Mike Brown em palestra no Instituto de Tecnologia de Pasadena (EUA); ele afirma que ninguém conseguiu provar que sua teoria sobre o Planeta Nove está errada (Foto: Mario Anzuoni/Reuters)
Estudo científico que previu a existência de corpo celeste provisoriamente chamado de Planeta Nove tem dividido comunidade internacional nos últimos dois anos.
Ele tem dez vezes o tamanho da Terra e, por se encontrar 20 vezes mais distante do Sol que Netuno, precisa de 10 mil a 20 mil anos para completar sua órbita.
Seu nome, ainda que provisório, é "Planeta Nove", porque se trata nada menos que do nono membro do Sistema Solar. O problema é que ninguém o viu.
O astro foi descrito pela primeira vez há dois anos em uma pesquisa publicada na revista científica The Astronomical Journal e, desde então, divide a comunidade científica.
Mas os autores do estudo, Michael Brown e Konstantin Batygin, ambos especialistas do prestigiado Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), estão acostumados com a controvérsia: eles fazem parte também da equipe de pesquisadores que rebaixou Plutão à categoria de planeta anão.
Embora muitos cientistas critiquem a falta de evidências definitivas sobre a existência do Planeta Nove, os pesquisadores preferem se concentrar na metade do copo que está cheia.
É que, em todo esse tempo, nenhuma evidência surgiu para refutar a existência do planeta de forma conclusiva.
"Nos últimos 170 anos, muitos afirmaram ter descoberto novos planetas e sempre estiveram errados", disse Brown à revista The Atlantic na semana passada.
O astrônomo afirmou que, "incrivelmente", ninguém conseguiu provar que seus cálculos para o nono planeta estejam errados.
Batygin, por sua vez, compartilhou em sua conta no Twitter o artigo da revista, intitulado "O Planeta Nove é real?" com o acréscimo do comentário: "A resposta curta é: sim".
É que, segundo os cientistas, é mais difícil imaginar o Sistema Solar sem esse astro do que com ele.
Indícios para o 'sim'
Para descrever a existência deste gigante planeta congelado, os pesquisadores basearam-se principalmente em dados indiretos, como seus supostos traços gravitacionais.
Em particular, estudaram seis objetos localizados no chamado Cinturão de Kuiper, uma região que se estende da órbita de Netuno até o espaço interestelar.
Esses corpos gelados têm órbitas elípticas que apontam na mesma direção, algo que é tão improvável que só poderia ser explicado pela presença de um corpo como o Planeta Nove, segundo defenderam Brown e Batygin em seu estudo original.
Em outubro, Batygin deu uma entrevista ao site de notícias da Nasa, agência espacial americana, em que disse: "Neste momento, existem cinco linhas diferentes de estudos com evidências observacionais que apontam para a existência do Planeta Nove".
De acordo com o astrofísico, "se você decidir eliminar essa explicação e imaginar que o Planeta Nove não existe, você geraria mais problemas do que soluções. De repente, você teria cinco enigmas diferentes e você deveria ter que desenvolver cinco teorias diferentes para explicá-los".
No mês passado, o próprio Batygin publicou um estudo que aumentaria as evidências defendidas por ele, em que afirma que o Planeta Nove até conseguiu mudar o sentido da órbita de objetos distantes do Sistema Solar.
Michael Brown e Konstantin Batygin fazem parte também da equipe de pesquisadores que rebaixou Plutão à categoria de planeta anão (Foto: Nasa)
Indícios para o 'não'
Nestes dois anos, astrônomos de diferentes partes do mundo apresentaram explicações alternativas ao nono planeta.
De acordo com um projeto chamado "Outer Solar System Origins Survey" ("Pesquisas sobre as origens para além do Sistema Solar"), por exemplo, que descobriu mais de 800 novos objetos transneptunianos (aqueles que orbitam o Sol a uma distância média superior à de Netuno), a distribuição desses corpos é realmente aleatória.
Eles até chegaram a dizer que os dados sobre os quais Brown e Batygin estão se baseando têm erros causados por fatores climáticos - assim, todos os cálculos seriam tendenciosos.
Christopher Smeenk, filósofo da ciência da Universidade do Oeste de Ontário, nos Estados Unidos, foi além.
"Os cientistas muitas vezes são bons em desenvolver conclusões por contrastes, ao estilo de Sherlock Holmes", disse ele à revista The Atlantic.
O famoso detetive, acrescentou, era capaz de elaborar probabilidades de culpa entre uma série de suspeitos.
FONTE: G1.COM
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