É possível que tubarões habitassem a região onde hoje ficam as florestas amazônicas há menos de 23 milhões de anos (Andrea Comas/Reuters/VEJA)
Mar do Caribe invadiu parte das florestas amazônicas, influenciando a biodiversidade antiga e atual, entre 23 milhões e 5 milhões de anos atrás
Algumas partes da Amazônia no Brasil e na Colômbia estiveram submersas pelo mar do Caribe em pelo menos duas ocasiões na antiguidade, informou nesta quarta-feira um grupo de pesquisadores em um artigo publicado pela revista Science Advances. Além da descoberta, os cientistas – que tinham nacionalidades diversas, incluindo brasileiros, colombianos, britânicos e americanos – também encontraram um dente de tubarão e um camarão mantis fossilizados, indicando que, um dia, esses animais podem ter habitado a região.
Segundo os pesquisadores, ambas inundações ocorreram durante o Mioceno, época geológica que ocorreu entre 23 milhões e 5 milhões de anos atrás. Liderada por Carlos Jaramillo, do Instituto Smithsonian de Pesquisas Tropicais do Panamá, e tendo como um de seus membros Carlos D’Apolito Júnior, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), a equipe foi a primeira a estabelecer o período no qual o noroeste da Amazônia ficou sob a água salgada – ainda que, no caso, esta apresentasse uma salinidade menor do que o normal. A informação, para os estudiosos, é essencial para entender como o passado da Amazônia se reflete em sua biodiversidade atual.
A questão da inundação dessas áreas, ocupadas por grandes florestas, é tema de debate entre os cientistas, principalmente por se tratar de um terreno que continua sendo difícil de estudar e que tem poucos dados consistentes disponíveis. Hoje em dia, cerca de 80% da paisagem amazônica está ocupada por florestas nas quais são escassas as inundações, e os 20% restantes são caracterizados por terrenos úmidos.
Para chegar a suas conclusões, Carlos Jaramillo e seus colegas examinaram os núcleos de sedimentos de Llanos, no leste da Colômbia, e as bacias dos rios Amazonas e Solimões, no Brasil, onde foram encontrados 933 microfósseis – sem contar com os fósseis de dente de tubarão e o camarão mantis.
Os resultados dos estudos indicaram que as águas marinhas pouco profundas cobriram a região durante eventos de inundação diferentes, ambos foram relativamente efêmeros.
(Com EFE)
FONTE: REVISTA VEJA
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