Esta sequência de ampliações mostra desde as bolhas quase invisíveis a olho nu até os micro-habitats individuais.
[Imagem: Glen T. Snyder et al. - 10.1038/s41598-020-58723-y]
Vidas congeladas
Cientistas britânicos e japoneses, que estavam estudando o chamado "gelo inflamável" no Mar do Japão, fizeram uma descoberta surpreendente: Existe vida nas bolhas microscópicas de material combustível congelado.
Os micro-habitats são criados por micróbios dentro de pequenas bolhas de óleo e água encontradas nessas placas de gás e gelo.
Ou seja, nas profundezas dos oceanos da Terra, a vida prospera mesmo sob as temperaturas congelantes, a pressões extremamente altas e, aparentemente, usando apenas óleo pesado e água salgada como fonte de alimento.
E não se trata apenas de uma curiosidade biológica: Esta descoberta oferece uma pista importantíssima sobre o potencial de vida em outros planetas e luas do Sistema Solar.
Na lua Europa de Júpiter e Encélado de Saturno parecem existir grandes oceanos congelados de subsuperfície, e essa descoberta aqui na Terra amplia a expectativa de que possa haver algum tipo de vida por lá também, bem como em outros mundos, onde as condições hoje não são catalogadas como "habitáveis".
Vida "alienígena" na Terra
(a) O gelo inflamável, como coletado no fundo do mar. (b) Detalhe de um dos testemunhos de sondagem. (c) Hidrato de metano depois de aquecido e centrifugado para análise, mostrando óleo em cima e os grânulos contendo os micro-habitats embaixo.
[Imagem: Glen T. Snyder et al. - 10.1038/s41598-020-58723-y]
As minúsculas bolhas estão espalhadas dentro de grandes placas de hidrato, conhecidas como "gelo inflamável" - ou hidrato de metano - que se formam quando o gelo retém o metano em sua estrutura molecular.
Tem havido grande interesse na exploração desse material como combustível, com o Japão e a China liderando essas pesquisas.
Glen Snyder e colegas de várias universidades japonesas e do Reino Unido estavam derretendo os hidratos para estudar o gás metano, quando notaram um pó incomum constituído por esferoides microscópicos dotados de núcleos escuros muito peculiares.
Técnicas analíticas permitiram constatar que os núcleos escuros consistem de óleo que estava sendo degradado nos microambientes formados dentro das bolhas do hidrato de metano.
"Sabe-se que o metano [presente] no hidrato de metano forma-se à medida que os micróbios degradam a matéria orgânica no fundo do mar. Mas o que nunca esperávamos descobrir era que os micróbios continuassem a crescer e produzir esses esferoides, durante todo o tempo em que ficaram isolados em pequenas bolsas escuras e frias de água salgada e óleo. Isso certamente muda tudo em relação aos lugares escuros e frios, e revela uma pista tentadora sobre a existência de vida em outros planetas," disse Snyder.
"Isso certamente muda a maneira como penso sobre as coisas. Desde que eles tenham gelo e um pouco de calor, todos aqueles planetas frios e congelados na borda de todo sistema planetário poderiam hospedar micro-habitats minúsculos com micróbios construindo suas próprias 'estrelas da morte' e criando suas minúsculas atmosferas e ecossistemas, como descobrimos aqui," disse o professor Stephen Bowden, membro da equipe.
Bibliografia:
Artigo: Evidence in the Japan Sea of microdolomite mineralization within gas hydrate microbiomes
Autores: Glen T. Snyder, Ryo Matsumoto, Yohey Suzuki, Mariko Kouduka, Yoshihiro Kakizaki, Naizhong Zhang, Hitoshi Tomaru, Yuji Sano, Naoto Takahata, Kentaro Tanaka, Stephen A. Bowden, Takumi Imajo
Revista: Nature Scientific Reports
Vol.: 10, Article number: 1876
DOI: 10.1038/s41598-020-58723-y
FONTE: SITE INOVAÇÃO TECNOLOGICA
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