Ilustração que mostra o hipotético aspecto de cada um dos planetas do sistema TRAPPIST-1, com base nos dados disponíveis sobre o seu tamanho, massa e distância orbital.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
Depois da NASA ter anunciado, em fevereiro, a descoberta de um sistema solar com sete planetas - três dos quais foram considerados potencialmente habitáveis - o investigador pós-doutorado Sebastiaan Krijt, da Universidade de Chicago, perguntou-se: caso exista vida num desses planetas, será que os detritos espaciais podem transportá-la para outro?
Numa investigação recentemente publicada na revista The Astrophysical Journal Letters, Krijt e outros cientistas da mesma universidade concluem que formas de vida, como bactérias ou organismos unicelulares, poderiam percorrer pelo recém-descoberto sistema TRAPPIST-1 - um sistema solar invulgar que é um novo e excitante lugar na Via Láctea para procurar vida extraterrestre.
"Parece provável uma troca frequente de material entre planetas adjacentes no íntimo sistema TRAPPIST-1," comenta Krijt, autor principal do estudo. "Se algum desses materiais contiver vida, é possível que possam inocular outro planeta com vida."
Para que isso aconteça, um asteroide ou cometa terá que atingir um dos planetas, lançando detritos suficientemente grandes para o espaço e isolando a forma de vida dos perigos da viagem espacial. O material teria que ser expelido rápido o suficiente para romper com a atração gravitacional do planeta, mas não tão rápido que destruísse a forma de vida. E a viagem teria que ser relativamente curta para que a forma de vida pudesse sobreviver.
Os cientistas realizaram várias simulações para TRAPPIST-1 e descobriram que o processo poderia ocorrer ao longo de um período tão curto quanto 10 anos. A maior parte da massa transferida entre planetas, que seria grande o suficiente para que a vida sobrevivesse à irradiação durante a transferência e ao calor durante a reentrada, seria ejetada a uma velocidade apenas ligeiramente superior à velocidade de escape, concluíram.
"Dado que os sistemas planetários íntimos estão sendo detetados com mais frequência, esta investigação fará com que repensemos o que esperamos encontrar em termos de planetas habitáveis e de transferência de vida - não só no sistema TRAPPIST-1, mas também noutros lugares," comenta Fred Ciesla, professor de ciências geofísicas na Universidade de Chicago e coautor do artigo. "Devemos pensar em termos de sistemas de planetas como um todo, e como interagem, e não em termos de planetas individuais."
O primeiro exoplaneta, um planeta em órbita de uma estrela que não o Sol, foi confirmado em 1992. Atualmente, já foram descobertos mais de 3600 exoplanetas, com pelo menos outros 3000 candidatos à espera de confirmação. Além disso, já foram confirmados mais de 600 sistemas exoplanetários múltiplos.
"O campo relativamente novo da exoplanetologia está a explodir e a ser considerado mais seriamente do que nunca," acrescenta Ciesla. "Se tomássemos o Sistema Solar como modelo, nunca teríamos imaginado as coisas que estamos a encontrar, como a descoberta recente de um planeta que orbita dois sóis."
O impulso agora não é tanto descobrir novos planetas, mas sim caracterizá-los, determinar como evoluíram e entender como interagem, salienta Krijt.
Os sistemas exoplanetários servem como laboratórios para ajudar os cientistas a compreender o Sistema Solar, realça Ciesla, observando que 40.000 toneladas de detritos espaciais caem para a Terra a cada ano. "O material da Terra deve também estar flutuando por aí, e é concebível que parte possa estar transportando vida. Algumas formas de vida são muito robustas e podem sobreviver à viagem espacial."
Esta ilustração mostra a possível superfície de TRAPPIST-1f, um dos recém-descobertos planetas no sistema TRAPPIST-1.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
FONTE: http://www.ccvalg.pt
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