Por Patrícia Gnipper
Anteriormente, a ideia era retomar a visitação humana à Lua em 2028. No início do ano, o governo dos Estados Unidos pressionou a NASA, que então teve de antecipar esses planos para o ano de 2024. Só que o foguete Space Launch System (SLS), essencial para essa missão que engloba o retorno à Lua para que possamos ir depois a Marte, ainda não está exatamente pronto, e muita gente tem duvidado que a agência espacial conseguirá cumprir essa promessa dentro de menos de cinco anos. Agora, a NASA começou a detalhar esse plano para mostrar como realizará este feito.
Durante uma reunião conjunta do Space Studies Board e do Aeronautics and Space Engineering Board, que aconteceu no dia 30 de abril nos EUA, Bill Gerstenmaier, administrador associado da NASA, delineou o atual pensamento da agência para mostrar como ela será capaz de levar mais uma vez pessoas ao satélite natural da Terra — e dentro do cronograma atual.
Gerstenmaier explica que três lançamentos são exigidos para o SLS antes do envio de astronautas à Lua, começando com a missão Exploration Mission 1 (EM-1), que já está em desenvolvimento. Ainda não se sabe se a NASA realizará um teste específico com o estágio central do SLS, que exigiria meses para tal, ou se será seguro pular esse teste em questão — um painel de segurança da própria agência recomendou que o teste seja realizado, mas Gerstenmaier levantou a alternativa de fazer uma versão mais simples, e portanto mais rápida, do mesmo tipo de teste.
Conceito do SLS sendo lançado (Imagem: NASA)
Gerstenmaier afirma que, na melhor das hipóteses, a EM-1 acontecerá no final de 2020, mas é provável que isso só aconteça mesmo em 2021. Já a EM-2, que visa um primeiro voo de teste tripulado, seria realizada em 2022, enquanto a EM-3, testando o envio da nave Orion com o SLS para a órbita da Lua, aconteceria depois disso. Então, em 2024 será realizado o primeiro voo de astronautas à Lua desde o fim do programa Apollo na década de 1970.
A agência espacial confirma que está buscando na iniciativa privada o desenvolvimento de módulos lunares capazes de fazer o transporte dos astronautas da Orion, na órbita lunar, para a superfície — e de lá de volta à nave. Não que a própria NASA não seja capaz de construir esses sistemas tecnicamente falando, pois já o fez na época das missões Apollo, mas para cumprir o cronograma que prevê isso acontecendo em 2024, a opção viável é contar com as empresas parceiras nesse desenvolvimento, já que o tempo, neste caso, é um inimigo — além de, claro, questões orçamentárias que também impedem que a própria NASA desenvolva e construa esses módulos de pouso em tempo.
O plano também antecipa o lançamento de uma versão mínima da estação Gateway, que ficará na órbita da Lua e será essencial para o programa Moon to Mars. O primeiro módulo para a construção da estação lunar deverá ser lançado no final de 2022.
Já quanto à confecção de novos trajes espaciais para que os astronautas saiam em segurança da Orion e pousem na Lua, Gerstenmaier diz que "para o pouso inicial de 2024, isso será bastante espartano", indicando que os astronautas precisarão ser verdadeiros guerreiros nessa primeira nova missão exploratória lunar. Não que eles vestirão trajes inseguros ou incompletos, mas o provável é que esses primeiros trajes sejam criados com os recursos mínimos necessários para funcionar, sem grandes aprimoramentos.
Ainda, Gerstenmaier diz que, neste primeiro pouso de 2024, "não haverá muito tempo na superfície", com esta missão sendo bem "minimalista" (em suas próprias palavras) por conta de "restrições" diversas. Então, podemos esperar a humanidade retornando presencialmente à Lua dentro de alguns anos, mas essa primeira missão de 2024 não será cientificamente tão gloriosa como desejamos, já que servirá, na verdade, para reabrir a "porta" da Lua, com missões futuras, aí sim, garantindo nossa presença constante por lá.
O custo da missão de 2024, contudo, não foi discutido no evento. Jim Bridenstine, administrador da NASA, declarou anteriormente que enviaria uma proposta de orçamento ao governo no dia 15 de abril, mas essa proposta ainda não foi entregue ao Congresso. Gerstenmaier diz que, "neste momento, estamos no processo de criar uma apresentação convincente que mostre detalhes suficientes tecnicamente falando", e nas próximas semanas tudo isso deve ser apresentado de maneira oficial.
FONTE: Space News via canaltech.com.br
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