
Por Patrícia Gnipper
Pesquisadores de Harvard acabam de publicar um estudo indicando que uma complexa teoria de física quântica pode ser explorada com o objetivo de se criar telescópios futuristas enormes e de altíssima resolução — e os confins do universo poderão, no futuro, serem observados por meio do teletransporte quântico.
O termo "teletransporte", na verdade, pode ser substituído pelo "entrelaçamento", que seria mais correto. Mas a verdade é que o entrelaçamento funciona basicamente como um teletransporte: um par de partículas quânticas se "emaranham" entre si de maneira que tudo o que acontece com uma, também acontece com a outra, mesmo se elas estiverem fisicamente distantes.
Mas e como isso se aplica aos telescópios? Bom, com a tecnologia atual, o maior telescópio que somos capazes de construir são como o Very Large Telescope, que tem 40 metros de diâmetro e custa um bilhão de dólares. É possível criar telescópios maiores colocando espelhos menores em grupos que são chamados de "matrizes", mas esses grupos têm um limite de tamanho para que não aconteça perda de dados (o que é chamado de "ruído"). E esse limite é de algo em torno do equivalente a um espelho de 330 metros — e um investimento de alguns bilhões de dólares.
Só que, com a ajuda da tecnologia quântica, telescópios verdadeiramente grandes podem ser o próximo passo. No momento, de acordo com a nossa limitada compreensão da computação quântica, a gente simplesmente não tem como lidar com o astronômico fluxo de fótons entrelaçados disparados para o espaço no caso de um telescópio quântico. E é aí que entra o novo estudo de Harvard: basicamente, o trabalho indica que, ao explorar o fenômeno da "memória quântica", o número de fótons emaranhados necessários para um telescópio quântico funcionar é muito menor.
A equipe sugere que um conjunto de telescópios quânticos poderia ser desenvolvido com um tamanho equivalente a 30 quilômetros (100 vezes maior do que os padrões atuais), mas, para isso ser possível, ainda é preciso aguardar por mais avanços na evolução do hardware voltado à computação quântica. Quando chegarmos lá, a ótica do telescópio será maior e com mais resolução, e tudo isso usando materiais não tão caros.
Então, a gente fica aqui no aguardo desse futuro que esperamos que não esteja muito distante, para podermos revelar ainda mais cantinhos obscuros do nosso universo, teletransportando imagens de lá para cá graças à ainda controversa física quântica.
Emaranhamento quântico:
FONTE: canaltech.com.br - Canal USP
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