
POR SALVADOR NOGUEIRA
Equipe encontra supernova superluminosa mais distante, com brilho de 300 bilhões de sóis.
EXPLOSÃO LONGÍNQUA
Uma supernova, por si só, já é um evento brutal – a violenta explosão de uma estrela. Agora, imagine o que os astrônomos chamam de supernova superluminosa. É uma versão tão vitaminada que pode ser vista até mesmo de muito longe. E um grupo internacional acaba de quebrar um novo recorde: encontrou a supernova superluminosa mais distante já vista.
ESPAÇO-TEMPO
A estrela foi descoberta pela equipe do projeto internacional Dark Energy Survey, que tem participação brasileira. Ela explodiu aproximadamente 10 bilhões de anos atrás, e sua luz, viajando pelo espaço à máxima velocidade permitida, chegou ao telescópio Blanco, no Chile, em dezembro de 2015. Junto com ela, vieram pistas de como era o Universo na época em que a luz saiu de lá.
MEIO-DIA CÓSMICO
Trata-se de uma época especial, uns 4 bilhões de anos após o Big Bang. Nunca antes — ou depois — na história deste Universo houve tão intenso ritmo de formação estelar. Tanto que esse período ganhou dos astrônomos o apelido de “meio-dia cósmico”. De lá para cá, vimos a taxa de produção de estrelas declinar.
MAIS QUE UMA GALÁXIA
Designada DES15E2mlf, a supernova foi apresentada em artigo publicado nos “Monthly Notices of the Royal Astronomical Society”. De acordo com a análise, a detonação atingiu luminosidade superior à de 300 bilhões de estrelas.
IGUAL, MAS DIFERENTE
A descoberta pode ajudar os astrônomos a entenderem o que faz com que algumas supernovas sejam superluminosas e outras não. Desconfia-se que estrelas mais primordiais, contendo menos elementos pesados em sua composição, tendam a produzir as detonações mais brilhantes.
FOFOCA DA VIZINHANÇA
O novo achado, contudo, parece temperar essa hipótese. Diferentemente das outras superluminosas descobertas antes, a DES15E2mlf morava numa galáxia já bastante grande e “evoluída”, onde havia quantidade significativa de poluição por elementos pesados. Poderia ser ela uma das raras estrelas “puras” numa galáxia em geral “impura”? Ou precisaremos de outra explicação para as superluminosas? Isso só o futuro dirá.
BÔNUS: E A DISTÂNCIA?
Talvez você ache estranho eu incluir essa informação apenas como um bônus, já que estamos falando justamente da supernova superluminosa mais distante já confirmada. Mas agora você vai entender por quê. Quando se fala em afastamentos realmente muito grandes, de escala cosmológica, os astrônomos usam como referência de distância uma medida conhecida como redshift, ou “desvio para o vermelho”. É basicamente o quanto o comprimento de onda da luz se “esticou” ao atravessar boa parte do Universo em franca expansão, “avermelhando” a luz. O redshift da supernova em questão é z=1,861, e essa é a medida que marcou o recorde. Ela equivale, em termos de tempo transcorrido de viagem da luz, a cerca de 10 bilhões de anos, como vimos há pouco.
Seria tentador dizer, a partir disso, que a estrela em questão está, portanto, a 10 bilhões de anos-luz de distância. Mas não é bem assim. Pense na luz chegando à metade do caminho entre a estrela e nós. Enquanto ela ainda terá de enfrentar o esticamento do espaço à sua frente pela expansão cósmica, o espaço que já ficou para trás, e que ela atravessou quando ele estava mais comprimido, também continuará a se esticar. Ou seja, haverá um desalinhamento entre a distância efetivamente percorrida pela luz e a distância real do objeto.
O redshift é uma medida objetiva, com a qual todos os astrônomos podem concordar. Já a distância real depende basicamente da modelagem do Universo em expansão, a partir de dados como a constante de Hubble e a densidade de matéria e energia do cosmos. É um número que pode, portanto, variar um pouco de modelo para modelo. Mas, para matar a sua curiosidade, ele equivale, pelo modelo cosmológico mais consolidado, a algo como cerca de 16,5 bilhões de anos-luz.
FONTE: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br
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