Amar os anéis de Saturno é fácil. Eles são belos lembretes de como somos insignificantes no escopo do universo. Mas eles também ofuscam injustamente o restante dos sistemas de anéis dos gigantes de gás. Urano, por exemplo, é um lugar maravilhoso, abrangido por pelo menos 13 anéis. Júpiter tem seus próprios anéis fantasmagóricos, também. Mas talvez os maiores azarões do grupo sejam os anéis de Netuno — e isso precisa mudar.
É maluco pensar que não confirmamos a existência dos anéis de Netuno até 1989, quando a sonda Voyager 2, da NASA, fez seu sobrevoo no planeta. A Voyager 2 conseguiu nos dar um vislumbre desse mundo elusivo e seus cinco anéis — Galle, Le Verrier, Lassell, Arago e Adams —, que são todos batizados em homenagem a astrônomos que estudaram o gigante de gás. Mas mesmo antes de a Voyager 2 chegar ao sistema netuniano, o astrônomo Dr. Edward Guinan havia observado padrões de escurecimento incomuns em torno do planeta, em 1968. Em 1982, ele e alguns colegas reavaliaram os dados, percebendo que haviam, na verdade, encontrado dois anéis.
Maioria das pessoas não sabe dos anéis de Netuno porque, sinceramente, eles são bem difíceis de ver. Os anéis de Saturno são grandes, gelados e super-refletidos, enquanto os de Netuno são bem escuros. “São pequenos pedaços de gelo e poeira, normalmente como do tamanho de flocos de neve, embora alguns se estendam por vários metros”, Guinan contou ao Gizmodo. “O modo como eles podem ter se formado é que um asteroide ou uma lua tentou se formar naquela região e foi destruído, estando tão perto de um planeta tão grande.” Segundo essa ideia, os restos espalhados então formaram um anel, como um belo lixo girando.
Foto dos anéis de Netuno tirada pela Voyager 2 (Imagem: NASA/JPL)
Os anéis de Netuno (que têm alguns milhares de quilômetros de largura cada, no máximo), embora muito menos amplos que os de Saturno (cerca de 282 mil quilômetros), ainda são bastante fascinantes. O anel mais externo, chamado de “Adams”, tem três arcos incomuns conhecidos como Liberdade, Igualdade e Fraternidade. De acordo com a NASA, os arcos provavelmente têm a forma que têm por causa dos efeitos gravitacionais de uma das 13 luas de Netuno, a Galateia.
Infelizmente não chegamos perto de Netuno desde a década de 1980. Não parece que a NASA ou outra agência espacial tenha algum plano imediato de voltar para lá, embora uma missão de órbita no estilo da Cassini definitivamente esclareceria muitas perguntas sobre o sistema de anéis netuniano.
“Não há nada que chegou verdadeiramente perto [de Netuno], então seria muito bom”, disse Guinan, quando perguntado se deveríamos enviar uma sonda para lá. “Urano seria um bom lugar [para visitar] também, porque hoje ele está meio de lado”, acrescentou, se referindo ao fato de que o eixo de rotação do planeta inclinou em 98 graus, o que é muito maluco.
O sistema solar é esquisito. Netuno é bem esquisito. E também maravilhoso, e seus anéis merecem nosso carinho.
Imagem do topo: NASA
FONTE: GIZMODO BRASIL
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