhecido como ocultação estelar. Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
A sonda New Horizons da NASA está na reta final em direção a Ultima Thule, o seu alvo da passagem rasante de Ano Novo, situado na distante Cinturão de Kuiper, Entre as observações de aproximação, ao longo dos últimos três meses, a sonda tem obtido centenas de imagens para medir o brilho de Ultima e para determinar como varia conforme o objeto gira.
Estas medições produziram o primeiro mistério da missão sobre Ultima. Embora os cientistas tenham determinado em 2017 que o objeto da Cinturão de Kuiper não tem a forma de uma esfera - que é provavelmente alongado ou talvez até dois objetos - não viram as repetidas pulsações no brilho que esperariam de um objeto giratório com essa forma. A variação periódica do brilho durante cada rotação produz o que os cientistas chamam de curva de luz.
"É um enigma," comenta Alan Stern, investigador principal da New Horizons, do SwRI (Southwest Research Institute). "Eu chamo-lhe o primeiro quebra-cabeças de Ultima - porque é que tem uma curva de luz tão pequena, que nem a conseguimos detetar? Espero que as imagens detalhadas do 'flyby', que serão transmitidas daqui a alguns dias, nos forneçam ainda muitos mais mistérios, mas eu não esperava este, e tão cedo."
O que poderá explicar a pequena curva de luz ainda não detectada? Os membros da equipe científica da New Horizons têm ideias diferentes.
"É possível que o eixo de rotação de Ultima Thule esteja apontado para a sonda, ou perto," comenta Marc Buie, também do SwRI. Essa explicação é natural, disse, mas requer a circunstância especial de uma orientação particular de Ultima.
"Outra explicação," acrescenta Mark Showalter do Instituto SETI, "é que Ultima está rodeado por uma nuvem de poeira que obscurece a sua curva de luz, da mesma forma que a cabeleira de um cometa frequentemente supera a luz refletida pelo seu núcleo central." Essa explicação é plausível, realça Showalter, mas uma tal cabeleira exigiria alguma fonte de calor e Ultima está demasiado longe do Sol para a sua fraca luz ajudar à situação.
"Um cenário ainda mais bizarro é aquele em que Ultima Thule está rodeado por muitas luas pequenas," comenta Anne Verbiscer, da Universidade da Virgínia, cientista assistente do projeto New Horizons. "Se cada lua tiver a sua própria curva de luz, então juntas podiam criar uma superposição de curvas de luz que fariam com que Ultima Thule tivesse uma curva de luz muito pequena." Embora essa explicação também seja plausível, não tem paralelo em qualquer outro corpo do nosso Sistema Solar.
Então, qual é a resposta?
"É difícil dizer qual destas ideias é a correta," explica Stern. "Talvez seja algo que nem sequer ainda colocamos como hipótese. De qualquer forma, vamos resolver o enigma em breve - a New Horizons vai passar por Ultima Thule e obter imagens de alta resolução nos dias 31 de dezembro e 1 de janeiro, e a primeira dessas imagens estará disponível na Terra apenas um dia depois. Quando virmos essas imagens de alta resolução, saberemos a resposta para o primeiro puzzle de Ultima Thule. Fiquemos atentos!"
FONTE: Astronomia Online - SpaceToday
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