A Lua, nosso satélite natural, ganhou uma 'companheira' temporária - ROMOLOTAVANI
David Rothery
The Conversation*
O Minor Planet Center, com sede em Washington, anunciou recentemente que há cerca de três anos "uma segunda lua" orbita a Terra.
Mas, embora haja uma grande euforia diante desta descoberta, é importante ter em mente que este novo satélite natural não é tão impressionante quanto a nossa já conhecida Lua.
E não é por duas razões: porque, de acordo com as medições feitas pelos astrofísicos, trata-se de uma "minilua" com cerca de seis metros de diâmetro, e porque é possível que não fique conosco por muito tempo.
O corpo celeste foi identificado pelos astrônomos Theodore Pruyne e Kacper Wierzchos com o telescópio do Observatório Monte Lemmon, perto da cidade de Tucson, no Arizona, em 15 de fevereiro.
As observações subsequentes permitiram calcular a órbita desta minilua e, em 25 de fevereiro, o Minor Planet Center anunciou que este objeto celeste, chamado 2020 CD₃, estava orbitando a Terra.
O 2020 CD₃ é essencialmente uma pequena amostra dos asteroides que cruzam a órbita da Terra.
Às vezes, esses asteroides chegam perto de colidir com o nosso planeta. Mas, caso isso acontecesse com o 2020 CD₃, não haveria problema, uma vez que, devido ao seu tamanho, se desintegraria na atmosfera antes de atingir o solo.
Visão em perspectiva da órbita do 2020 CD₃ na Terra. A faixa branca é a órbita da Lua - TONY873004
No entanto, em vez de ameaçar a Terra com uma colisão, o 2020 CD₃ escolheu outra maneira de circular pela região: na rota para nosso planeta, ele foi capturado pela gravidade em uma órbita muito mais distante que a do nosso satélite natural, a Lua.
'Miniluas'
De acordo com os cientistas, estas "miniluas" estão constantemente indo e vindo — e o 2020 CD₃ está provavelmente dando uma de suas últimas voltas antes de ser liberado da força gravitacional da Terra.
Um estudo sugere que a qualquer momento a Terra tem a possibilidade de ser acompanhada por uma "minilua" de tamanho maior que um metro, que dará pelo menos uma volta no planeta antes de seguir seu curso.
Nenhum desses corpos permanece muito tempo, devido à interferência gravitacional da nossa Lua, e inclusive do Sol, o que faz com que a órbita destes objetos não seja estável.
Mas também é difícil prever a órbita das "miniluas". Devido ao seu tamanho, elas são influenciadas pela força produzida pela radiação solar e, por enquanto, sabemos muito pouco sobre as dimensões e formas dos corpos celestes para poder calcular as órbitas com precisão.
Outro visitante anterior, chamado 2006 RH₁₂₀, deu várias voltas na Terra entre setembro de 2006 e junho de 2007, antes de continuar sua caminhada pelo espaço.
Agora ele está mais perto do Sol, mas retornará à Terra em 2028.
A órbita do asteroide 2016 HO3 em relação ao Sol (grandes voltas) e em relação à Terra (pequenas voltas) - NASA/JPL-CALTECH
Outros objetos que foram chamados de "luas" da Terra são, na verdade, objetos que orbitam o Sol, mas o fazem na mesma trajetória da Terra.
Estes são conhecidos como "quase satélites" da Terra.
Um deles, o 1991 VG, parece ter completado pelo menos uma volta na Terra em 1992 e poderá repetir o feito no futuro.
Portanto, mesmo que nossa "segunda lua" 2020 CD₃ seja uma descoberta recente interessante, não espere uma colisão catastrófica ou caminhadas noturnas mais iluminadas à luz do luar.
Embora, pelo menos por um tempo, nossa lua principal vá ter a companhia de um primo muito pequeno.
*David Rothery é professor de geociências planetárias na Open University. Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês) do texto.
FONTE: BBC BRASIL
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