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Aos 101 anos, morre Katherine Johnson, matemática que ajudou NASA a chegar à Lua



Por Claudio Yuge

Katherine Johnson foi uma das várias cientistas ofuscadas pelas conquistas celebradas pelos homens na história da humanidade. Sem ela, talvez a NASA não conseguisse chegar à Lua com a Apollo 11 em 1969. Ela trabalhou na agência espacial norte-americana entre 1953 e 1969 e seus cálculos foram fundamentais tanto para a primeira viagem de um estadunidense ao espaço, com Alan Shepard, em 1961, quanto para os primeiros passos de Neil Armstrong em nosso satélite natural. Nesta segunda-feira (24), ela morreu aos 101 anos.

A NASA fez questão de destacar seus esforços em uma época em que mulheres e negros sofriam (ainda mais) discriminação no ambiente de trabalho. “A NASA está profundamente triste com a perda de um líder de nossos dias pioneiros, e enviamos nossas mais profundas condolências à família de Katherine Johnson. Katherine ajudou a nossa nação a ampliar as fronteiras do espaço, enquanto fazia grandes progressos que também abriam portas para mulheres e pessoas de cor na busca humana universal de explorar o espaço”, diz o comunicado.



Por conta de seu profissionalismo, Katherine também é lembrada nas próximas missões rumo a Marte e pelo reconhecimento recebido com a Medalha Presidencial da Liberdade, condecoração civil mais importante dos Estados Unidos, concedida pelo Congresso estadunidense pelas mãos do então presidente Barack Obama, em 2015.

“Na NASA, nunca esqueceremos sua coragem e liderança e os marcos que não poderíamos ter alcançado sem ela. Continuaremos a desenvolver seu legado e trabalharemos incansavelmente para aumentar as oportunidades para todos que têm algo a contribuir para o trabalho contínuo de elevar o patamar do potencial humano”, completa a NASA.

Uma menina brilhante

Katherine nasceu no dia 26 de agosto de 1918, em Shite Sulphur Springs, no estado de Virgínia, nos Estados Unidos. Aos dez anos, já cursava o ensino médio e não demorou para entrar para na Universidade Estadual de West Virginia, onde se graduou com mérito em Matemática e Francês, em 1937. Nessa época, trabalhou em uma escola pública para negros.

Nos anos 1950, Katherine enfrentou as severas leis de segregação racial nos EUA. Em 1952, ela conquistou uma vaga na seção de computação da ala oeste (onde trabalhavam os afro-americanos) do Laboratório Langley da NACA — a agência que antecedeu a NASA.



Embora ela não tenha dado muita atenção para esse assunto em específico e até tenha dito não sentir discriminação no trabalho, Katherine tinha que usar uma cafeteira diferente da dos colegas brancos. Katherine não fazia somente cálculos e passou a participar de reuniões com engenheiros, algo inédito para uma mulher e negra, e se tornou uma das lideranças internas.

História virou filme

Katherine foi uma das mulheres negras que formavam uma equipe no Centro de Pesquisa Langley, responsável por calcular a trajetória dos primeiros lançamentos espaciais, operações que hoje são feitas por computadores. "Nos anos 60, os computadores usavam saias", segundo suas palavras.

Quando a NASA começou a usar computadores para a missão em que John Glenn orbitou a Terra pela primeira vez, em 1962, Katherine foi consultada para verificar os números da máquina. "Se ela diz que são bons, então estou pronto para ir", disse o astronauta, segundo lembrou a própria Katherine.


Mary Jackson (Janelle Monae), Katherine Johnson (Taraji P. Henson) e Dorothy Vaughan (Octavia Spencer)
em Estrelas Além do Tempo (Imagem: Divulgação/Fox Films)

Katherine trabalhou no centro Langley até 1989, tempo durante o qual participou de diversos projetos e foi autora e coautora de mais de 20 estudos científicos. Sua trajetória virou parte do livro Hidden Figures, de Margot Lee Shetterly, que foi base para o filme Estrelas Além do Tempo, em que Katherine (vivida Taraji P. Henson) aparece ao lado de duas outras companheiras de anonimato na ciência”, Dorothy Vaughan (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monae).

O longa foi indicado aos prêmios de "Melhor Atriz Coadjuvante", "Melhor Filme" e "Melhor Roteiro" no Oscar de 2017. "Sempre estava cercada de gente que estava aprendendo coisas, eu adoro aprender. Você aprende se quiser", dizia Katherine.



FONTE: NASA via canaltech.com.br

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